Linha do Tempo Embrapa 50 anos ENTRAR

Anos 70

O conhecimento do solo

Em 7 de dezembro de 1972, o então presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, sancionou a Lei nº 5.851, que autorizava o Poder Executivo a instituir uma empresa pública, sob a denominação de Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura. O ato de instalação da Empresa aconteceu em 26 de abril de 1973.

Na década de 70, a construção da infraestrutura da Embrapa foi acompanhada do investimento em recursos humanos. Em setembro de 1974, havia 273 pesquisadores em cursos de mestrado, sendo 20 no exterior. Dos 44 pesquisadores em doutorado, 19 estavam fora do País. Ao todo, apenas naquele ano, eram 317 pesquisadores adquirindo conhecimentos para estabelecer e ampliar as bases científicas da pesquisa brasileira.

Além da construção da infraestrutura inicial da Embrapa e da seleção e preparo de seu quadro de pessoal, os anos 70 foram marcados pela ampliação do conhecimento sobre os solos do Brasil, o que viabilizou o nascimento de uma agropecuária tropical que, anos mais tarde, se tornaria a mais importante do mundo

 
  • Livro Preto

    Os alicerces da Embrapa foram sedimentados em um documento de 91 páginas, o Livro Preto, que continha um diagnóstico da situação da pesquisa agropecuária no País e apontava soluções e encaminhamentos legais necessários. Apresentado em junho de 1972, foi elaborado por um grupo de trabalho constituído pelo então ministro da Agricultura, Luiz Fernando Cirne Lima. Acesse o Livro Preto.

 
  • Herança

    Em 1973, a Empresa herdou do Departamento Nacional de Pesquisa e Experimentação (DNPEA) 92 bases físicas: 9 sedes dos institutos regionais, 70 estações experimentais, 11 imóveis e 2 centros nacionais. Com a desativação do DNPEA, a Embrapa iniciava a sua fase operativa, passando a administrar o sistema de pesquisa agropecuária no âmbito federal.

 
  • Pioneiros

    O primeiro presidente da Embrapa foi o economista e advogado José Irineu Cabral. Os primeiros diretores, os agrônomos Eliseu Roberto de Andrade Alves, Edmundo da Fontoura Gastal e Roberto Meirelles de Miranda, logo substituído por Almiro Blumenschein. Acesse a galeria de presidentes.

 
  • Solo e clima

    O ano de 1973 marca o auge do "milagre econômico" brasileiro, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 14%. No campo, a situação é diferente. Com características próprias de solo e clima, o País precisa adaptar tecnologia externa para aproveitá-la. Além disso, faltava gente especializada para desenvolver a agropecuária nacional.

 
  • Novas fronteiras

    No início da década de 1970, a inclusão dos fertilizantes na agricultura brasileira viabilizou a exploração agrícola contínua numa mesma área, reduzindo a necessidade de derrubar florestas, além de abrir novas fronteiras para a produção de grãos, como no caso do Cerrado. Saiba mais sobre a trajetória da agricultura brasileira.

 
  • Bancos de Germoplasma

    Em 1977 foi criada a Rede de Bancos de Germoplasma ex-situ e in-situ onde são preservadas plantas e animais para que suas características genéticas possam ser empregadas futuramente.

Anos 80

A conquista do espaço rural brasileiro

A Embrapa se consolida no cenário da agricultura nacional como fonte de inovação. Em meio ao processo de redemocratização e aos períodos de crise econômica, o Governo Federal continua apoiando a Empresa com investimentos crescentes.

A pesquisa agropecuária, irmanada com a assistência técnica e a extensão rural, promove o surgimento de soluções para o desenvolvimento do espaço rural, que assim ganha maior dimensão e entra em uma nova fase.

Como resultado desse esforço conjunto, a oferta de leite, couro, pele, embutidos, queijo e ovos aumenta consideravelmente. O mesmo ocorre com hortaliças, frutas, flores, fibras e essências florestais. Por outro lado, os custos de produção vão diminuindo ao longo da década.

E assim, o Brasil começa a inverter a condição de importador de alimentos e se torna o maior produtor mundial de álcool, café, cana-de-açúcar e laranja, e segue o caminho que o levou a ser, hoje, uma peça fundamental no mercado mundial de alimentos, fibras e energia.

 
  • Cultivares para o Cerrado

    O Cerrado conhece o desenvolvimento de cultivares adaptadas às suas condições de clima e solo, como as de soja, associadas a novas técnicas de manejo do solo. Responsável por 20% da produção nacional da oleaginosa em 1980, a região dobraria a participação na década de 1990. Hoje, a fatia ultrapassa os 50%.

 
  • Milho melhorado

    A produtividade do milho e sua qualidade nutricional e agronômica pode ser adaptada em muitas regiões, com o melhoramento do manejo e novas cultivares. O BR 201 é o primeiro híbrido duplo nacional de alta tolerância a solos ácidos; o BR 106, de polinização aberta, traz maior produtividade aos pequenos produtores; e o BR 451 tem melhor valor nutritivo e proteico.

 
  • Pecuária produtiva

    Tecnologias introduzidas na pecuária aumentaram a produtividade da carcaça bovina. Melhoramento genético das raças dos animais, sanidade, manejo, instalações e, especialmente, plantas forrageiras melhoradas geneticamente,para suportar mais animais numa mesma área e diminuir o tempo de entressafra, proporcionaram maiores ganhos aos produtores.

