07/11/22 |   Manejo Integrado de Pragas

Artigo - Cuidados com as pragas iniciais da soja

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Dirceu Gassen - Sternechus subsignatus adulto

Sternechus subsignatus adulto

Caracterizam-se como pragas iniciais da soja aqueles organismos que atacam a cultura durante as etapas de germinação das sementes até cerca de 30 dias após a emergência. Esses organismos são artrópodes que danificam os estádios iniciais de desenvolvimento da cultura, podendo afetar negativamente o estande, o vigor, a uniformidade das plantas bem como o rendimento de grãos da lavoura.

O cultivo da soja no sistema plantio direto (SPD) traz inúmeras vantagens, quando comparado ao sistema de cultivo tradicional. Todavia, o SPD favorece o desenvolvimento de pragas iniciais como as de solo na cultura, uma vez que o solo não é revolvido com grade e/ou arado. Os danos casados por corós na soja são decorrentes do consumo de raízes ou até mesmo dos nódulos de fixação biológica de nitrogênio, acarretando em redução da capacidade das plantas de absorver água e nutrientes do solo e do nitrogênio atmosférico, através da fixação biológica. A intensidade de danos dos corós é maior em plantas jovens sob condições de défit hídrico. As plantas atacadas por corós apresentam um desenvolvimento retardado, seguido por amarelecimento, murcha e morte. Em condições de alta infestação no solo, pode ocorrer 100% de perda da lavoura, especialmente quando as larvas estiverem mais desenvolvidas. Já os danos de percevejos castanhos ocorrem em decorrência da sucção contínua das raízes das plantas, podendo causar um amarelamento, subdesenvolvimento e até mesmo a morte. As culturas atacadas pelos percevejos castanhos apresentam diferentes graus de suscetibilidade, sendo o algodoeiro o mais suscetível, seguido pela soja, milho, sorgo e arroz.

A ocorrência de pragas iniciais que atacam a parte aérea das plantas de soja está geralmente associada a cultura precursora à soja. Neste grupo de pragas podemos citar a ocorrência de lagartas de Spodoptera frugiperda, lesmas, caracóis e o tamanduá-da-soja.

A cobertura vegetal, destinada à produção de palha no SPD (ex. aveia, trigo e braquiária), pode proporcionar o desenvolvimento de altas populações de lagartas da espécie Spodoptera frugiperda, especialmente nos períodos mais secos do ano. As lagartas desta espécie podem cortar as plântulas de soja rente ao solo ou alimentar-se de sua folhagem, podendo causar a sua morte e, consequentemente, redução no estande da soja. Todavia, o manejo dessa praga no SPD é possível quando se usa a tecnologia correta e no momento certo.

As lesmas e caracóis são moluscos da classe Gastropoda e ocorrem, com maior frequência, em ambientes úmidos e frescos. Essas pragas apresentam maior abundância em solos com maior quantidade de palha e de matéria orgânica, como é observado no SPD. Tanto as lesmas quanto os caracóis alimentam-se dos cotilédones, do caule e dos folíolos de plântulas da soja recém-emergidas, sendo as injúrias semelhantes àquelas causadas por insetos, podendo destruir a porção apical e causar a morte, reduzindo assim o estande da cultura. Já o tamanduá-da-soja é uma espécie em que os adultos e as larvas podem causar danos na cultura. Os adultos raspam e desfiam os tecidos da haste principal da soja e, eventualmente, os ramos laterais e pecíolos das folhas, enquanto que as larvas são endofíticas, ou seja, alimentam-se no interior da haste principal, mais precisamente da medula.

O controle de pragas iniciais da soja é realizado através do tratamento de sementes ou de pulverizações, aplicadas no sulco de semeadura ou na parte aérea das plantas de soja. O controle de corós e do tamanduá-da-soja pode ser realizado eficientemente através do emprego de inseticidas neonicotinoides aplicados nas sementes. Já para o percevejo castanho, a melhor alternativa de controle é a pulverização de inseticidas no sulco de semeadura ou por meio do cultivo de coberturas, em sucessão ou rotação, que são inadequadas para o desenvolvimento do inseto como é o caso da crotalária. Já as lagartas de S. frugiperda, lesmas e caracóis podem ser controlados pela aplicação de inseticidas em pulverização sobre as plantas de soja.

Crébio José Ávila (Pesquisador)
Embrapa Agropecuária Oeste

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