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Esclarecimentos sobre parceria Embrapa e Instituto ATÁ sobre baunilhas do Brasil

A Embrapa e o Instituto ATÁ assinaram um acordo geral de parceria, em novembro de 2018, visando implementar ações de valorização da biodiversidade brasileira. O acordo entre as duas instituições foca o desenvolvimento e estruturação das cadeias do mel nativo e da baunilha. O desafio é organizar e estruturar a produção desses produtos visando valorizar a biodiversidade brasileira, ganhar escala, estabelecer parâmetros de qualidade e garantir a sustentabilidade e a estabilidade dos sistemas de produção.

O mapeamento e coleta de materiais de baunilhas brasileiras, georreferenciados e identificados para constituição de um banco de germoplasma que servirá como suporte para as atividades a serem desenvolvidas, é um das atividades previstas no acordo de cooperação entre a Embrapa e o ATÁ, mas ainda não foi iniciado. A Embrapa não possui participação nas atividades em andamento com a comunidade quilombola do Vão das Almas (GO). Nem o Atá nem a Embrapa possuem mudas de baunilha do Cerrado advindas do território quilombola.

Com a crescente tendência dos consumidores por produtos naturais e mais saudáveis, a indústria de alimentos vem enfrentando problemas com uso de aromas artificiais, especialmente o de baunilha, devido à sua grande procura.  Estudos referentes à produção em escala das baunilhas nativas são de extrema importância para o desenvolvimento sustentável desta atividade.

No Brasil, uma das experiências mais relevantes com as baunilhas tem sido desenvolvida pelo Instituto ATÁ, entidade sem fins lucrativos que atua no desenvolvimento e na reestruturação dessas cadeias do alimento, já tendo desenvolvido experiências tanto com a baunilha do cerrado, como com o mel nativo. Uma das estratégias do Instituto é o fortalecimento das cadeias produtivas e de comunidades locais, valorizando os produtos da sociobiodiversidade brasileira.

O gênero Vanilla tem ampla distribuição no Brasil, com ocorrência em todos os estados e no Distrito Federal, em uma vasta gama de habitats. Está presente em todos os domínios fitogeográficos e nos seus principais ecossistemas. Quatro espécies são consideradas de valor econômico atual ou de uso potencial. As informações agronômicas disponíveis sobre as baunilhas nativas são recentes e ainda muito fragmentadas, com foco apenas em aspetos básicos de taxonomia e biologia floral.

A produção de aromas de plantas nativas, como no caso da baunilha, pode proporcionar o desenvolvimento de novos produtos para a agroindústria, adequada às condições climáticas locais e aos pequenos produtores, com baixa mecanização e mão-de-obra familiar. A produção de baunilha pode ser uma alternativa ao pequeno produtor, que pode comercializar este produto desidratado, ou beneficiá-lo para a produção de extratos, entre outros produtos com maior valor agregado. Para isso, são necessárias pesquisas de prospecção de espécies vegetais nativas, uma vez que ainda não há conhecimento básico sobre as espécies nativas de Vanilla e, os poucos estudos existentes, são fragmentados e sem avaliação do mercado.