29/08/17 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Unidade Mista de Pesquisa define em 30 dias os temas com os quais vai trabalhar

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Foto: Thiago César

Thiago César - Para Naime, desafio para a UMiP é trazer para o campo as tecnologias atuais utilizadas por cidades inteligentes e pela indústria 4.0

Para Naime, desafio para a UMiP é trazer para o campo as tecnologias atuais utilizadas por cidades inteligentes e pela indústria 4.0

Em aproximadamente um mês, a Unidade Mista de Pesquisa em Automação para a Sustentabilidade Agropecuária vai definir os temas de pesquisa que serão convertidos em projetos e desenvolvidos por ela posteriormente em sinergia com instituições de pesquisa e universidade e, em parceria com a iniciativa privada. 

Esse é o prazo que o chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP), Wilson Tadeu Lopes da Silva, calcula que será necessário para avaliar as propostas discutidas no Workshop de Automação Agropecuária realizado no dia 24, no Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre).

O evento representa um esforço para definir temas de projetos e equipes que comporão a Unidade Mista de Pesquisa (UMiP), integrada pelas duas unidades da Embrapa, em São Carlos (SP) – Instrumentação e Pecuária Sudeste, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Com o tema central focado no desenvolvimento de tecnologias voltadas à aplicação racional e sistematizada de insumos, visando o aumento de produtividade e sua maior eficiência, o workshop reuniu representantes do setor privado, instituições de pesquisa e universidades para discutir e apontar sugestões, visando a elaboração futura de possíveis projetos de pesquisa que deverão ser desenvolvidos no âmbito da UMiP.

Para o chefe de P&D, o workshop que conseguiu integrar numa tarde tantas competências demonstrou a importância de se trabalhar em rede e o interesse das instituições no tema. “É um modelo diferente de atuar, com compartilhamento de infraestrutura, de conhecimento e pessoal, o que quer dizer que aquele estereótipo de pesquisador sozinho no laboratório já está ultrapassado”, diz.

O workshop foi realizado observando quatro temas estabelecidos pela Embrapa e seguindo metodologia desenvolvida pelo Centro Avançado EESC para Apoio à Inovação (EESCin) da Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, que propõe a divisão dos participantes em grupos, com um mentor, para a discussão de temas, envolvendo desafios de cadeias produtivas.  

Em três dinâmicas, os grupos discutiram quatro temas envolvendo tecnologias de reconhecimento e intervenção para avaliação da variabilidade espacial; modelagem de fluxo, armazenamento e consumo de dados entre sensor, transmissor, nuvem, máquina e implemento; grande volume de dados; desenvolvimento de novos nutrientes e técnicas de aplicação.

Na próxima semana, a EESCin deverá se reunir com representantes da Embrapa para compilar e organizar as informações e, a partir daí levantar as ideias que tenham características para se converter em projetos. O próximo passo, que será implementado em um mês é convidar novamente os participantes que contribuíram com ideias e que tenham interesse em desenvolver os projetos.

Para o chefe-geral da Embrapa Instrumentação, João de Mendonça Naime, que apresentou um panorama dos desafios complexos e as excelentes oportunidades de desenvolvimento de projetos para alavancar a agropecuária brasileira é fundamental reunir diversas áreas do conhecimento para realizar projetos  que forneçam informações qualificadas e diagnósticos amigáveis que capacitam o gestor da propriedade rural a tomar decisões com maior nível de segurança sobre o retorno econômico de seu investimento e quanto á preservação ou recuperação ambiental da área de produção. O desafio que está colocado é trazer para o campo as tecnologias atuais utilizadas por cidades inteligentes e pela indústria 4.0, com internet das coisas e processamento de grande volumes de dados que o humano não é capaz de executar sem o auxílio das máquinas.

"É evidente que a Embrapa, uma universidade, ou empresa sozinha não teria condições de resolver essa equação. Precisamos das empresas privadas também”, diz.

Naime acredita que São Carlos reúne as condições para viabilizar a UMiP, porque conta um ecossistema de inovação interessante, com centros de excelência, parques tecnológicos com empresas incubadas e unidades da Embrapa. “Com esse projeto, pretendemos ter uma agilidade muito maior baseado no compartilhamento as nossas infraestruturas e eliminar diversas barreiras jurídicas para que estudantes  e professores possam ter maior mobilidade para trabalhar em qualquer uma das instituições envolvidas no projeto”, afirma.

