26/05/23 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Oficinas estimulam turismo de base comunitária no Nordeste

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Foto: Dani Santos/Prefeitura de São Cristóvão

Dani Santos/Prefeitura de São Cristóvão - Marcela Saad, da Lab Turismo, aborda conceitos da atividade turística durante oficina para elaboração do plano estratégico de valorização das paisagens alimentares

Marcela Saad, da Lab Turismo, aborda conceitos da atividade turística durante oficina para elaboração do plano estratégico de valorização das paisagens alimentares

Objetivo é a criação de experiências turísticas que promovam inclusão social e geração de renda

Catadoras de mangaba, marisqueiras, agricultoras familiares, beijuzeiras e doceiras de Alagoas, Sergipe e Pernambuco estão participando de uma série de oficinas com foco no turismo de experiência. Elas integram o projeto de inovação social Paisagens Alimentares, coordenado pela Embrapa e implementado nos três estados, em parceria com universidades, órgãos governamentais e instituições públicas e privadas.

As paisagens alimentares abrangem, além do alimento, as pessoas, os territórios, sua cultura e identidade. O conceito considera a multifuncionalidade da agricultura, englobando a produção, o meio ambiente e as pessoas. Nesta perspectiva, o turismo de base comunitária é voltado para os viajantes que valorizam experiências diferenciadas, querem conhecer a história de quem vive no território e interagir com a cultura local.

O objetivo é criar experiências turísticas únicas, que promovam inclusão social e geração de renda, especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade. Assim, em conjunto com as comunidades, o projeto começou com a identificação das comunidades, por meio de um diagnóstico participativo.

Na segunda etapa, cinco comunidades foram selecionadas para desenhar as experiências. O passo seguinte é elaborar o planejamento estratégico de cada experiência para implementação. Ainda está previsto um encontro de representantes de todas as comunidades para o intercâmbio de experiências.

No final de maio, começaram as oficinas técnicas para discussão do modelo de turismo que cada comunidade deseja implementar. As atividades práticas estão sendo conduzidas pela Lab Turismo, empresa contratada pela Embrapa Alimentos e Territórios, com apoio financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

As oficinas abordaram conceitos relacionados à atividade turística e à relação com a paisagem alimentar, oportunidades e desafios do negócio, governança, potenciais dos territórios, além das forças e fraquezas identificadas. As mulheres também refletiram sobre a essência das suas atividades e para quem elas têm interesse em oferecer os serviços.

Os consultores Richard Alves, Marcela Saad e Lucas Diniz, da Lab Turismo, interagiram com as participantes, estimulando as reflexões para a elaboração dos planos. “Esse é um processo de construção, fruto do trabalho que vocês fazem há muitos anos”, disse Alves. “Estamos trazendo algumas novas oportunidades, mas cada uma de vocês é responsável pela concretização desse projeto”, reforçou.

Catadoras de mangaba de Indiaroba

Para as catadoras de mangaba de Indiaroba (SE), o foco é o turista que valoriza o patrimônio ambiental e cultural, trazendo sustentabilidade financeira para a comunidade. Elas foram desafiadas a pensar no desenvolvimento de produtos ligados à cultura da mangaba e associados, à história de vida e às práticas que ocorrem no território. Aprendizado, desafio, satisfação, sonhos, força, empoderamento, coragem, fé, esperança, gratidão, atitude, vitória, liberdade e realização foram as palavras escolhidas pelas mulheres para resumir o trabalho conjunto.

A prefeitura está à disposição para apoiar a iniciativa, de acordo com Cleber Ribeiro, diretor de Turismo de Indiaroba. “Ao final desse projeto nós teremos bons frutos para serem colhidos”, avalia. Ele acredita que a parceria entre o órgão municipal, a universidade, a Embrapa e a Lab Turismo vai trazer crescimento, especialmente para as mulheres.

Para Alicia Santana Salvador, presidente da Associação das Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai), a iniciativa vem somar para a Associação, com o crescimento do grupo, apoiando e fortalecendo o movimento das mulheres, a comunidade e o município. “Adquirimos muito conhecimento com vocês, aprendemos bastante e não tenho dúvida de que é o início de um projeto que vai ser concluído com ações bem-sucedidas”, declarou a presidente.

Quituteiras, beijuzeiras e doceiras de São Cristóvão

Em São Cristóvão (SE), quarta cidade mais antiga do Brasil e Patrimônio Cultural da Humanidade, as oficinas de turismo de experiência e do plano estratégico de valorização das paisagens alimentares foram precedidas por um percurso turístico. A partir da Praça São Cristóvão a equipe percorreu algumas ruas do centro e visitou beijuzeiras e doceiras tradicionais da cidade, que integram o projeto, e produzem iguarias que são patrimônios imateriais reconhecidos, como as queijadinhas e os bricelets.

