02/02/15 |   Agricultura familiar  Agroenergia

Questões sociais em debate na dendeicultura

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Ana Laura Lima

Ana Laura Lima - A integração do agricultor familiar à dendeicultura é o principal questionamento do projeto

A integração do agricultor familiar à dendeicultura é o principal questionamento do projeto

"A dendeicultura transforma a vida de quem?". Este é o questionamento de um projeto de pesquisa que a Embrapa Amazônia Oriental e parceiros desenvolvem na região nordeste do estado do Pará. Os resultados do trabalho vão gerar informações importantes para a pesquisa social e para o poder público, como o mapeamento geral das vilas na região da dendeicultura, os sistemas de produção praticados pelos agricultores familiares que plantam dendê, o perfil das suas famílias e os indicadores de inclusão social a partir do olhar de diferentes atores. O ineditismo do trabalho se dá em virtude da sua grandiosidade: percorrer uma amostragem de 10% das cerca de 1500 vilas dos 19 municípios da região que se destacam pela produção de dendê.

O projeto intitulado "Integração da Agricultura Familiar na Produção do Dendê no Pará: possibilidade de inclusão?" tem como objetivo analisar a inclusão social segundo indicadores construídos pelos próprios agricultores. A socióloga Dalva Mota, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, explica que o trabalho leva em consideração que existem diferenças históricas e socioeconômicas nos modos de fazer a agricultura na região amazônica e que por isso há uma diversidade nos modos como os diferentes atores se relacionam com as iniciativas geradas pela dendeicultura.

O plantio do dendê - ou palma de óleo - vem se expandindo nos últimos anos no Pará. De acordo com levantamento da Embrapa, dos 60 mil hectares plantados no estado em 2008, a área saltou para 160 mil hectares, em 2013, com destaque aos municípios de Tomé-Açu, Moju, Acará, Tailândia e Concórdia do Pará, no nordeste paraense. No contexto dessa expansão, está a integração de agricultores familiares, que por meio de contratos de compra e venda com as agroindústrias produzem o dendê nos seus estabelecimentos. A Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma) indica que hoje no estado 1.124 famílias estão integradas à dendeicultura por meio de contratos.

Essa relação desperta opiniões controversas de diversos segmentos, como o governo, o setor produtivo, ONGs, representações dos agricultores familiares e assalariados, entre outros. Se a produção do dendê, de um lado é tida como oportunidade de geração de emprego e renda no campo, por outro lado, é vista como uma ameaça à diversidade praticada nos estabelecimentos da agricultura familiar e à situação ambiental na região. "Portanto, precisamos dar respostas à sociedade e ao poder público sobre como essa dinâmica está impactando do ponto de vista social as comunidades e os estabelecimentos da mesorregião nordeste paraense", explica a socióloga.

Trabalho - A equipe do projeto já realizou quatro viagens a campo  entre o final de 2014 e o início deste ano. Os pesquisadores visitaram 15 municípios e ouviram cerca de 200 pessoas, considerados atores-chave das comunidades, técnicos, líderes comunitários ou moradores mais antigos que conhecem a história e a dinâmica geral do lugar. O projeto considera nas vilas os trabalhadores assalariados do dendê; os agricultores integrados – as famílias que plantam dendê em suas áreas e vendem às empresas mediante um contrato de compra e venda; e os que não têm relação direta com a atividade.

Com previsão de término para 2017, o projeto reúne hoje 22 membros, entre pesquisadores, estudantes e técnicos. "Serão produzidas publicações e dissertações com os resultados, que podem se tornar fonte de consulta para quem estuda as transformações no espaço rural", prevê a pesquisadora Dalva Mota.  As informações geradas serão também subsídios técnicos para a tomada de decisão do poder público, especialmente no que diz respeito a programas e políticas para agricultura familiar, as vilas rurais, os municípios e a região.

 

 

 

Ana Laura Lima (MTb 1268 PA)
Embrapa Amazônia Oriental

Contatos para a imprensa

Telefone: (91) 3204-1099 / 98469-5115

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Galeria de imagens

Encontre mais notícias sobre:

agriculturafamiliardendeinclusaosocial