 
  • Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN)

    A Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) é o processo por meio do qual alguns gêneros de bactérias captam o nitrogênio presente no ar, tornando-o assimilável pelos vegetais. Essa verdadeira fábrica biológica é capaz de suprir as necessidades das plantas, substituindo parcial ou totalmente a adubação nitrogenada, com maior rendimento, melhor fertilidade do solo e menor emissão de gases de efeito estufa.
    A pesquisa agropecuária brasileira já identificou dezenas dessas bactérias, capazes de fornecer nitrogênio a plantas como a soja, o feijoeiro, a alfafa, o amendoim forrageiro, a algaroba, entre outras. Mas o exemplo de maior impacto econômico para o país é o da soja. A FBN está em 100% dessa cultura no Brasil.
    Pode-se afirmar que o sucesso da soja no país está relacionado ao processo de fixação biológica, realizada por bactérias fixadoras de nitrogênio no solo ou adicionadas via inoculantes. A adoção da tecnologia nessa cultura gera uma economia anual de 15 bilhões de dólares e redução de 6 milhões de toneladas de nitrogênio.
    Outro exemplo importante da utilização da tecnologia é nas lavouras de feijão. A inoculação com bactérias selecionadas pela pesquisa tem resultado em rendimentos com o dobro da média nacional, o que pode gerar uma economia anual de 500 milhões de dólares.
    A tecnologia também está sendo empregada em outras culturas como milho, trigo, arroz, amendoim forrageiro, algaroba etc.
    A grande pioneira na realização de pesquisas na fixação biológica de nitrogênio na Embrapa foi a agrônoma de origem tcheca e naturalizada brasileira Johanna Döbereiner, que atuou na Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ). Suas pesquisas com a bactéria Rhizobium revolucionaram e aprimoraram a soja tropical brasileira quando poucos cientistas acreditavam que a fixação biológica de nitrogênio.
    Em 2012, a pesquisadora Mariângela Hungria da Cunha, da Embrapa Soja (Londrina, PR), discípula de Johanna Döbereiner, foi agraciada com o Prêmio Frederico de Menezes.
    Acesse a página especial sobre FBN.

 
  • Tropicalização de culturas

    A uva extrapola os limites do Sul do País e chega ao Semiárido nordestino. A pesquisa busca aumentar a produtividade e baixar os custos de produção das lavouras de trigo no Centro-Sul e no Cerrado, contribuindo para o desenvolvimento da economia regional e a melhoria das condições de vida da população.

 
  • Sumário de touros testados

    Genética de qualidade acessível a todos produtores. Melhoramento genético bovino com sêmen certificado era realidade possível a poucos pecuaristas. A metodologia para testes da progênie dos touros de leite e de corte, criada pela Embrapa, quantificou a capacidade produtiva transmitida por cada touro, e os Sumários, daí decorrentes, permitiram a qualquer produtor adquirir sêmen de qualidade certificada, promovendo efetivo melhoramento genético do seu rebanho.

 
  • Produção Irrigada: estabilidade na produção, fim das crises de abastecimento

    A consolidação dos sistemas de produção sob irrigação, sobretudo no Centro-Oeste e no Nordeste, trouxe a estabilidade na produção de grãos, frutas, flores, hortaliças, fibras e até mesmo leite, encerrando o ciclo das crises de abastecimento. Mais que isto, garantiu a produtividade da safrinha e viabilizou a terceira safra no período seco, fazendo do Brasil um exportador de alimentos.

 
  • Vinho Nacional

    Em 1986 lançada a primeira levedura nacional para elaboração de vinhos: levedura 20B. Essa levedura beneficiou as indústrias brasileiras, diminuindo a necessidade de importações de leveduras selecionadas. Até 1984, as leveduras utilizadas no Brasil eram totalmente importadas, Hoje o Brasil conta com várias outras leveduras lançadas pela Empresa.

 
  • Alternativas energéticas

    Década em que a Embrapa inicia trabalhos em pesquisas com microdestilaria e, biodigestores. Merece destaque o Sistema Rural de Bioenergia desenvolvido para demonstrar a exequibilidade técnica e econômica de se produzir álcool para auto-consumo em qualquer região do país. Saiba mais.

 
  • Manejo Integrado de Pragas: vespa-da-madeira

    O programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP) tem mantido a vespa-da-madeira, principal praga de plantios de pinus no país, sob controle, desde 1988, evitando um prejuízo de cerca de U$ 25 milhões anuais ao setor de base florestal. O MIP utiliza técnicas silviculturais para a prevenção e o controle biológico que não provocam qualquer impacto negativo ao ambiente.

Anos 90

A Embrapa no cenário mundial

A Embrapa sempre manteve um forte programa de pós-graduação, enviando pesquisadores a vários países. O bom desempenho dos estudantes, aliado ao amplo intercâmbio com universidades e centros de excelência científica internacionais em agropecuária, contribuíram para que a Embrapa se tornasse um centro de ciência e tecnologia de destaque, o que mais tarde resultaria na criação e consolidação do programa Labex - Laboratório Virtual da Embrapa no Exterior. O primeiro deles foi criado em 1998, nos Estados Unidos.

Esse caminho para o exterior foi muito importante para os avanços apresentados pela Embrapa e seus parceiros na fronteira da pesquisa agropecuária entre os anos 1990 e 2000, como a estruturação de bancos de germoplasma animal e vegetal e o desenvolvimento do primeiro clone bovino da América Latina.

A pesquisa agropecuária brasileira nos anos 90 também buscou soluções para os problemas da monocultura e agregou prioridades de trabalhos com meio ambiente, qualidade dos alimentos, bem-estar da sociedade e desenvolvimento de sistemas agroindustriais. Nessa fase, a Embrapa criou os centros de Agroindústria Tropical, Agroindústria de Alimentos e Meio Ambiente.

 
  • Germoplasma

    O intercâmbio de germoplasma impulsionou os programas de melhoramento genético de plantas da Empresa, proporcionando a obtenção de cultivares de soja, milho, arroz, feijão, hortaliças e frutíferas adaptadas às condições de clima brasileiro e altamente produtivas.

