21/12/17 |   Agricultura familiar  Biodiversidade  Comunicação

Projeto Pedagroeco realiza primeiras oficinas de formação com juventude rural

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Maria Clara Guaraldo

Maria Clara Guaraldo - Vitória Paixão, liderança jovem da Comunidade Quilombola Serra Verde, Igaci, Alagoas

Vitória Paixão, liderança jovem da Comunidade Quilombola Serra Verde, Igaci, Alagoas

Fortalecer redes sociotécnicas do Nordeste que atuam no campo da agroecologia e na recuperação da agrobiodiversidade, considerando a participação da juventude rural e fazendo uso da produção multimídia para compartilhar conhecimentos e valorizar os contextos socioeconômicos locais. Esse é o objetivo do projeto "Metodologia de produção pedagógica de materiais multimídia com enfoque agroecológico para a agricultura familiar" (Pedagroeco), aprovado pelo Arranjo de Agroecologia do Nordeste, no âmbito de projetos coordenados pela Empresa, na área de Comunicação e Transferência de Tecnologia e liderado pela Embrapa Informação Tecnológica (Brasília, DF).

Com tempo de execução de dois anos - iniciado em 2017 e conclusão prevista para 2019-, este ano, o projeto mobilizou 60 jovens nos estados de Alagoas, Sergipe e Paraíba em oficinas que, nesta primeira etapa, priorizaram o intercâmbio de experiências e a valorização dos contextos locais, um trabalho ancorado na proposta metodológica da Pedagogia Griô, que busca a valorização da identidade e ancestraldiade das comunidades, suas  histórias de vida,  saberes e fazeres tradicionais. 

“O primeiro passo para realizarmos o planejamento dessa formação continuada é conhecer as realidades locais, para, em seguida, iniciarmos o planejamento das atividades e a construção dos conteúdos que serão compartilhados com a juventude rural”, destaca o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Fernando Fleury Curado, um dos coordenadores do Projeto.

Para o pesquisador, "as ações do projeto permitirão a integração das pesquisas realizadas pelos Núcleos de Agroecologia do Nordeste, tendo como foco o fortalecimento das experiências juvenis em torno da agroecologia". Participam do Pedagroeco as Unidades Descentralizadas – Embrapa Informação Tecnológica (Brasília, DF), Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), Embrapa Meio-Norte (Teresina, PI) e a Embrapa Semiárido (Petrolina, PE).

Para tornar possível a execução das ações, levando-se em conta o cenário de restrição orçamentária do País, o grupo gestor do Pedagroeco propôs uma dinâmica inovadora de atuação.

Em cada estado onde o projeto acontece estão sendo consolidados arranjos institucionais com a parceria de instituições externas, entre elas a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), os Institutos Federais de Educação, as Escolas Família Agrícolas (EFAs), núcleos de agroecologia de universidades federais, a Associação dos Agricultores Alternativos (AAGRA/AL), a Comradio do Brasil – empresa que mantém uma escola técnica profissionalizante em comunicação no estado do Piauí–, o Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC) - organização não governamental que atua no campo da assessoria técnica em agropecuária no estado de Sergipe, bem como coletivos de comunicação e cultura, como o Coletivo Macambira, com atuação no estado de Alagoas.

Povos e comunidades tradicionais

Em Alagoas, por exemplo, o primeiro evento de formação foi realizado de 8 a 10 de dezembro, no Quilombo Serra Verde, comunidade rural localizada no município de Igaci, que recebeu e hospedou os participantes. A proposta pedagógica da oficina foi construída pela Embrapa Tabuleiros Costeiros em parceria com os educadores e comunicadores das organizações não governamentais - Coletivo Macambira de Comunicação e Cultura (Palmeira dos Índios, AL) e Associação dos Agricultores Alternativos (AAGRA, AL).

Em Sergipe, a juventude rural do estado que integrará o projeto foi acolhida pela comunidade indígena da aldeia Xokó, área rural do município de Porto da Folha (SE), entre os dias 14 e 16 de dezembro. “Este encontro foi um momento precioso de intercâmbio de conhecimentos, que nos permitiu refletir sobre a valorização das nossas identidades e ancestralidades e perceber que esses dois elementos são fundamentais em um processo de formação que se propõe a construir coletivamente materiais pedagógicos multimídia com enfoque na agrobiodiversidade”, destaca Daniela Bento, comunicadora popular da Articulação Semiárido Brasileiro, no estado de Sergipe.