A ideia foi observar a rotina delas, ouvir suas histórias e conhecer as práticas e o modo de saber-fazer que as caracterizam. Depois das visitas, um grupo formado principalmente por mulheres participou das oficinas e dinâmicas, contribuindo para identificar seus potenciais e qualificativos que vão compor o plano estratégico conjunto. Sucesso, parceria, orgulho, felicidade, amor, coragem, aprendizado, motivação, animação, liberdade, realização, gratidão, expectativas, prosperidade e satisfação foram as palavras que o grupo escolheu para representar o momento das oficinas.

“As oficinas estão sendo simplesmente fantásticas”, elogiou a professora Vânia Dias Correia, que é sócia da Casa do Beiju e atua com educação patrimonial, além de trabalhar como coordenadora no Museu de Arte Sacra da cidade. “Essa oficina vem abrir horizontes e melhorar a autoestima do nosso povo que trabalha com os produtos alimentares”, afirmou. Para ela, é preciso encantar o turista contando a história das pessoas e do lugar em que habitam.

Diego Souza, coordenador de turismo da Fundação Municipal de Cultura e Turismo de São Cristóvão (FUMCTUR), ressaltou a importância das ações não só para São Cristóvão, mas para os munícipes, que estão desenvolvendo o plano estratégico. Na visão dele, é fundamental “que eles não dependam só do poder público, mas também tenham a força de se juntar para procurar novos roteiros e novas formas de atrair mais turistas para o município”, ressaltou.

Kaíque Alex, que também é coordenador de turismo da Fundação, está confiante nos resultados. “Nossa expectativa é que as pessoas saiam daqui já com o planejamento do que fazer nos próximos dias, nos próximos meses e para os próximos anos, para consolidar São Cristóvão como um espaço turístico que tem uma gastronomia identitária, mas com o valor da história das pessoas. E que isso possa trazer outras pessoas do Brasil mesmo e de fora do País para conhecer a cidade e essa identidade alimentar que nós temos aqui.”

Sustentabilidade e desenvolvimento

A assessora técnica da Secretaria de Estado do Turismo de Sergipe (Sedetur-SE) Léa Duarte agradeceu e elogiou tanto a participação das catadoras e doceiras quanto dos facilitadores, que se dispuseram a compartilhar informações em prol de um objetivo comum. “É uma oportunidade única para elas; a gente percebe que a proposta é totalmente diferente de projetos anteriores, porque vai ter continuidade”, observa. Raquel Melo, outra assessora técnica da Sedetur-SE presente às oficinas, destaca o aspecto da sustentabilidade, essencial no desenvolvimento do turismo de base comunitária. “Tenho certeza de que vai ser bem positivo o retorno para a comunidade”, avalia.

O coordenador do projeto, Aluísio Goulart, supervisor do Setor de Inovação e Tecnologia da Embrapa Alimentos e Territórios, lembrou que a escolha das comunidades seguiu critérios técnicos e falou sobre a importância do comprometimento de todas para garantir o sucesso da iniciativa. “O sucesso vai ser depois, com vocês recebendo os turistas, tendo mais renda, com a melhoria da qualidade de vida e da economia do município”, enfatizou, agradecendo também aos parceiros pelo comprometimento na realização das atividades.

Um dos principais resultados foi a criação de uma proposta com várias ações estratégicas focadas na demanda, oferta e governança, que serão trabalhadas nos próximos meses. A equipe da Lab Turismo é responsável pelo acompanhamento técnico e também vai se reunir de forma virtual com as representantes das comunidades nos próximos meses para mentoria e elaboração das propostas de visão do futuro, análise estratégica e ações do plano de turismo, como o roteiro e o desenho dos produtos e serviços turísticos.

O projeto prevê a ampliação da diversidade dos produtos turísticos, fortalecendo os territórios e a identidade cultural dos municípios nordestinos selecionados. No período de vigência da iniciativa, deverão ser construídos coletivamente os planos e os roteiros, que depois serão testados e implementados.

São parceiros na iniciativa o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA-PE), a Secretaria de Estado de Turismo de Sergipe (Setur-SE), a Universidade Federal de Sergipe (UFS), a Fundação Municipal de Cultura e Turismo de São Cristóvão (FUMCTUR), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio - Costa dos Corais), além das prefeituras municipais de Indiaroba, Olho d'Água do Casado, Palmeira dos Índios, Piranhas, Rio Formoso e Sirinhaém.

Nadir Rodrigues (MTb 26.948/SP)
Embrapa Alimentos e Territórios

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