 
  • Arroz e Feijão

    Destacam-se, ainda, lançamentos de diversas cultivares de arroz e feijão, com ciclo de desenvolvimento precoce, alta qualidade de grãos e resistência à seca e às principais doenças, com contribuição para os produtores e intensificação dos sistemas produtivos locais.

 
  • Algodão

    Em parceria com produtores e outras instituições, a Embrapa modernizou a cultura do algodão em todo o País, com destaque para os Cerrados. Foram lançadas cultivares que permitiram obter um produto de alta qualidade e competitividade internacional.

 
  • Suíno Light

    Em 1997 chegava ao mercado o Macho Suíno Sintético 60 (MS-60). Desde então, o suíno light desenvolvido pela pesquisa agropecuária brasileira permitiu que produtores de todo o país tivessem acesso a um animal que atendia às novas exigências do mercado quanto ao alto teor de carnes magras e pouca gordura. O novo suíno apresentava percentual de carne na carcaça acima de 60%, reduzida espessura de toucinho, excelente concentração de carne no pernil, lombo, e paleta, além de atingir peso de abate em menor tempo. Um destaque especial para o Embrapa MS-60 era o fato de ser livre do gene halotano (HalNN), o que conferia maior resistência ao estresse e capacidade de produzir carne de melhor qualidade.

 
  • Cenoura Brasília

    Cultivar desenvolvida para produção nos meses de verão, principalmente nas regiões do Planalto Central, Nordeste e Norte do País. Veio preencher uma lacuna no abastecimento do mercado causada pela escassez do produto nos meses de fevereiro a abril

 
  • Pólo de fruticultura no semiárido nordestino

    As pesquisas e tecnologias geradas na instituição viabilizaram o desenvolvimento do maior pólo de fruticultura irrigada do País, no Submédio do Vale do São Francisco, responsável pela exportação de 91% da manga e 98% da uva produzida no Brasil. Com técnicas de plantio, manejo e irrigação, é possível produzir no Semiárido em todas as épocas do ano e exportar frutas tropicais de qualidade para o mundo inteiro.

 
  • Softwares para manejo florestal

    Em 1995 foram lançados os primeiros softwares para simulação de manejo florestal e análise econômica de plantios de pínus. Esses sistemas deram base a uma série de softwares simuladores de manejo de plantios florestais de diversas espécies, inclusive com cálculo de sequestro de carbono em ILPF. Esses softwares são amplamente utilizados no país.

 
  • Marca Embrapa

    Em 1996, como resultado da implantação de sua Política de Comunicação, a Embrapa mudou a sua logomarca, substituindo a antiga, composta por vários elementos, por uma marca mais simples e moderna, escolhida pelos empregados da Empresa em votação direta. Também foi definida uma nova identidade visual para a empresa e criadas assinaturas síntese para suas Unidades de Pesquisa, em substituição às siglas até então utilizadas. Saiba mais.

 
  • Sistema Plantio Direto

    O Sistema Plantio Direto diminui os efeitos da erosão, melhora os atributos do solo, a conservação de água e o sequestro de carbono, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa. Isso porque não há revolvimento do solo antes do plantio, o que garante cobertura com restos vegetais das culturas anteriores ou de plantas vivas. O sistema conta ainda com a rotação de culturas, que consiste na organização sequencial das espécies em épocas adequadas, o que pode minimizar problemas com pragas, aumentar receitas e contribuir para a fertilidade natural dos solos, por resultar num melhor equilíbrio da vida microbiana. Ao longo da década de 1990 a área com Sistema Plantio Direto no Brasil cresceu vertigionosamente. O Brasil é líder mundial no uso do sistema, que ocupa mais da metade de sua área plantada, e aposta na sua adoção como um componente importante para a sustentabilidade na agricultura. Veja a evolução do Sistema no Brasil.

Anos 2000

A revolução tecnológica

Os anos 2000 foram uma fase de grandes transformações, como a revolução tecnológica, a globalização com a abertura de mercado e a força do consumidor. Para a Embrapa, foi o momento de se posicionar definitivamente na fronteira do conhecimento científico, assumindo um papel cada vez mais importante no cenário internacional.

No caso da biotecnologia, poucos fatos foram tão emblemáticos quanto o nascimento da bezerra Vitória, o primeiro clone bovino da América Latina, em 17 de março de 2001. Da raça simental, Vitória foi gerada na Fazenda Sucupira (Brasília, DF), utilizando-se praticamente o mesmo método que deu origem à ovelha Dolly, o primeiro animal clonado do mundo, apresentado em 1997.

Outras conquistas da biotecnologia nesse período foram o sequenciamento do genoma do café e o desenvolvimento do feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, cujo cultivo comercial viria a ser aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2011.

 
  • Zoneamento Agrícola

    Além dos benefícios ambientais, o zoneamento agroclimático trouxe uma redução significativa nos gastos com seguros agrícolas. O zoneamento é elaborado para minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.

 
  • Inclusão Produtiva

    A pesquisa agropecuária também busca soluções para erradicar a pobreza e incluir a agricultura familiar no setor produtivo. O Sistema Embrapa de Planejamento contempla o desenvolvimento de projetos direcionados especificamente para o estrato de produtores familiares. Intensificou-se o esforço para que o conhecimento gerado pelo Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária chegasse aos produtores e fosse utilizado por eles.

 
  • Fronteira da ciência

    Em nanotecnologia, um dos grandes marcos foi o lançamento da Língua Eletrônica, que permite, a um custo baixo, avaliar o paladar de café, vinho, leite e outras bebidas, além de verificar a qualidade da água. Em biotecnologia, a pesquisa agropecuária desenvolveu marcadores moleculares que detectam a capacidade genética das plantas de resistirem às principais pragas e doenças com rapidez e especificidade.

