09/12/16 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Artigo - Vidas para a ciência

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Por Emilson França de Queiroz*

A revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB), editada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), completa, neste ano de 2016, cinco décadas de circulação ininterrupta. Passados esses 50 anos, um observador atento não pode deixar de constatar o fato de que uma revista criada com o propósito de comunicação científica de alta qualidade sobre agricultura e pecuária tem sido, na verdade, testemunha e agente de uma história de sucesso, de uma verdadeira revolução na capacidade tecnológica da agricultura tropical. 

A produção das diversas áreas do conhecimento, que se uniram para o êxito da pesquisa agropecuária e sustentaram o impressionante desenvolvimento da agropecuária brasileira − como Fisiologia Vegetal, Fitossanidade, Fitotecnia, Genética, Solos, Tecnologia de Alimentos e Zootecnia −, esteve, antes mesmo de sair dos laboratórios e campos experimentais e chegar ao sistema produtivo, expressa nos trabalhos técnico-científicos originais, inéditos, que preencheram as páginas do periódico. E, hoje, essas mesmas páginas, em processo contínuo, se abrem à produção das ciências em resposta a novos desafios.

Em outros termos, o sucesso da agropecuária brasileira, passado e presente, está alicerçado também no enorme acervo da produção científica e tecnológica da pesquisa agropecuária brasileira, da qual a PAB é uma pequena, mas representativa, amostra. A publicação posiciona-se ao lado de um seleto conjunto de periódicos brasileiros em áreas afins.

É justo reconhecer a iniciativa de criação da PAB, em 1965-1966, por parte dos engenheiros-agrônomos Ady Raul da Silva e Roberto Meireles de Miranda, quando diretores do então Departamento de Pesquisa e Experimentação Agropecuária (DPEA), do Ministério da Agricultura. Valorizar o trabalho do primeiro editor da revista, Jürgen Döbereiner, médico-veterinário, da  Universidade Rural do Brasil, ou do jornalista Luiz Carlos de Oliveira, responsável pela editoração.  Com o surgimento da Embrapa, a PAB, já consolidada, foi transferida do Rio de Janeiro para Brasília, onde contou com a dedicação de Luis Carlos Cruz Riascos, Raul Colvara Rosinha e Alert Rosa Suhet, aos quais tenho a honra de suceder na função de editor-chefe. Há ainda muitos profissionais que atuaram nas diferentes atividades técnico-científicas e operacionais da revista.

No entanto, é preciso destacar que a principal plêiade desse imenso acervo científico e tecnológico é constituída por autores e assessores científicos.  Pois esse admirável acervo técnico-científico resulta do trabalho de profissionais que dedicaram e dedicam suas vidas à ciência nos campos, laboratórios, casas de vegetação, escritórios, salas de aula ou bancas de pós-graduação.

A ciência, como a maioria das grandes atividades humanas, exige um alto custo de vidas a ela dedicadas, e posiciona-se num nível muito mais alto do que simplesmente o que se refere às taxas de retorno dos investimentos em pessoal, custeio e infraestrutura, aplicados em instituições de Ciência e Tecnologia. Assim, o desenvolvimento científico e tecnológico não acontece sem que muitas vidas humanas sejam inteiramente dedicadas à construção da ciência. Encerro citando Antoine de Saint-Exupéry, piloto de caça e escritor, a respeito dos heróis da aviação militar do século XX: "Nossa missão necessita de maior distanciamento e de mais tempo para ser compreendida em seu conjunto".

Emilson França de Queiroz

Pesquisador da Embrapa

Editor-chefe da PAB

Campos de atuação:
Climatologia, Estatística e Divulgação Científica

Embrapa Informação Tecnológica

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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