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06/02/19 |   Produção animal

Consórcio de pastagens com leguminosas traz benefícios para o produtor e para o ambiente

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Foto: Arquivo pessoal

Arquivo pessoal -

O uso consorciado de leguminosas forrageiras em pastagens pode reduzir a emissão de gases de efeito estufa sem impactar na produtividade animal. A Embrapa Agrobiologia apresentou os resultados de experimentos realizados na Bahia em um Dia de Campo em Itabela, no campo experimental da Estação de Zootecnia do Extremo Sul da Bahia (Essul), vinculada à Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). Participaram veterinários e zootecnistas, entre outros profissionais do ramo agropecuário.

Os experimentos apresentados envolvem pastagens de braquiária consorciadas com amendoim forrageiro (Arachis pintoi) e desmódio (Desmodium ovalifolium), cultivadas há mais de 30 anos na Estação. “Os participantes ficaram bastante surpresos, pois o consenso existente é de que as leguminosas precisam ser replantadas depois de um ou dois anos, gerando custo e necessidade de manejo. Mas mostramos que isso não é necessário no caso dessas duas leguminosas. Tivemos de replantar apenas uma única vez, depois de 15 anos, e só por causa de uma seca agressiva que atingiu a região”, explica o pesquisador Robert Boddey. Segundo ele, isso é fruto do trabalho das equipes do Ceplac e da Essul, que desenvolveram técnicas de manejo do solo e dos animais que promovem a persistência das leguminosas, mantendo a sustentabilidade das pastagens e a produção de leite ou carne.

A parceria com a Agrobiologia também é antiga, remontando à década de 1990. O foco da UD sempre foi a ciclagem de nitrogênio no sistema solo-planta-animal e o impacto da introdução de leguminosas fixadoras de nitrogênio nas pastagens. “Agora, nossas pesquisas estão sendo conduzidas com o intuito de avaliar o impacto da presença das leguminosas nas emissões de gases de efeito estufa das pastagens, considerando as emissões do sistema e o metano produzido pela fermentação da forragem no rumem do gado e expulso na arrota”, revela Boddey.

De acordo com ele, os dados preliminares são animadores. Obtidos em pesquisas desenvolvidas em parceria entre diversas instituições nacionais e internacionais, os resultados iniciais indicam que os taninos presentes no amendoim forrageiro e no desmódio contribuem para uma redução significativa de metano emitido nas pastagens consorciadas. “Os dados ainda estão sendo medidos e contabilizados, mas estamos muito confiantes”, adianta.

Outro benefício é que o nitrogênio fornecido pelas leguminosas não tem custo financeiro. “Além disso, ao contrário do fertilizante sintético, não há uso de energia fóssil em sua produção, não havendo, portanto, emissão de CO2”, acrescenta Boddey. Ele também explica que quando é feita a aplicação de nitrogênio fertilizante no solo sempre há a emissão de algum outro gás de efeito estufa, como óxido nitroso (N2O), e que isso também poderia ocorrer com os resíduos das leguminosas, que são ricos em nitrogênio. “Estamos quantificando essas emissões, bem como as oriundas de fezes e urina depositadas no solo”, destaca o cientista.

Parceria de décadas

Nos quatro dias anteriores ao Dia de Campo, uma equipe composta por trabalhadores do Ceplac e bolsistas da equipe de Ciclagem de Nutrientes da Embrapa Agrobiologia esteve no local para avaliar a taxa de acúmulo de carbono no solo desde o estabelecimento de consórcio de amendoim forrageiro com a pastagem, em 2004. “Em pastagens produtivas, especialmente naquelas que têm leguminosas como fonte de nitrogênio, estima-se que o solo é capaz de retirar gás carbônico da atmosfera e formar matéria orgânica, no processo chamado de sequestro de carbono”, diz. 

O Dia de Campo foi realizado pela Embrapa Agrobiologia e pelo Ceplac, com o suporte financeiro de Faperj, CNPq e Fontagro/Procisur, pelo projeto Intensificación sostenible de sistemas ganaderos con leguminosas: plataforma de cooperación latino-americana y del Caribe

Liliane Bello (01766/DRT-GO)
Embrapa Agrobiologia

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