 
  • Agricultura de Precisão

    É um sistema de manejo integrado de informações e tecnologias que resulta no uso racional de máquinas, insumos e recursos para definir o manejo mais adequado de culturas anuais e perenes. Equipamentos altamente sofisticados permitem manejar o uso de fertilizantes e corretivos, minimizar o uso de herbicidas e outros produtos químicos.

 
  • Alimentos Biofortificados

    Mais do que uma simples fonte de nutrientes, a alimentação passou a ser uma aliada na prevenção de doenças. Nos anos 2000, a pesquisa desenvolveu uma série de produtos nessa linha, como cultivares de mandioca e batata-doce com maiores teores de pró-vitamina A e arroz, feijão e feijão-caupi mais ricos em ferro e zinco.

 
  • Sisteminha Embrapa

    Tecnologia social, promove a produção de alimentos em pequenos espaços em áreas urbanas ou rurais. Já retirou milhões de pessoas da situação de fome. Aprimorada recentemente para apoiar empreendedorismo e desenvolvimento comunitário: Sisteminha Comunidades.

 
  • Nanotecnologia na agropecuária

    As pesquisas em nanotecnologia na agropecuária avançaram muito nas últimas décadas, especialmente no que se refere ao desenvolvimento de embalagens biodegradáveis que aumentam a vida de prateleira dos alimentos, como o morango, ovo e outras frutas de importância socioeconômica. Esses revestimentos de origem vegetal, como a cera de carnaúba, por exemplo, formam uma barreira contra a perda de umidade, troca de gases e ação microbiana.

    Outra frente da nanotecnologia é o uso de nanopartículas bioestimulantes para melhorar o desempenho de culturas agrícolas, elevando a taxa de fotossíntese e otimizando o aproveitamento de água e o uso de nutrientes pelas plantas.

    A Embrapa tem investido também no desenvolvimento de fertilizantes à base de hidrogel, capaz de reunir em um único produto água e nutrientes para fazer a liberação de nutrientes de forma gradual nas lavouras. Seu uso reduz as perdas geradas por carreamento, que provocam impactos ambientais e financeiros. Além disso, a tecnologia é um modo de aumentar os intervalos de irrigação, uma vez que a água também é liberada aos poucos pelo produto, promovendo manejo hídrico mais eficiente e reduzindo custos.

    Pesquisas têm sido conduzidas também para uso de nanopartículas e nanofibras para controlar doenças em animais de importância para a agropecuária.

 
  • Algodão Colorido

    Pesquisadores da Embrapa, por meio de melhoramento genético, desenvolveram o algodão colorido, um produto diferenciado para o mercado de consumo natural, que respeita o meio ambiente, a saúde do homem do campo e o consumidor. O algodão colorido existe na natureza há muitos anos. Ele é tão antigo quanto o algodão branco e muitas espécies nativas foram encontradas em escavações no Peru e no Paquistão há mais de 4.500 anos. Mas esse tipo de algodão tinha fibras curtas e fracas, que não serviam para a fabricação de fios e tecidos. Os pesquisadores da Embrapa, então, trabalharam em pesquisas de melhoramento genético do algodão colorido para conseguir uma pluma colorida que pudesse ser aproveitada na indústria têxtil. Para dar mais resistência e aumentar o comprimento dessas fibras, os pesquisadores fizeram o cruzamento de cultivares de algodão de fibra branca de boa qualidade com tipos silvestres, existentes na natureza, de qualidade inferior, mas que tinham a fibra colorida.

    Após anos de estudos, foram lançadas cinco variedades em diferentes tonalidades que vão do verde-claro aos marrons: claro, escuro e avermelhado. A primeira foi a BRS 200 Marrom, lançada em 2000; em seguida veio a BRS Verde, em 2003; e a BRS Safira e a BRS Rubi, ambas em 2005; e por último, a BRS Topázio, lançada em 2010. E os pesquisadores da Embrapa continuam trabalhando para desenvolver novas tonalidades de algodão colorido.

    Após anos de estudos, foram lançadas cinco variedades em diferentes tonalidades que vão do verde-claro aos marrons: claro, escuro e avermelhado. A primeira foi a BRS 200 Marrom, lançada em 2000; em seguida veio a BRS Verde, em 2003; e a BRS Safira e a BRS Rubi, ambas em 2005; e por último, a BRS Topázio, lançada em 2010. E os pesquisadores da Embrapa continuam trabalhando para desenvolver novas tonalidades de algodão colorido.

    As variedades naturalmente coloridas pesquisadas pela Embrapa dispensam o uso de corantes químicos, por isso não poluem o meio ambiente e ainda representam uma economia de cerca de 70% de água no processo de acabamento do tecido. Em geral, o algodão colorido também é produzido de forma orgânica, sem o uso de insumos e fertilizantes químicos. Renda para agricultores e artesãos A partir dessas diferentes tonalidades de fibra, são confeccionadas roupas, acessórios e artesanatos. Isso possibilitou a articulação de uma cadeia produtiva que vem contribuindo para a sustentabilidade da agricultura familiar e do artesanato na região Nordeste.

 
  • Selegen

    Lançamento do software Selegen: Software estatístico desenvolvido para subsidiar o melhoramento genético de espécies florestais. Praticamente todas as empresas usaram este software em seus programas de melhoramento, que também pode ser usado para outras espécies vegetais perenes ou semi-perenes e animais, em que a seleção de indivíduos prevalece sobre a seleção de grupos de indivíduos.

 
  • Cooperação

    A partir dos anos 2000, países em desenvolvimento passaram a buscar informações e apoio para a transferência de tecnologias da Embrapa. Assim, foram criadas representações da Empresa na África, na Venezuela e na América Central.

