Megatendências / Sustentabilidade

Sistemas agrícolas mais sustentáveis

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A expansão da agropecuária no Brasil e as exigências do mercado consumidor por uma produção mais sustentável têm direcionado as cadeias produtivas para o aprimoramento do desempenho social, econômico e ambiental. Essa transformação é quase uma metamorfose que passa de uma produção extensiva para sistemas agrícolas mais sustentáveis, seguindo os requisitos da legislação ambiental vigente e sem a perda de novas áreas naturais. 

A intensificação sustentável da agricultura é aquela capaz de aumentar o rendimento agrícola, ao mesmo tempo em que reduz seu impacto ambiental e assegura a saúde dos ecossistemas de apoio. Então, qual seria o futuro dos sistemas agrícolas mais sustentáveis? Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a expansão agropecuária brasileira nos últimos anos teve como prioridade a produtividade, ou seja, a redução de área plantada com aumento de produção (IGBE, 2015). 

Para que essa intensificação ocorra de maneira sustentável, têm sido geradas e utilizadas diversas tecnologias, tais como novas cultivares e raças mais produtivas com tolerância a pragas e doenças, sistemas de produção integrados, como a integração-lavoura-pecuária-floresta2A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta ou os diferentes Sistemas de Plantio Direto buscam integrar atividades agrícolas, pecuárias e/ou florestais na mesma área em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação, trazendo inúmeros benefícios para o ecossistema, o que evita a erosão eólica e hídrica, mantém a temperatura do solo mais baixa, evita as perdas de água por evapotranspiração e facilita a fixação e o desenvolvimento das raízes no solo (Motter et al., 2015; Bungenstab et al., 2019). (ILFP) ou a integração lavoura-pecuária (ILP), o manejo integrado de pragas e doenças (MIPD), o sistema de plantio direto (SPD), entre outros. 

Mesmo com todos os benefícios da ILPF e do SPD, a pressão sobre o uso da terra e o aumento gradativo da produtividade exigem uma busca contínua por sistemas agrícolas mais sustentáveis, num contexto de mínimo impacto ambiental e máxima eficiência produtiva e energética.

A relevância do sistema ILPF foi reconhecida pela Política Nacional de ILPF (Lei nº 12.805/2013) (Brasil, 2013) e pela sua inclusão como um dos pilares do Plano ABC e Plano ABC+, sinalizando uma tendência para expansão de modelo de agricultura. O pagamento por serviços ambientais, a diferenciação de mercado proporcionada pela produção sustentável e a oferta de serviços ecossistêmicos, como a mitigação de gases de efeito estufa, também são tendências de futuro e com potencial de agregar valor à produção. 
Outras duas iniciativas são o protocolo Carne Carbono Neutro (CCN), cuja produção se dá em sistemas de integração que possuem o componente florestal, responsável pelo sequestro de carbono, possibilitando a neutralização da emissão de metano pelos animais, além de proporcionar conforto térmico pelo sombreamento das pastagens. A outra iniciativa é a Carne de Baixo Carbono (CBC), quando são utilizados sistemas integrados sem o componente florestal, nos quais o manejo adequado do pasto proporciona o sequestro de carbono no solo, mitigando as emissões dos animais em pastejo. Ambos são novos modelos de inovação e negócios mais sustentáveis, representando importante estratégia de agregação de valor aos produtos agropecuários brasileiros nos mercados internos e externos (Skorupa, 2021).

O monitoramento de atributos físicos, químicos e biológicos de solos sob monocultivos em sistemas de integração também tem auxiliado no desenvolvimento de tecnologias para a fixação biológica em leguminosas e gramíneas. A identificação de novas linhagens e isolados mais eficientes poderá contribuir para maior economia e redução do uso de adubos nitrogenados minerais. Aliado à redução de uso de adubos nitrogenados há um outro fator importante associado: a redução das emissões de gases de efeito estufa oriundas do uso desses fertilizantes (Farias Neto et al., 2019).

Referências

  • BRASIL. Lei nº 12.805, de 29 de abril de 2013. Institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e altera a Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Diário Oficial da União: seção 1, p. 1, 30 abr. 2013. 
  • BUNGENSTAB, D. J.; ALMEIDA R. G. de; LAURA, V. A.; BALBINO, L. A.; FERREIRA, A. D. (ed.). ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta. Brasília, DF: Embrapa, 2019. 835 p.
  • FARIAS NETO, A. L.; MORALES, M. M.; VENDRUSCULO, L. G.; ISERNHAGEN, I.; FARIA, G. R.; FERNANDES JUNIOR, F.; IKEDA, F. S. HOOGERHEIDE, E. S. S.; ITUASSU, D. R.; MAGALHÃES, C. A. de S.; ROSSONI, A. L.; NASCIMENTO, A. F. do; CARNEVALLI, R. Embrapa Agrossilvipastoril: primeiras contribuições para o desenvolvimento de uma agropecuária sustentável. Brasília, DF: Embrapa, 2019. 825 p.
  • IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2015. Rio de Janeiro, 2015. 352 p.
  • MOTTER, P.; ALMEIDA, H. G. de; VALLE, D.; MELLO, I. Plantio direto: a tecnologia que revolucionou a agricultura brasileira. Foz do Iguaçu: Parque Itaipu, 2015. 144 p.
  • SKORUPA, L. A integração lavoura-pecuária-floresta está revolucionando a agropecuária do Brasil. Revista Globo Rural, 8 jun. 2021. Disponível em: https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Opiniao/Vozes-do-Agro/noticia/2021/06/integracao-lavoura-pecuaria-floresta-esta-revolucionando-agropecuaria-do-brasil.html. Acesso em: 28 set. 2021.