Bases de Dados

Tendo em vista o objetivo inicial, o desenvolvimento do Sistema de Inteligência Territorial Estratégica (SITE) da Macrologística Agropecuária Brasileira teve como prioridade agregar e compatibilizar diferentes fontes de dados oficiais. Foram inseridas informações sobre a infraestrutura portuária (Agência Nacional de Transportes Aquaviários - Antaq, Secretaria de Portos da Presidência da República - SE/PR etc.) e infraestrutura viária (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil - MTPA, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Agência Nacional de Águas - ANA etc.), infraestrutura de armazenamento (Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA etc.). Também foram levantadas fontes de dados sobre a produção agropecuária (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE/Sidra, Conab, MAPA etc.) e o comércio exterior (Sistema Integrado de Comércio Exterior - Sicomex, Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro – Agrostat/MAPA, etc.).

As bases de dados oficiais governamentais foram eleitas, tendo em vista a regularidade de atualização de dados e padronização das informações. Isso torna mais fácil a organização, compatibilização e espacialização dos dados em um sistema de inteligência e gestão territorial estratégica voltado para a Macrologística da Agropecuária. O sistema reúne acervos de dados numéricos, iconográficos e cartográficos, integrados em Sistemas de Informações Geográficas (SIG) apoiados em bancos de dados espaciais. Permite a geração de análises espaciais (sobreposições, cálculos de áreas, união de feições etc.) e a obtenção de resultados no formato de mapas, apresentações e relatórios (CARVALHO; DALTIO, 2014). A visão integrada e multifatorial favorece a contextualização e a análise integrada das situações territoriais e a geração de cenários evolutivos (MIRANDA et al., 2014).

Algumas dessas bases oferecem informações com regularidade anual como, por exemplo, a produção agropecuária do IBGE/SIDRA e as estatísticas de comércio exterior (eg. Agrostat/MAPA). Outras bases oferecem dados espaciais atualizados frequentemente, como as que tratam dos sistemas viários (ferrovias, rodovias e hidrovias) e das estruturas de armazenagem (armazéns da Conab). A regularidade desse conjunto de informações permite que a Macrologística da Agropecuária construa um histórico da situação da macrologística e que possa inferir e dar subsídios para a formulação de cenários de crescimento e deslocamento da produção agropecuária.

Os quatro grandes grupos de bases de dados podem ser organizados da seguinte forma:


Produção Agropecuária (bases de dados relacionadas ao acompanhamento da produção agropecuária do Brasil)

A principal fonte de dados sobre a produção agrícola brasileira é o IBGE. Em sua plataforma Sidra, pode-se encontrar dados agregados de pesquisas e estudos já realizados. São disponibilizados dados de produção e produtividade agrícola nacional, que são categorizados por ano, cultura, município e grande região brasileira. Outra fonte utilizada é a Conab. Ela fornece dados sobre previsão de safras e acompanhamento da produção e dos preços, além de informações sobre séries históricas, categorizadas por cultura, a partir da safra de 1976/1977 até o ano atual. Outros dados sobre produção podem ser encontrados no site do MAPA, onde são disponibilizados boletins mensais com estatísticas da produção brasileira, consumo de insumos no País e dados sobre as exportações brasileiras.

 

Infraestrutura viária (bases de dados relacionadas à infraestrutura utilizada para transportar - rodovias, ferrovias e hidrovias – e armazenar a produção agropecuária)

As seguintes fontes oficiais foram de extrema importância para a coleta dos dados sobre rodovias: Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, DNIT, CNT (Confederação Nacional do Transporte), Denatran (Departamento Nacional do Trânsito), ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias). O Ministério dos Transportes possui dados de demanda e oferta de todos os modais, com informações sobre localização, capacidade das rodovias e mapas já elaborados da situação atual delas. Alguns boletins estatísticos sobre o estado atual das rodovias, as concessionárias que as administram, frota nacional de veículos (por município, UF e tipo de veículo) e o perfil da frota nacional de veículos de carga por transportador foram fornecidos pela CNT e pelo Denatran. A ANTT disponibiliza relatórios anuais sobre o estado das rodovias e ainda possui informações sobre toda a infraestrutura do modal, concessões e acompanhamento de obras.

Sobre as ferrovias, o Ministério dos Transportes, a ANTF (Associação Nacional dos Transportes Ferroviários) e a ANTT dispõem de dados de toda a malha ferroviária brasileira. Também é possível encontrar informações sobre o PIL (Programa de Investimentos em Logística), com o detalhamento dos trechos previstos para concessão, e dados de conservação, tipos de produtos transportados, concessionária responsável, tamanho da bitola e a situação atual de cada uma das ferrovias. É importante ressaltar que algumas informações específicas sobre a movimentação e tipo de cargas transportadas podem ser encontradas diretamente com as próprias empresas privadas que dominam o setor, como a RUMO ALL, MRS Logística, EFC, Ferroeste e VLI.

