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Existe interesse crescente entre segmentos de consumidores com as questões globais, como mudanças climáticas, meio ambiente e sustentabilidade. Esta já era uma tendência consolidada em países desenvolvidos, principalmente entre as gerações mais novas (millenials, geração X), que foi ainda mais acentuada pela pandemia. Essa conscientização tem provocado mudanças nos hábitos de consumo em alguns segmentos sociais, motivadas pelo próprio bem-estar, e das próximas gerações, e pelo futuro do planeta. 

Percebendo esses movimentos como uma tendência em expansão no mundo todo, as cadeias de valor estão adequando as formas de produção e suas narrativas ao novo contexto. Empresas que assumem e respeitam o compromisso com o meio ambiente e com os princípios da sustentabilidade em seus processos de produção ganham mercado, projeção e melhoria de imagem perante os consumidores. Sustentabilidade, portanto, deixa de ser um conceito abstrato e se transforma em um ativo, que conjuga economia, meio ambiente e pessoas na mesma equação em que o resultado deve ser positivo para todos. 

Com a persistência da pandemia de Covid-19 e sua repercussão social e econômica, o discurso do New Green Deal volta com força nas principais economias mundiais e, com ele, também a famosa sigla ESG (em inglês, Environmental, Social and Governance) (Nascimento; Morandi, 2021). Nesse contexto, a economia circular aumenta de importância por ser um modelo resiliente, diverso e inclusivo e que cria oportunidades para o desenvolvimento sustentável e, simultaneamente, enfrenta alguns dos principais desafios globais, como mudanças climáticas, poluição e redução da biodiversidade.

Como resultado, está sendo ofertada no mercado uma diversidade de produtos alternativos e distintos dos convencionais, que incorporam conceitos de sustentabilidade, como produtos verdes, ecológicos, sustentáveis e socialmente responsáveis ou justos. É um mercado em expansão contínua em todos os segmentos, como alimentos e vestuário.

 Um bom exemplo é o upcycling, que pode ser entendido como reciclagem para cima ou reutilização criativa. É uma tendência forte em países desenvolvidos para atender a uma demanda crescente por produtos mais sustentáveis (eco-friendly), que inclui desde processos industriais até os setores de moda, design e arte. 

Uma das bases da economia circular é a geração de valor a partir de coprodutos, tais como extratos vegetais, fármacos e óleos essenciais, ou o desenvolvimento de novos processos ou usos. Existem várias oportunidades para geração de valor na área de alimentos a partir de coprodutos. 

Estima-se que o espectro das leis de rotulagem se amplie a um ritmo acelerado nos próximos anos, incluindo a de país de origem. Esses regulamentos e a divulgação transparente resultarão em um aumento nos custos de produção e das embalagens, uma vez que as indústrias terão de se adaptar a diferentes regulamentos em todos os países e reduzir o uso de métodos e ingredientes controversos de produção (ambiental, social e eticamente sustentável), tornando os alimentos mais seguros (Seixas, 2019).

Nos últimos anos, observou-se maior conscientização pública sobre perdas e desperdício de alimentos (PDA) no mundo desenvolvido. A quantidade de alimentos desperdiçada no mundo industrializado indica ineficiência do sistema alimentar global. A pressão social e as regulamentações governamentais para diminuir o desperdício de alimentos aumentarão no futuro, e os sistemas de produção e de logística poderão ser aprimorados para reduzir perdas (FAO, 2019). A redução de PDA está contemplada como prioridade pela FAO e ONU (ODS 12.3) e estão sendo incentivadas políticas públicas para mitigar o problema, além do engajamento do setor privado e sociedade civil em ações inovadoras e campanhas de conscientização para os consumidores.

Referências

  • FAO. The State of Food and Agriculture: Moving forward on food loss and waste reduction. Rome, 2019. Disponível em: http://www.fao.org/3/ca6030en/ca6030en.pdf. Acesso em: 23 set. 2021.

  • NASCIMENTO, P. P.; MORANDI, M. A. B. ESG e Agricultura: o imperativo da sustentabilidade. Disponível em: http://www.neomondo.org.br/2021/09/22/esg-e-agricultura-o-imperativo-da-sustentabilidade/. Acesso em: 23 set. 2021.

  • SEIXAS, M. A. Segurança alimentar e sistemas alimentares: megatendências até 2050. In: VIEIRA, P. A.; CONTINI, E.; HENZ, G. P.; NOGUEIRA, V. G. C. Geopolítica do alimento: o Brasil como fonte estratégica de alimentos para a humanidade. Brasília, DF: Embrapa, 2019. p. 71-98.