De 2010 até 2023

Sustentabilidade: pré-requisito para o desenvolvimento agrícola

O Brasil figura entre as maiores economias e é peça-chave no agronegócio global. O País é referência na geração de tecnologias agrícolas tropicais, e tem a missão de atender a parte da crescente demanda de alimentos, fibras e energia pela sociedade.

Por outro lado, há o imenso desafio de produzir com sustentabilidade, compromisso traduzido em metas quantitativas de redução de emissões de gases de efeito estufa propostas durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 15), em 2009 e atualizadas durante a Cop 16, realizada em 2022.

Diante disso, a pesquisa agropecuária vem desenvolvendo e aperfeiçoando sistemas de produção não só mais eficientes, como mais sustentáveis econômica, ambiental e socialmente, tais como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e os sistemas agroflorestais.

Têm sido intensificadas, ainda, as pesquisas sobre tecnologias prestadoras de serviços ambientais e ecossistêmicos, como sequestro de carbono pelo solo e pelas plantas e melhoria da qualidade da água.

 
  • Gestão ambiental territorial

    Novas geotecnologias, como o sensoriamento remoto e o geoprocessamento, são ferramentas que ajudam a determinar o local exato, em todas as regiões brasileiras, onde cada atividade agrícola pode expressar a máxima capacidade produtiva de maneira sustentável, subsidiando a formulação de políticas públicas.

 
  • Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)

    É uma estratégia de produção sustentável, que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais na mesma área em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação. O solo permanece produtivo por mais de 90% do ano. Busca efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema e gera mais emprego e renda no campo, além de qualidade ambiental.

 
  • Agroenergia

    É uma alternativa aos combustíveis fósseis, que não são renováveis e agridem o ambiente. Biocombustíveis originados da atividade rural, como o etanol de 2ª geração (a partir do bagaço e da palha da cana) e o óleo de dendê, da macaúba e de pinhão manso são pesquisados para aumentar a renda no campo e reduzir a emissão de gases de efeito estufa e os efeitos das mudanças climáticas.

 
  • Bezerra Brasília

    A bezerra “Brasília da Cerrados”, nascida no dia 23 de abril de 2013, na Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), não é um clone convencional, cujo desenvolvimento se dá a partir de células embrionárias ou de pele. A bezerrinha é a primeira experiência bem-sucedida de clonagem de bovino a partir de células de tecido adiposo (gorduras) de um animal nascido. De acordo com a equipe, a bezerra Brasília motiva a continuação dos trabalhos, que buscam o objetivo de clonar animais transgênicos para a produção de proteínas de interesse humano, como a insulina, que possam ser liberadas a partir do leite bovino.

 
  • Arca de Noé em tempos modernos

    Inaugurado em 2014, o Banco Genético da Embrapa abriga um conjunto de coleções de recursos genéticos animais, vegetais e de microrganismos, conservando milhares de espécies nativas e exóticas de importância para a agricultura e a alimentação. É o maior banco genético do Brasil e um dos acervos mais importantes do mundo com uma capacidade de armazenamento de até 900 mil amostras. Atualmente, são cerca de 119 mil acessos vegetais (1.117 espécies), 28 mil acessos animais (35 espécies) e sete mil linhagens de microrganismos (327 espécies), mantidos em baixas temperaturas e sob proteção, pela importância que representam para a conservação e preservação dos recursos genéticos da diversidade biológica. O material conservado é capaz de gerar novos exemplares de cada uma das espécies armazenadas, o que garante o desenvolvimento de novas pesquisas e a segurança alimentar das futuras gerações.

 
  • Aquicultura

    Na última década, a produção de organismos aquáticos no Brasil deu um salto. Graças à pesquisa, piscicultores superaram um importante desafio: saber o sexo de pirarucus e tambaquis ainda jovens (alevinos), os peixes nativos mais importantes de cultivo. Isso é possível hoje, por meio da análise de marcadores genéticos. Doenças específicas dessas espécies começaram a ser estudadas e protocolos de prevenção e controle foram elaborados.

    O peixe mais cultivado no país, a tilápia, ganhou material de referência produzido no Brasil. Antes disso, esses padrões, que aferem a qualidade da carne do peixe e de suas rações, eram importados e caros.

    Aquaplus: ferramentas que traçam o perfil genético de reprodutores foram desenvolvidos para o tambaqui, a tilápia e o camarão marinho, identificando a pureza, evitando cruzamentos consanguíneos e indicando os reprodutores mais adequados.

    O setor ganhou o Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura (Ciaqui), com pesquisas de mercado que subsidiam a produtores, gestores públicos e pesquisadores sobre a aquicultura brasileira.

    Um sistema georreferenciado de inteligência territorial estratégica, o SITE-Aquicultura, já está disponível. Ele traz um mapa completo sobre a localização dos atores das cadeias produtivas e dos recursos disponíveis em todo o País.

    Na área ambiental, pesquisas avançam sobre a lotação adequada dos reservatórios (capacidade de suporte da aquicultura) e sobre a determinação das exigências nutricionais por espécie e para cada fase de cultivo. O gerenciamento hídrico em frigoríficos tem promovido a economia de milhões de litros de água e otimizado custos.

 
  • Efeito poupa-terra

    O aumento da produtividade evita a abertura de novas áreas para lavouras. Resultado do uso de práticas sustentáveis na agropecuária, garante aumento de produtividade, sem expansão da área agrícola. Tecnologias como os sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta (ILPF), o sistema de plantio direto, a fixação biológica de nitrogênio (FBN) e o uso de bioinsumos estão entre as soluções que levaram a esse resultado.