Segundo ele, a celeridade visa a potencialidade da capacidade das instituições de ciência e tecnologia em gerar ativos de conhecimento para que a resposta à sociedade seja muito mais rápida. 

“E é muito importante o estabelecimento de parcerias com as empresas privadas, para que elas possam participar da execução dos projetos dentro desse conceito de inovação aberta. A UMiP não é apenas um projeto de pesquisa, é um conjunto deles, um modelo de trabalho que a gente quer desenvolver por muitos anos”, lembra.

Luiz Claudio Fantato, diretor-proprietário da Brutale, empresa são-carlense que atua no desenvolvimento de misturadores para ração, foi um dos participantes da iniciativa privada que vê com entusiasmo a iniciativa da UMiP, por ser uma novidade. “Como empresa, estamos sempre procurando algum nicho de mercado, alguma coisa nova para investir”, afirma.

Fantato disse que a empresa está aberta a novos desafios, até mesmo para vencer a sazonalidade que enfrenta todos os anos. “Estamos procurando parceiros que queiram se juntar a nós. E este é um fórum interessante para isso”, diz.

A pecuária é um dos segmentos que enfrenta diversos desafios, principalmente dentro da porteira, segundo o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Rui Machado. Um deles envolve a nutrição adequada de animais. Por isso, Machado acredita ser este o momento de definir as linhas de pesquisa com as quais a UMiP espera trabalhar. “Agora é o momento de ver os interesses do mercado, da sociedade e, a partir daí, desenvolver os projetos concretos, com metas, produtos esperados e resultados a serem entregues”, diz.

O workshop contou com a participação da chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, e de pesquisadores da Embrapa Monitoramento por Satélite e Embrapa Tabuleiros Costeiros. 

Unidade Mista de Pesquisa
A UMiP é um modelo de cooperação entre instituições que permite a união de competências e o compartilhamento de infraestrutura, de recursos humanos e financeiros, de forma sinérgica, a fim de obter resultados em comum, que seriam impossíveis de serem realizados isoladamente.

A iniciativa deve ocorrer em sinergia com os diferentes atores do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA) e da iniciativa privada para viabilizar a inovação nas cadeias agropecuárias.

Para o diretor do Centro de Apoio à Inovação da EESC, Daniel Varela Magalhães, a iniciativa da UMiP vai ajudar as instituições envolvidas a canalizar as competências para projetos conjuntos, sendo que muitas vezes, desenvolvem pesquisas paralelas no mesmo tema, sem saber o que o outro realiza. “ Há um leque muito grande de possibilidade de integração”, diz.

Magalhães acredita que as quatro áreas discutidas no workshop foram bem definidas para atender os gargalos da agricultura brasileira. No entanto, ele acredita que as discussões devem continuar, com retorno aos pesquisadores envolvidos, agregar os identificados com potencial de interação.

“Devemos manter o motor com plena energia para dar retorno a sociedade. O fato de ter muitas frentes pode ajudar a UMiP a mostrar resultados mais rapidamente em uma área ou em outra, mas sem intenção de competir. Ela tem grande potencial, porque tem três instituições respeitadíssimas, fortes, que quando começam a se mexer, ninguém consegue parar”, afirma.

O pró-reitor de Pesquisa da UFSCar, João Batista Fernandes, também acredita que o modelo isolado para o desenvolvimento de pesquisa já está ultrapassado e que a UMiP representa o futuro para as instituições que esperam trabalhar em sinergia. 

“Se a gente trabalhar sozinho, geralmente não vai ter todas as facilidades de chegar a algum um resultado que possa ser aplicado. Quando se trabalha em conjunto, ainda mais aproveitando toda a experiência dos pesquisadores e, principalmente da Embrapa, que já tem uma boa relação direta com os produtores, isso já vai facilitar bastante obter resultados positivos”, conclui.

Segundo ele, as propostas discutidas no workshop são importantes para reduzir a dependência da agricultura brasileira do exterior e para que ela tenha maior produtividade. 

Joana Silva (MTB 19554)
Embrapa Instrumentação

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