Para as hidrovias, a Antaq, entidade vinculada à Secretaria de Portos da Presidência da República - SE/PR, possui um rico acervo de informações, com estatísticas anuais sobre o transporte aquaviário, como movimentação portuária, transporte via longo curso, transporte via cabotagem, transporte em vias interiores, movimentação de contêineres, frota e afretamento e acordos bilaterais. Além disso, divulga semestralmente um boletim informativo sobre o setor e um panorama com os destaques positivos e negativos do semestre. Também disponibiliza mapas de fluxo de transporte anual em hidrovias e as vias economicamente navegáveis. A ANA  possui um portal de metadados geoespaciais com um acervo de mapas interativos de balanço hídrico, bacias hidrográficas, hidrelétricas, rios principais, barragens e eclusas, em nível nacional.

A Conab, por fiscalizar e gerir as unidades armazenadoras, possui um grande acervo de informações sobre a localização desses armazéns, quantos são e a capacidade estática de cada um deles. O IBGE, na plataforma Sidra, fornece dados estatísticos de todas as unidades de armazenamento existentes no Brasil. Por ser uma base de dados agregados de diversas pesquisas, é possível criar uma tabela de unidades armazenadoras com dados sobre localização, capacidade útil de armazenamento, tipo de unidade armazenadora (armazéns convencionais, armazéns graneleiros e granelizados ou silos), tipo de propriedade da empresa (governo, iniciativa privada, cooperativa ou economia mista) e tipo de atividade dos estabelecimentos (comércio, indústria, supermercado, serviço de armazenagem ou produção agropecuária). Todos esses dados podem ser classificados por semestre, por ano e por níveis territoriais (município, unidade da federação, grande região).


Infraestrutura portuária (bases de dados relacionadas a localização, capacidade e produtos exportados/importados pelos portos)

A SE/PR possui dados sobre todos os portos do Brasil. Em mapas interativos, pode-se ver a localização de cada porto e os terminais marítimos e portuários de cada um deles.  Já na Antaq, agência vinculada à SE/PR, é possível obter as estatísticas de desempenho portuário, informações detalhadas sobre cada porto brasileiro, tipo de acesso que chega até eles (rodoviário ou ferroviário) e a classificação que lhes é atribuída segundo o poder administrativo e o tipo de navegação que recebem. No site da Antaq, também é possível ter acesso a mapas informativos com os elementos dos transportes aquaviários, a localização de cada porto e de cada terminal, bem como as empresas administradoras. O MAPA, na base de dados Agrostat, disponibiliza uma série de informações sobre os produtos da agropecuária que entram e saem dos portos brasileiros.


Exportação e Importação (bases de dados relacionadas a informações de importação e exportação de produtos da agropecuária)

Os dados gerais sobre o comércio exterior envolvem quantidade exportada, tipo de produto exportado, movimentação do produto até a saída do Brasil e países de destino. Essas informações são encontradas em diversas bases de dados. O Sicomex é um portal do Governo Federal de transparência dos processos de exportações e importações brasileiras. Ali encontram-se dados de estatísticas da balança comercial nacional por municípios, unidades da federação, Mercosul, países e blocos econômicos, cooperativas e trading companies. O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, na plataforma AliceWeb (Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior), divulga mensalmente e gratuitamente todas as estatísticas brasileiras e números acerca do comércio exterior. Esta base de dados (MDIC) foi escolhida em detrimento aos dados da Antaq pois com ela é possível realizar as pesquisas de movimentação filtrando por UF, por município, por porto, por grupo de mercadoria e por país de destino, garantindo as informações de fluxos de origem-destino das mercadorias exportadas. É possível realizar as pesquisas de movimentação filtrando por UF, por município, por porto, por grupo de mercadoria e por país de destino.

Além dessas bases de dados oficiais estruturadas e regularmente atualizadas, a Macrologística da Agropecuária pode ser alimentada com outras informações do setor, como projetos de expansão de portos, criação e/ou concessão de ferrovias e rodovias etc. A construção do Sistema de Inteligência e Gestão Territorial da Macrologística Agropecuária Brasileira  envolve  a  utilização  de  um conjunto  de  ferramentas  de software  e hardware  para  armazenar, organizar e analisar um grande número de planos de informação e imagens  de  satélite, permitindo a geração de análises espaciais e a disponibilização dos resultados obtidos por meio de apresentações, mapas, website, geoweb, entre outras formas digitais e impressas (CARVALHO; DALTIO, 2014).


Parceiros externos estratégicos

Além da consulta a essas bases de dados disponíveis, a interação com diversos órgãos das esferas federal, estaduais e municipais foi fundamental para quantificação da capacidade atual e futura dos portos. Aconteceram reuniões presenciais com vários agentes e houve participação na Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio (CTLog). Foram ouvidos diversos segmentos produtivos que são impactados pelas ações de políticas públicas. Pode-se citar parceiros fundamentais representantes das classes agrícolas, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Movimento Pró Logística, ligado à Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), além de representantes do setor privado ligados à logística, como a empresa Macrologística Consultoria e a Pavan Infraestrutura. Esses segmentos proporcionaram um aporte de informações cruciais para compreender a capacidade de implementação das proposições elencadas nas primeiras etapas do estudo, culminando nas projeções e demandas futuras aqui analisadas.

 

 

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