    Estudo da Embrapa, que reuniu dados desde a década de 1970, aponta que somente no caso da soja, essas soluções tecnológicas geraram uma economia de áreas plantadas superior a 70 milhões de hectares. Sem a ciência, a leguminosa teria de ocupar uma área 195% maior para gerar a produção atual.

    No caso da avicultura de corte e da produção de suínos, o progresso tecnológico, levou à economia de 1,55 milhão e 1 milhão de hectares, respectivamente.

    O efeito poupa-terra também foi registrado na produção de frutas e de algodão. No caso da fruticultura, o aumento de produtividade de 64%, entre a década de 1990 e o ano de 2018, poupou uma área superior a 900 mil hectares. Com o algodão, em cerca de quatro décadas, a produção mais do que triplicou enquanto a área cultivada encolheu a menos da metade. Entre os anos de 1976 e 2019, a produção saltou de 1,2 milhão para 4,3 milhões de toneladas, e a área da cotonicultura encolheu de quatro milhões de hectares para 1,7 milhão.

    Os resultados do estudo estão disponíveis na publicação Tecnologias Poupa-Terra 2021.

 
  • Novos bioinsumos

    Microrganismos são parceiros cada vez mais presentes no campo. O controle biológico de pragas, a disponibilização à lavoura de nutrientes presentes no ambiente e a obtenção de plantas maiores e que crescem mais rápido são alguns dos serviços promovidos por produtos compostos por microrganismos. Os insumos biológicos, ou bioinsumos, reduzem a quantidade de fertilizantes aplicados, reduzem a necessidade de químicos no campo.

    A inoculação de bactérias que disponibilizam nitrogênio à planta abriu o caminho para a redução da aplicação de fertilizantes. Já em 2019, o Brasil lançou o primeiro inoculante que promove a absorção do fósforo, o BiomaPhos. Somente em 2022, estima-se que o bioinsumo tenha sido aplicado em 2,766 milhões de hectares de lavouras de milho, soja e cana-de-açúcar. Esses usos mitigam um importante gargalo da agricultura nacional: a dependência de fertilizantes importados.

    As bactérias também estão na fórmula de bioinseticidas, como o Acera que controla a lagarta-do-cartucho e a falsa-medideira. Da mesma forma, os vírus já ajudam na lavoura, o bioinseticida Spodovir usa esse tipo de microrganismo para atacar especificamente a lagarta-do-cartucho sendo inofensivo a outros insetos e aos humanos.

    Microrganismos também estão ajudando a defender as plantas de doenças, estimular o seu crescimento e fortalecer o seu sistema imunológico. Pesquisas descobriram que bactérias funcionais são capazes de melhorar o crescimento do tomateiro e reduzir o efeito da murcha de fusarium. Uma nova linha de bioestimulantes estão sendo desenvolvidos e serão comuns nos próximos anos.

    Em 2021, foi lançado o bioinsumo Auras, feito a partir da bactéria Bacillus aryabhattai, presente nos solos da Caatinga. Esses microrganismos são capazes de hidratar as raízes das plantas, fazendo com que respondam melhor à escassez de água. Assim, este bioinsumo é capaz de reduzir os efeitos causados por estiagens prolongadas em lavouras de milho, minimizando riscos e aumentando a resiliência da produção às mudanças do clima.

    Cada vez mais frequentes no campo, os bioinsumos reduzem aplicações de químicos, geram economia, contornam barreiras não-tarifárias, viabilizam produções orgânicas e contribuem para uma agricultura ambientalmente mais sustentável.

 
  • Descarbonização da agropecuária

    O setor mais pujante da economia brasileira tem de buscar ser também ambientalmente sustentável para a sua própria sobrevivência. Nessa área, as emissões de gases de efeito estufa estão no centro das preocupações mundiais. Graças à ciência, o agro brasileiro tem potencial para estar entre os mais sustentáveis do mundo. Um destaque são as metodologias de medição dessas emissões adaptadas à realidade dos trópicos, o que dá confiabilidade aos dados e mais assertividade nas ações de mitigação. Como resultado, além das práticas relacionadas à redução das emissões de carbono como a recuperação de pastagens degradadas, o sistema de plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta, etc., as cadeias produtivas estão construindo protocolos técnicos a fim de certificar produtos agrícolas gerados com baixa emissão de carbono ou mesmo neutralizando todas as suas emissões.

    Já são realidade os selos Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne de Baixo Carbono (CBC) que identificam alimentos produzidos sob protocolos que garantem esse desempenho positivo na área ambiental. Na mesma linha, temos programas para o desenvolvimento de protocolos de produção de soja, café e algodão de baixo carbono. A produção de leite também segue a tendência, e pesquisas já comprovaram que a associação com o plantio de árvores torna a produção mais sustentável. Os selos também funcionam como um diferencial competitivo internacional.

    A ciência vem mostrando também que é possível minimizar os efeitos do aquecimento global. A criação de cultivares de algodão, alface, cenoura mais tolerantes às altas temperaturas vem proporcionando maior segurança à atividade agrícola e aos mercados. A pesquisa também venceu o desafio de criar uma cultivar que resiste ao estresse hídrico na região do Matopiba e em Mato Grosso. Criada em parceria com a Fundação Bahia, a soja BRS 8383IPRO proporciona estabilidade a quem a produz.

 
  • Fruticultura na Amazônia

    Novos mercados para sabores tradicionais: pesquisa alia renda, diversificação alimentar e preservação da biodiversidade. As frutas amazônicas alcançaram projeção nacional e internacional. O cacau e o açaí já são conhecidos mundo afora, assim como a castanha-do-brasil, mas outras frutas como o cupuaçu, o bacuri e o camu-camu começam a disputar a atenção do mercado.

