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Tema: feijão Embrapa 5.1.

Feijão comum geneticamente modificado para resistência ao mosaico dourado

O mosaico dourado do feijoeiro comum é uma doença que causa amarelecimento das folhas, nanismo, severa deformação das vagens e grãos e abortamento das flores. Outros sintomas que podem aparecer: superbrotamento, retardamento da senescência foliar ao final do ciclo, rugosidade e distorção (encarquilhamento) do limbo foliar. As perdas de produção de grãos podem variar de 40 a 100%, dependendo da incidência, da época de plantio e da cultivar utilizada. A doença, causada por um geminivírus transmitido pela mosca-branca, foi identificada nos anos 60 no Estado de São Paulo e disseminou-se por quase todas as regiões produtoras de feijão comum do país, principalmente aquelas de clima tropical. 
 
A busca por cultivares resistentes ao mosaico dourado foi iniciada na década de 70, tendo sido encontrados apenas baixos níveis de tolerância à doença. Não há cultivares com nível adequado de resistência ao mosaico dourado em utilização no Brasil, e também não foi observada imunidade à doença no gênero Phaseolus
 
Devido à dificuldade em se obterem plantas imunes a essa doença por meio de métodos de melhoramento convencionais, a Embrapa utilizou a engenharia genética e desenvolveu o feijão Embrapa 5.1, altamente resistente ao vírus do mosaico dourado do feijoeiro comum. Essa linhagem foi obtida a partir da estratégia de RNA interferente (RNAi), que consistiu na inserção de um fragmento de DNA derivado do vírus no seu genoma nuclear com o objetivo de gerar uma molécula de fita dupla de RNA que interfere no ciclo de replicação do vírus nas células do feijoeiro comum, silenciando o gene viral rep. Como consequência da falta de expressão do gene rep, a replicação viral é comprometida e as plantas tornam-se resistentes ao vírus. 
 
O evento Embrapa 5.1 é a base para o desenvolvimento de cultivares comerciais de feijoeiro de diversos grupos utilizados para cultivo no Brasil. 
 
As avaliações de biossegurança do feijão comum Embrapa 5.1 foram realizadas de acordo com as Resoluções Normativas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que  aprovou  o cultivo comercial do referido evento no seu parecer técnico 3024/2011. 
 
As análises genéticas e moleculares mostraram que os transgenes foram inseridos em um único locus do genoma nuclear e se mantiveram estáveis por várias gerações de autofecundação e após cruzamentos com cultivares comerciais não geneticamente modificadas (não-GM). A caracterização agronômica do feijoeiro comum Embrapa 5.1 não mostrou qualquer alteração fenotípica quando comparado com o feijoeiro comum parental não-GM. Os experimentos foram realizados em campos cultivados em Goiás, Minas Gerais e Paraná e os resultados mostraram que as plantas do feijoeiro comum Embrapa 5.1 não causaram qualquer impacto diferente ao meio ambiente, quando comparadas com as plantas de feijoeiro comum não-GM. 
 
A segurança ambiental do cultivo do feijoeiro comum Embrapa 5.1 foi demonstrada também por meio do estudo de possíveis efeitos sobre os diversos organismos que interagem com a planta em condições de campo. Não foram observados efeitos diferentes sobre populações de artrópodes associados ao feijoeiro comum Embrapa 5.1 e ao feijoeiro comum não-GM, tanto na parte aérea como na superfície do solo. Foram realizadas ainda, análises quantitativas e qualitativas da macro e mesofauna, sem que quaisquer alterações significativas tenham sido observadas. Adicionalmente, foram feitos estudos do impacto sobre rizóbio e a fixação biológica de nitrogênio, sobre outras bactérias do solo e fungos micorrízicos. Os resultados indicaram que o feijoeiro comum Embrapa 5.1 não tem impacto diferente do feijoeiro comum não-GM sobre as comunidades de micro-organismos associados à cultura, em condições brasileiras.  
 
A segurança alimentar do feijão comum Embrapa 5.1 foi demonstrada por vários estudos que confirmaram ser a sua composição substancialmente equivalente ao feijão comum não-GM parental. Extensa análise de composição foi realizada em grãos colhidos de campos cultivados nas três regiões do Brasil mencionadas. Os grãos foram submetidos à análise para determinação de teores de açúcares, vitaminas, minerais, aminoácidos, proteína total, extrato etéreo, ácido fítico e inibidores de tripsina. Os resultados mostraram que o feijoeiro comum Embrapa 5.1 é nutricionalmente semelhante aos feijoeiros não-GM cultivados no país. Também foram realizados estudos de alimentação de animais com o feijão comum Embrapa 5.1, os quais não mostraram alterações em relação aos animais que foram alimentados com o feijoeiro comum parental não-GM.
 
O feijoeiro comum denominado evento Embrapa 5.1 é uma ferramenta tecnológica que poderá beneficiar pequenos e grandes produtores de feijão comum. 
 

10 de julho de 2014