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A intensificação da digitalização é tendência global consolidada que continua em franca expansão. A digitalização, em suas variadas modalidades, como a inteligência artificial (IA), as redes sociais e as plataformas de comércio digital mudaram e continuarão mudando as formas de relacionamento, interação e comunicação entre empresas e consumidores. A inteligência artificial torna possível o atendimento virtual dos clientes; as redes sociais aproximam os consumidores; e o comércio digital revoluciona o modelo de negócios, graças também aos recentes avanços nos meios digitais de pagamentos. É inovação funcionando como a força motriz de adaptação às contínuas mudanças de mercado. 

Destacam-se em perspectiva de crescimento: varejo omnichannel4O varejo omnichannel é um tipo especial de e-commerce que consiste na integração de diferentes canais de vendas (loja física e virtual), operando de forma integrada, inclusive quanto aos preços dos produtos. , e-commerce5Plataformas digitais que conectam os consumidores às empresas ou fornecedores. O e-commerce trabalha com produtos ou serviços de apenas uma empresa ou fornecedor.  e marketplace6Espécie de shopping virtual, no qual produtos ou serviços de várias empresas ou fornecedores podem ser encontrados.. Por causa do modelo de negócio e do alcance, o marketplace tem maior potencial de crescimento. As plataformas de comércio digital possibilitaram ainda a passagem da compra presencial à virtual e do fornecedor único a múltiplos fornecedores, com benefício mútuo para clientes e empresas – uma das razões que explicam a intensificação e as perspectivas de crescimento desse modelo de negócio, particularmente em um cenário de pandemia, a exemplo do que vem ocorrendo com a Covid-19 (PWC, 2021; Accenture, 2021).

Em favor das grandes redes de varejo está a força da assimetria de informação, típica de mercados imperfeitos. O conhecimento do perfil, das necessidades e dos desejos desse consumidor é essencial na antecipação e no atendimento das demandas de consumo. Esse processo passa, necessariamente, por uma crescente coordenação e cooperação entre as diferentes áreas, segmentos e atores das cadeias produtivas, rumo à digitalização inteligente das cadeias de suprimento (Simchi-Levi; Timmermans, 2021). 

A digitalização também permite a rastreabilidade de produtos a partir da leitura de código de barras, que está diretamente relacionada à tendência de consumo associada à segurança, confiabilidade e qualidade dos alimentos, um dos pilares que orienta e continuará orientando a escolha e a fidelização dos consumidores. 

Enfim, o comércio digital global, e em particular o de alimentos, continua em franca expansão, de maneira especialmente forte em países desenvolvidos como os Estados Unidos e o Reino Unido (Accenture, 2021; Reportlinker, 2021), sendo motivado, particularmente, pelo fator conveniência, e tem como força motriz a inovação.

 No Brasil, o comércio digital é uma realidade emergente e em crescimento acelerado em diversos setores da economia, inclusive no agro, mas ainda é preciso superar entraves sociais, econômicos, tecnológicos e de segurança, que dificultam a disseminação e a popularização do comércio digital. O sistema de assistência técnica e extensão rural do País também caminha para o uso intensivo de canais digitais em substituição ao modelo majoritariamente presencial. Mais uma vez, o desafio consiste em superar os mencionados entraves. Com base no Censo Agropecuário 2017, cerca de 72% dos estabelecimentos rurais do País ainda não possuíam nenhum tipo de conexão com a internet (IBGE, 2018). Apesar disso, o País é um dos principais mercados mundiais com potencial de crescimento acelerado do comércio digital.

Referências

  • ACCENTURE. COVID-19: How is COVID-19 changing the retail consumer? 2021. Disponível em: https://www.accenture.com/_acnmedia/PDF-130/Accenture-Retail-Research-POV-Wave-Seven.pdf#zoom=40. Acesso em: 20 set. 2021.
  • ASCHEMANN-WITZEL, J.; BIZZO, H. R.; CHAVES, A. C. S. D.; FARIA-MACHADO, A. A.; SOARES, A. G.; FONSECA, M. J. O.; KIDMOSE, U.; ROSENTHAL, A. Sustainable use of tropical fruits? Challenges and opportunities of applying the waste-to-value concept to international value chains. Critical Reviews in Food Science and Nutrition. 2021. DOI: 10.1080/10408398.2021.1963665. 
  • EMBRAPA. Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira. Brasília, DF: Embrapa, 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/visao/o-futuro-da-agricultura-brasileira. Acesso em: 28 mar. 2022.
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  • NEVES, M. F. (coord.). Food and Agribusiness in 2030: a Roadmap. Wageningen: Wageningen Academic Publishers, 2020. 123 p.
  • PARENTE, J.; BARKI, E.; KATO, H. Consumidor de baixa renda: desvendando as motivações no varejo de alimentos. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO - EnAnpad, 29., 2005, Brasília, DF. Anais [...] Brasília, DF: Anpad, 2005. 
  • PARFITT, J.; BARTHEL, M.; MACNAUGHTON, S. Food waste within food supply chains: quantification and potential for change to 2050. Philosophical Transactions of the Royal Society B, v. 365, p. 3065-3081, Aug. 2010. DOI: 10.1098/rstb.2010.0126.
  • PWC. The global consumer: Changed for good. Consumer trends accelerated by the COVID-19 pandemic are sticking. 2021. Disponível em: https://www.pwc.com/gx/en/consumer-markets/consumer-insights-survey/2021/gcis-june-2021.pdf. Acesso em: 17 set. 2021.
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  • ROCHA, T. P. M. Compra de alimentos por consumidores de baixa renda: comportamentos no ponto de venda. In: SEMEAD: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, 20., 2017, São Paulo. [Anais...] São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017. Disponível em: http://login.semead.com.br/20semead/. Acesso em 3 jan. 2018.
  • SIMCHI-LEVI, D.; TIMMERMANS, K. A digitalização do supply chain. Disponível em: https://www.accenture.com/br-pt/insights/consulting/digitalization-drives-smarter-supply-chain. Acesso em: 16 set. 2021.