    A Embrapa desenvolveu sistemas de plantio consorciado de fruteiras nativas com culturas alimentares de ciclo curto, como macaxeira, abóbora e maxixe, uma opção para agricultores familiares que reduz os custos de implantação de pequenos pomares, ao mesmo tempo em que estimula a diversificação alimentar.

    Um dos carros-chefes da pesquisa é o cupuaçuzeiro. Além de contribuir para a preservação da biodiversidade, a iniciativa tem potencial para aumentar a oferta desse fruto nos mercados e de sua valiosa amêndoa. O kit Cupuaçu 5.0 reúne cultivares de alta produtividade e resistentes à vassoura-de-bruxa.

    Em 2019, a Embrapa lançou a BRS Pai d’Égua, primeira cultivar de açaizeiro irrigado de terra-firme. Fruto tipicamente de várzeas, a pesquisa levou o açaí para a terra firme permitindo produção na entressafra e frutos menores, que facilitam o processamento e rendem mais.

    Em 2021, o guaraná ganhou a primeira cultivar propagada por sementes. A BRS Noçoquém apresenta produtividade mais de sete vezes superior à média obtida no Amazonas, impulsionando essa cadeia produtiva.

    Na área de processamento, pesquisadores desenvolveram produtos com sabores de frutas típicas da região. Um exemplo é a barra elaborada em quatro sabores de frutas típicas da Amazônia: açaí, cupuaçu, taperebá e muruci.

 
  • Alimentos funcionais e proteínas alternativas

    Acompanhando as tendências mundiais de consumo, que apontam para produtos mais saudáveis, funcionais e nutritivos, a Embrapa entregou ao longo da última década vários produtos que aliam nutrição e saúde, como bebidas, queijos e sorvete com adição de probióticos. Entre os alimentos de origem vegetal, destacam-se novos produtos vegetarianos enriquecidos com fibra de caju, além de bebidas e análogos de queijo à base do coco babaçu.

    A Embrapa também está na vanguarda das pesquisas com proteínas desenvolvidas em laboratório, como alternativas ao consumo de carnes tradicionais. Em 2022, a Empresa iniciou estudo pioneiro no Brasil para desenvolver carne de frango cultivada em condições controladas de laboratório. O novo produto se assemelha ao sassami, na forma de protótipos de filés de peito de frango desossados. Também caracterizada como proteína alternativa, a tecnologia recria tecidos em laboratório a partir de células animais, proporcionando carnes análogas às naturais.

 
  • Tropicalização de novas culturas

    O trigo chegou para ficar no Cerrado e deve ajudar o país a ser autossuficiente nesse cereal nos próximos anos. Cultivares desenvolvidas para a região que estão ajudando produtores a baterem recordes de produtividade. Até estados do Nordeste passaram a cultivar o cereal. A canola tropical está em pleno desenvolvimento no Brasil Central e em locais de clima semiárido. Os cientistas registraram produtividades de até três mil quilos por hectare, número que ultrapassa o dobro da média nacional, de 1,3 mil kg/ha. A introdução da canola em baixas latitudes é uma iniciativa inédita no mundo.

    Grão-de-bico e gergelim, cultivos que não exigem grandes aportes de água, estão sendo plantados após o término da janela de semeadura do milho na segunda safra. As pesquisas se concentraram no desenvolvimento de novas cultivares, na diminuição de perdas na colheita e maior qualidade dos grãos.

    Em movimento contrário, dendê saiu da Amazônia e foi introduzido no Cerrado. A pesquisa avaliou o desempenho de cultivares de dendezeiro irrigado para subsidiar plantios comerciais e os parâmetros de manejo e eficiência de uso de água na irrigação.

    Frutas de clima temperado passaram a ser produzidas e locais mais quentes: uva e pêssego na Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Há pomares de pera nas áreas de agricultura irrigada no Semiárido.

    Destaque também para a cultivar de cevada para produção de cerveja adaptada a regiões como Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal;

 
  • Agricultura digital

    O que antes se restringia ao esforço do homem do campo para garantir produtividade, hoje ganhou o apoio de recursos que pareciam fazer parte apenas de cenários de ficção. A inteligência artificial, ajudando a detectar doenças em plantas; drones que identificam pragas e pulverizam a lavoura automaticamente; sensoriamento remoto, que ajuda a monitorar e gerenciar os campos; sistemas de agrorrastreabilidade, que permitem ao consumidor saber de onde vieram seus alimentos, e o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), uma das mais importantes ferramentas para produtores no processo de tomada de decisão e obtenção de crédito, são apenas alguns exemplos das tecnologias digitais que apoiam o agro.

    A pesquisa nessa área abrange todos os elos das cadeias produtivas, desde a pré-produção (ou antes da porteira), quando as tecnologias digitais apoiam a análise de big data para pesquisa de novos genes e modelos de risco climático. Softwares e aplicativos já são utilizados pelo agricultor na etapa de produção para a gestão da propriedade. E na pós-produção, novas soluções estão em desenvolvimento para a certificação de produtos mais sustentáveis. Bioinformática, blockchain e internet das coisas aplicadas à agricultura têm sido fundamentais para a construção de um novo setor agrícola, conectado, automatizado e muito mais eficiente.

 
  • Produções orgânicas

    Nos últimos anos, a Embrapa desenvolveu cultivares exclusivamente para esse sistema, como a cenoura BRS Paranoá, capaz de aumentar a produtividade e facilitar o cultivo da raiz em sistemas orgânicos de produção. A pesquisa está na vanguarda na elaboração de sistemas orgânicos de produção de frutas como os de abacaxi, maracujá e manga, construídos com base em experimentos na região Nordeste. Em 2018, também foi lançada a primeira cajuína orgânica em lata, comercializada por redes de supermercados.