Nesse estado, a proposta pedagógica do primeiro encontro contou com a participação da Embrapa Tabuleiros Costeiros, da Rede Sergipana de Agroecologia, do Centro Dom José Brandão de Castro e da ASA Sergipe. Na Paraíba, o encontro reuniu em Lagoa Seca, nos dias 01 e 02 de dezembro, pela primeira vez, cerca de 30 jovens de seis das sete microrregiões onde a ASA Paraíba atua.

“Essa formação pode contribuir para a melhor divulgação do vinho de jabuticaba da serra. Trazer outros agricultores para o mercado de produção de vinho. Resgatar a cultura através de informações, panfletos, cartilhas informativas, boletins e vídeos. Fazer coleta e sistematização de dados. Os jovens do Agreste Alagoano podem ir até o produtor realizar entrevistas, tirar fotos e sistematizar informações que poderão ser colocadas no boletim e que possam chegar ao produtor de forma mais clara. Sabemos que a agroecologia existe, mas suas tecnologias ainda precisam ser mais bem disseminadas. Também podemos atuar no campo dos direitos dos quilombos, e fortalecimento da cultura local”, destaca um dos jovens presentes à oficina de Alagoas, Thales da Silva Gomes, estudante do curso de agroecologia promovido pela AAGRA em parceria com o Instituto Federal de Educação de Alagoas (IFS/AL).

Trabalhar o turismo de base comunitária sustentável também foi uma das propostas dos jovens que participaram da oficina do Pedagroeco em Sergipe. “O nosso meio de divulgar informações é através das mídias sociais, onde damos publicidade às fotos e às trilhas para estimular o turismo de base comunitária. Também usamos a contação de histórias para falar da nossa comunidade, das nossas tradições e identidades. E com o Pedagroeco podemos potencializar o nosso trabalho”, destaca o grupo de jovens que atua com o turismo de base comunitária na comunidade de Lagoa Redonda, no município de Pirambu (SE).

Perspectivas

Para 2018, estão previstas as oficinas no Piauí e na Bahia e a continuidade da formação nos demais estados. De acordo com a dinâmica de novos arranjos institucionais, no Piauí, o encontro está sendo construído pela Embrapa Meio-Norte, pelo Instituto Federal de Educação (IFS/PI) e pela Comradio Brasil e reunirá jovens de cinco Escolas Família Agrícolas (EFAS). Na Bahia, está previsto um piloto do projeto junto à Escola Família Agrícola de Sobradinho, tendo como parceiros a Embrapa Semiárido, o Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada (IRPAA) e o Projeto Bem Diverso/PNUD.

Projeto Bem Diverso

Com o objetivo de favorecer o uso sustentável da biodiversidade e a valorizar os meios de vida das populações, o projeto Bem Diverso é fruto de uma parceria entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) para conservar a biodiversidade brasileira e gerar renda para comunidades tradicionais e agricultores familiares.

Em 2017, o Bem Diverso também atuou em parceria com o Pedagroeco, patrocinando a formação do grupo gestor e de parte dos integrantes do Bem Diverso, em estratégias de educomunicação com enfoque na Pedagogia Griô. Esta atividade visa capacitar os coordenadores dos dois projetos em metodologias pedagógicas participativas para que possam atuar junto às comunidades rurais em processos formativos.

Comunicação para o fortalecimento local

O Projeto Pedagroeco foi construído a partir de um dos resultados do Projeto Ações de Capacitação e de Divulgação de Informações Tecnológicas para Apoio à Inclusão Produtiva Rural no Plano Brasil Sem Miséria (ACAR). Um dos Planos de Ação do ACAR foi o desenvolvimento participativo de oficinas de comunicação comunitária nos locais onde o PBSM estava sendo implementado. O trabalho recebeu este ano a certificação da Fundação Banco do Brasil e também da Embrapa, via Departamento de Transferência de Tecnologia, como tecnologia social reaplicável por se tratar de uma metodologia de comunicação construída junto com organizações não governamentais e instituições de pesquisa no campo da Educação e da Agroecologia.

Maria Clara Guaraldo (Mtb 5027/MG)
Embrapa Informação Tecnológica

Contatos para a imprensa

Telefone: 61 3448 - 2493

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Galeria de imagens

Encontre mais notícias sobre:

pedagroeco