08/12/16 |   Agroecologia e produção orgânica

Embrapa realiza I Reunião Científica da Fazendinha Agroecológica

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Foto: Ana Lucia Ferreira

Ana Lucia Ferreira - Fazendinha Agroecológica Km 47, em Seropédica/RJ

Fazendinha Agroecológica Km 47, em Seropédica/RJ

A discussão e a apresentação de tecnologias integrantes dos trabalhos desenvolvidos na Fazendinha Agroecológica Km 47, em Seropédica/RJ - um local de experimentação em agricultura orgânica e agroecologia, mantido pela Embrapa Agrobiologia, em parceria com a Univrersidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e com a Pesagro-Rio - foram os objetivos da I Reunião Científica do espaço, realizada em 5 de dezembro. O evento contou com duas mesas-redondas e também com apresentação de pôsteres. "A grandeza deste evento foi justamente trazer as riquezas dos trabalhos desenvolvidos na Fazendinha. Foi uma satisfação enorme", apontou o pesquisador da Embrapa Ednaldo Araújo, um dos organizadores da iniciativa.
 
A primeira mesa-redonda falou sobre agricultura orgânica e a geração de conhecimentos, tendo como moderador o pesquisador da Embrapa José Guilherme Guerra. Apresentaram palestras e participaram da mesa os professores da UFRRJ Leonardo Duarte, Daniel Fonseca e Marcos Bacis, além da pesquisadora Maria do Carmo Fernandes, da Pesagro-Rio. Duarte, que foi o primeiro a se apresentar, falou sobre o tratamento, reuso e disposição final da água residuária, citando alguns dos principais desafios e impactos recorrentes de sua utilização, bem como algumas experiências que têm sido realizadas na Fazendinha Agroecológica para aproveitamento da água residuária proveniente do curral. "A legislação orgânica ainda não permite o tratamento dessa água, mas estamos fazendo diversas pesquisas e verificamos que a água que a gente usa, muitas vezes, tem mais problemas do que a água residuária tratada", destacou.
 
Fonseca, por sua vez, falou sobre o manejo da irrigação em sistema orgânico de produção e a busca pela distribuição da água de forma uniforme e eficiente. "Água em excesso compromete a vazão em outros locais e gera mais desperdício. Tendo em vista que a área potencialmente irrigável no Brasil é de 61 milhões de hectares, um dos maiores desafios é o manejo da irrigação, que seria a aplicação de água no momento e na quantidade adequados", explicou.
 
Bacis foi o terceiro a se apresentar e falou sobre experiências com o mapeamento e o monitoramento da qualidade dos solos da Fazendinha, destacando os trabalhos desenvolvidos sobre o tema desde 2002. "Que indicadores de sustentabilidade poderíamos usar? Precisaria ser sensível ao manejo, pra mostrar o que está sendo alterado, ter baixo custo, representar processos do solo e ainda ser fácil de medir. Então mapeamos três indicadores – disponibilidade de água, aeração e resistência à penetração – e os aplicamos em um mapa de variabilidade especial", contou.
 
Por fim, Fernandes falou sobre as perspectivas do uso da homeopatia na agropecuária. "A história da homeopatia é muito parecida com a da agricultura orgânica. Ela surgiu no século 19 a partir da insatisfação com a medicina pautada em sangrias, venenos, substâncias tóxicas", revelou a pesquisadora. Segundo ela, há muitas indicações de possibilidades para o uso da homeopatia na agricultura – e não apenas para tratamento de animais, mas também em sistemas solo-água e em vegetais. 
 
Sanidade 
 
A segunda mesa-redonda da reunião científica foi sobre sanidade animal e vegetal em sistema orgânico de produção, moderada pelo pesquisador Ednaldo Araújo e integrada pelos pesquisadores Luiz Augusto de Aguiar, da Pesagro-Rio, e Mônica Florião, da UFRRJ. Aguiar tratou da fitossanidade em agroecologia, falando como pode ser feito o controle alternativo de pragas e doenças. "É balela dizer que agricultura orgânica não tem pragas e doenças. É muito difícil fazer esse controle, mas há um conjunto de estratégias para evitá-las: vegetação com alturas diferentes para dificultar a ação do vento, plantas atrativas de inimigos naturais de pragas, incremento da matéria orgânica do solo para aumentar a biodiversidade, equilíbrio de nutrição e de água... No entanto, se isso tudo não for suficiente, há formas de controle alternativo, como o uso de caldas", ressaltou. Entre as técnicas apresentadas por ele destacam-se as caldas bordalesa, viçosa e sulfocálcica, o extrato de NIM, óleo mineral, produtos à base de bacilos, entre outras.
 
Florião, por sua vez, falou sobre o trabalho desenvolvido na Fazendinha referente à sanidade preventiva na bovinocultura leiteira, com ênfase em homeopatia. "Há uma dificuldade de propagar técnicas alternativas, pois antes de serem conhecidas já são desqualificadas. Mas são práticas viáveis de serem aplicadas e que previnem doenças. O manejo continua o mesmo, só é preciso mais atenção para se ter uma conduta preventiva. Além disso, gera menos resíduos, previne e gera menos resistência aos medicamentos tradicionais", destacou a profissional.
 

Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia

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