18/04/16 |   Gestão ambiental e territorial

Mapas vão mostrar uma década de uso de terras desflorestadas na Amazônia

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Pasto, agricultura, mineração ou floresta secundária? Novos mapas de como as áreas desflorestadas da Amazônia Legal estão sendo usadas serão divulgados ainda no primeiro semestre deste ano, possibilitando a análise do intervalo de uma década dessa dinâmica. Muito demandados mundialmente, esses dados são produzidos unicamente no Brasil, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe, por meio do projeto TerraClass.

 

O mapeamento em vias de ser lançado traz uma novidade em relação às três edições passadas, que revelaram as condições de 2008, 2010 e 2012, cada ano por vez. Como explica o pesquisador Adriano Venturieri, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA), serão apresentados dados sobre dois anos simultaneamente, 2004 e 2014, permitindo ao público conhecer, pela primeira vez, as transformações no uso e cobertura da terra desflorestada na Amazônia no período de toda uma década.

 

Para qualificar a informação e classificar os tipos de uso e cobertura da terra pós-desmatamento, o TerraClass Amazônia tem por base a interpretação de imagens de satélite e tecnologias de geoprocessamento. Ao comentar como o trabalho vem evoluindo desde 2008, ano do primeiro mapeamento do gênero, Adriano Venturieri ressalta a importância e o significado do que está sendo gerado. "O mundo inteiro está de olho nisso. Geramos mapas, mas o benefício do resultado ultrapassa o mapeamento em si. Os dados são inéditos, gerados unicamente pela equipe desse projeto, demandados frequentemente e utilizados mundialmente", avalia.

 

Alessandra Gomes, chefe do Centro Regional da Amazônia (CRA) do Inpe, sediado em Belém, reforça o valor da parceria entre Inpe e Embrapa e do trabalho da equipe técnica, que esteve toda reunida em meados deste mês. "Houve aumento e renovação de pessoal. Ao conseguirmos reunir, pela primeira vez em um mesmo evento, todo o corpo técnico, fortalecemos ainda mais, para a próxima fase do projeto, o compromisso já assumido, e em prática desde o início, com a excelência no desempenho de cada um", disse ela na abertura do workshop que ocorreu nos dias 12 e 13 de abril no Inpe em Belém.

 

Dinâmica de processo

 

O pesquisador João Antunes, da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP), ressalta que um dos pontos fortes do encontro foi o balizamento de informações relacionadas à interpretação das imagens. "Pudemos nivelar mais ainda a percepção sobre as diferentes classes que mapeamos", afirma, lembrando que as classes temáticas evidenciadas no projeto são: agricultura anual, pasto limpo, pasto sujo, pasto com solo exposto, regeneração com pasto, vegetação secundária, mosaico de ocupações, mineração, área urbana e reflorestamento.

 

O foco inicial do projeto se ampliou ao longo dos anos. Da classificação a partir dos objetos identificados nas imagens (como pasto, por exemplo), os pesquisadores passaram a perceber também tendências na formação dos padrões e classes de uso e cobertura. Atualmente, segundo informa o pesquisador Alexandre Coutinho, da Embrapa Informática Agropecuária, "já é possível identificar a existência de processos em curso, cujas dinâmicas têm potencial para influenciar políticas públicas, a conservação do meio ambiente e a vida do produtor no campo".

 

O pesquisador e líder do projeto Júlio Esquerdo, também da Embrapa Informática Agropecuária, destacou que um dos resultados futuros do TerraClass será um Webgis, ou sistema de informações geográficas básico (SIG). "Isto permitirá disponibilizar mapas com informações facilmente identificáveis e compreendidas pelo público, até por quem é leigo em imagens de satélites e tecnologias de geoprocessamento", adianta ele.

 

O TerraClass Amazônia divulga dados bienais. Até agora houve três mapeamentos, relativos aos anos de 2008, divulgado em 2011; de 2010, divulgado em 2013; e de 2012, divulgado em 2014. No mais recente foram analisados 751 mil km², o que corresponde ao total de áreas desflorestadas na Amazônia mapeadas pelo Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal por Satélite) de 1988 até 2012. Essa área teve aumento de 43,5 mil km² quando comparada à área mapeada na primeira edição do projeto em 2008. Já a classe de agricultura anual teve um aumento de aproximadamente 7 mil km2, passando de 35 mil km2 em 2008 para 42 mil km2 em 2012. Este crescimento ocorreu quase que exclusivamente sobre áreas de pastagem (80%).

 

O projeto TerraClass Amazônia, que conta com financiamento do BNDES, é executado pela Embrapa, empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio de suas unidades descentralizadas sediadas em Belém-PA (Embrapa Amazônia Oriental) e Campinas-SP (Embrapa Informática Agropecuária), em parceria com o Inpe/Centro Regional da Amazônia.

 

 

Izabel Drulla Brandão (MTb 1084/PR)
Embrapa Amazônia Oriental

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