    Outros destaques são: o sistema de produção Tomatec para cultivos de tomates agroecológicos ou orgânicos, o desenvolvimento de fertilizantes a partir da biomassa de plantas, lançamentos recentes de bioinsumos que podem ser utilizados tanto em sistemas orgânicos como convencionais, como o BiomaPhos.

    Protocolos de produção do boi sustentável e orgânico foram desenvolvidos com o apoio da pesquisa e da iniciativa privada. A Embrapa também oferece suporte para a produção orgânica e agroecológica com cursos viabilizados na plataforma e-campo.

 
  • Bioeconomia na Amazônia

    O fortalecimento de ações de bioeconomia é uma das prioridades da Embrapa para impulsionar o desenvolvimento sustentável da região amazônica e reduzir o paradoxo entre a riqueza de recursos naturais e a extrema pobreza das populações e comunidades locais. A Empresa mantém forte atuação na Amazônia Legal, com nove Unidades de pesquisa.

    Um dos destaques tem sido a agregação de valor a produtos amazônicos, que resultou, por exemplo, no desenvolvimento de alimentos multifuncionais à base de açaí, cupuaçu, acerola, taperebá (cajá), camu-camu e graviola, pupunha e castanha.

    Outra frente é a busca de insumos biológicos de interesse agropecuário, especialmente para o controle de pragas e geração de inoculantes, que podem substituir os fertilizantes e promotores de crescimento sintéticos, gerando mais sustentabilidade e economia à agricultura brasileira. Em 2020, cientistas percorreram mais de seis mil km de rios amazônicos para coletar sedimentos dos quais foram extraídos fungos e bactérias com potencial biotecnológico para uso agrícola e industrial. Paralelamente, a intenção é investir em parcerias para atrair indústrias de base biológica de forma a gerar mais renda e emprego para a região.

    Exemplo de sucesso também é a implantação de sistemas agroflorestais (SAFs) de cacau, dendê e castanha na região amazônica. Nesses sistemas, árvores são plantadas ou manejadas em associação com culturas agrícolas ou forrageiras, garantindo produtividade e preservação ambiental.

    Destaca-se ainda o pagamento por serviços ambientais e ecossistêmicos como iniciativa que pode gerar grande impacto econômico para as comunidades amazônicas. Esses serviços podem ser entendidos como benefícios da natureza e incluem uso racional da água, produção de fibras e alimentos, polinização, fertilidade do solo, entre muitos outros. A Embrapa vem aumentando a sua atuação nesse tema e possui grupos de pesquisa trabalhando em todos os biomas brasileiros. A valoração dos serviços ecossistêmicos e ambientais é um passo decisivo para consolidar o papel do produtor rural como aliado da biodiversidade brasileira.

 
  • Uvas do Brasil

    Desde 1977, a Embrapa vem conduzindo o Programa de Melhoramento Genético 'Uvas do Brasil', voltado para a obtenção de cultivares para mesa, suco e vinho, especialmente adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas brasileiras. Já foram lançadas dezenas de cultivares que têm como características elevada produtividade, diferentes ciclos de produção e alta resistência às doenças que atacam a cultura da videira, como o míldio e o oídio.

    Destaque para o lançamento em 2012 da BRS Vitória, cultivar de uva de mesa preta sem sementes, com sabor aframboesado, bem adaptada ao cultivo em todas as regiões do país. Apesar do pequeno tamanho de cachos e bagas em relação ao padrão de uvas de mesa, vem conquistando consumidores no Brasil e exterior. O seu uso tem contribuído para a expansão da área de produção de uva de mesa no Brasil, abrangendo desde as fazendas no Vale do Rio São Francisco, no Nordeste, até as áreas de agricultura familiar da região Sul.

 
  • Pecuária Sustentável

    Sistemas integrados de produção, como o ILP e ILPF, melhoramento genético, boas práticas de manejo da planta forrageira, do animal e da água e uso de ferramentas de precisão contribuem para a redução de gases de efeito estufa na pecuária e garantem o desenvolvimento sustentável da pecuária. O uso de identificação animal automatizada, dispositivos eletrônicos de pesagem e alimentação, sensores, termografia e estações meteorológicas automáticas possibilita a geração de dados com indicadores produtivos, comportamentais e fisiológicos em benefício da saúde, produtividade e bem-estar dos animais.

    A Embrapa mantém há anos a liderança no mercado nacional de forrageiras. Cerca de 90% da área plantada com forrageiras no Brasil utiliza variedades da Empresa.

 
  • Sistema Erva 20

    Sistematização de pesquisas com erva-mate capaz de auxiliar o produtor a elevar a produtividade e qualidade dos ervais, com um modelo tecnológico e sustentável. O sistema tem servido de base para fomentar programas municipais que estimulam a adoção de boas práticas nos cultivos da erva-mate. Atualmente, estima-se que cerca de 150 mil propriedades rurais trabalham com o cultivo da erva-mate, em especial para abastecer o mercado interno de chimarrão e chás e, em menor escala, exportação. No entanto, diversos países têm descoberto o potencial da erva-mate para outros produtos, como chás e outros alimentos, cosméticos, entre outros. Estes países têm demandado matéria-prima do Brasil e da Argentina.

Seu futuro inspira a nossa ciência

Construindo o futuro hoje

Com o objetivo de antecipar demandas e entregar soluções de forma ininterrupta, a Embrapa atua com base em uma Visão de Futuro da Agricultura Brasileira. A Empresa aprofunda constantemente suas ações em inteligência estratégica antecipatória, monitora regularmente as transformações no contexto geopolítico, econômico e social do Brasil e do mundo, e analisa suas implicações na interface entre CT&I e agricultura. Sua visão de futuro está sempre em atualização. Saiba mais.