21/05/18 |   Melhoramento genético  Produção vegetal

Embrapa e Fundação Cerrados lançam cultivares de soja para o Brasil Central

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Foto: Breno Lobato

Breno Lobato - Cultivares foram lançadas na vitrine de tecnologias da Embrapa na AgroBrasília 2018

Cultivares foram lançadas na vitrine de tecnologias da Embrapa na AgroBrasília 2018

Duas cultivares de soja de alta precocidade foram lançadas no dia 16 de maio, durante a AgroBrasília 2018, pela Embrapa e a Fundação Cerrados: a BRS 5980IPRO e a BRS 6780, ambas adaptadas a regiões sojícolas do Brasil Central. As variedades aliam alta produtividade e resistência às principais doenças da cultura.

O lançamento contou com a participação do diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Cléber Soares; do secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento do Distrito Federal, Argileu Martins; do chefe geral da Embrapa Cerrados, Cláudio Karia; da presidente da Fundação Cerrados, Cristiane Morinaga; e do presidente da Coopa-DF, Leomar Cenci; do coordenador administrativo do Instituto Soja Livre, Eduardo Vaz; e do embaixador do Sudão no Brasil, Abdel Alamin Al Hussein; além de produtores, empresários, técnicos e pesquisadores.

A parceria entre Embrapa e Fundação Cerrados e a participação da Empresa em todas as 11 edições da AgroBrasília foram destacadas por Cléber Soares. “Este é um momento ímpar de estarmos compartilhando nossa experiência e nossos desafios, entregando aos produtores rurais e às cadeias produtivas nossas tecnologias, informações, conhecimento e dados. O principal elemento para o aumento da produtividade nos trópicos se dá sob a adoção de tecnologia. Hoje, mais uma vez, a Embrapa entrega tecnologias de ponta, que são esses dois materiais de soja”, afirmou.

O esforço da Embrapa em pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias para que o produtor tenha sustentabilidade no negócio foi enfatizado por Cláudio Karia. “Nosso programa de melhoramento genético de soja, feito com a iniciativa privada, é diferenciado. Toda a tecnologia embarcada na semente é desenvolvida pensando na sustentabilidade da agricultura brasileira e para que a sociedade seja beneficiada”, explicou.

Leomar Cenci lembrou a importância da Embrapa para a história da Coopa-DF, principalmente na cultura do trigo, com o desenvolvimento de cultivares, mas também em soja. “Sempre há uma expectativa muito grande quando a Embrapa lança uma cultivar, porque sabemos que vem coisa boa por aí. Precocidade e resistência a doenças são muito importantes, principalmente para quem faz irrigação aqui na região”, observou.

Cristiane Morinaga falou sobre a honra de atuar em parceria com a Embrapa há quase duas décadas para o desenvolvimento de cultivares que atendam às demandas dos produtores, apresentando novidades todos os anos. “Contamos muito com essa visão de sustentabilidade e de parceria com o agricultor. Talvez a concorrência não tenha esses materiais que estão sendo lançados. Buscamos precocidade, o que muitas empresas também buscam, mas aliada à resistência a nematoides e à tecnologia Intacta”, disse, agradecendo à equipe da Embrapa.

O secretário Argileu Martins lembrou a relevância da Embrapa para a ciência em agricultura tropical. Ele apontou que o lançamento de cultivares precoces de soja demonstra que a Empresa “se reinventa todos os dias”, atenta aos acontecimentos econômicos, sociais e ambientais. “Essas variedades disponibilizam oportunidades aos produtores, quem sabe até de explorar nichos de mercado, como a soja orgânica. Parabenizo a Embrapa por ter a postura de olhar diferenciado, que faz com que nossa agricultura seja cada vez mais competitiva”, declarou.

Coordenador do programa de melhoramento genético da soja para o Cerrado, o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados (DF), Sebastião Pedro, agradeceu à Embrapa Soja (Londrina, PR), à antiga Embrapa Produtos e Mercado (DF) e à Fundação Cerrados pela parceria. “Isso nos dá a capacidade de não só entender o que os agricultores precisam como também desenvolver as soluções tecnológicas”, comentou. Ele e o pesquisador André Pereira apresentaram ao público as cultivares BRS 5980IPRO e BRS 6780.

Cultivares

A cultivar BRS 5980IPRO tem como principal diferencial a resistência a quatro raças (3, 4, 5 e 14) do nematoide de cisto (Heterodera glycines) e ao nematoide de galha (Meloidogyne javanica), problemas que causam sérias perdas na cultura da soja, aliada à alta produtividade. “É muito difícil um material reunir resistência a várias raças de nematoide de cisto junto com resistência a nematoide de galha. Essa talvez seja a ferramenta de manejo mais eficiente e barata para o principal problema dos nossos solos”, observou Sebastião Pedro.

A variedade tem ciclo superprecoce (100 dias), o que favorece o plantio de segunda safra. O pesquisador destacou o cuidado com o posicionamento da cultivar em virtude dessa característica e mencionou o trabalho de três anos realizado com o pesquisador Fernando Macena (Embrapa Cerrados). “Enquanto a linhagem estava sendo selecionada, ele estudou toda a fenologia e o sistema radicular e calculou, para as diversas regiões edafoclimáticas e altitudes, as datas ideais de plantio e de colheita. Isso traz uma segurança muito grande para o agricultor, pois a cultivar já nasceu dentro do zoneamento agrícola de risco climático para a soja”.

André Pereira explicou que a cultivar foi desenvolvida em função das demandas do setor produtivo da região. “Pela precocidade, vai viabilizar a segunda safra de milho. É um material com alto teto produtivo, que é o primeiro fator de decisão do produtor na escolha da variedade. Nos ensaios da Embrapa, obtivemos acima de 100 sc/ha de produtividade”, disse. Ele explicou que, por engalhar pouco, a BRS 5980IPRO pode ser cultivada com população de 380 mil a 400 mil plantas/ha, dependendo da região.

Já a BRS 6780 é a cultivar convencional mais precoce do mercado e foi selecionada no Distrito Federal, a partir de discussões do Grupo Agricultura Sustentável da Aprosoja Brasil. A variedade convencional é livre de transgênicos e, consequentemente, do pagamento de royalties. 

O ciclo hiperprecoce permite a colheita em até 90 dias nas condições do Distrito Federal, o que possibilita a utilização da sucessão de culturas, aumentando a sustentabilidade do sistema produtivo. “É um material que vai permitir que o agricultor faça com grande segurança o cultivo da safra de milho, que é muito importante para a região”, disse Pereira, acrescentando que o uso da cultivar convencional será uma alternativa para o manejo de plantas daninhas nas áreas de cultivo em pivôs de irrigação.

Sebastião Pedro destacou a qualidade do sistema radicular da cultivar e a produção sem uso dos principais defensivos químicos, durante a fase de testes, devido ao rápido desenvolvimento. “Com a BRS 6780, podemos aproveitar a estratégia do escape das doenças e dos insetos”, indicou.

“O agricultor certamente vai escalonar as operações e ter a oportunidade de economizar com insumos e agregar valor em prêmios (no preço de comercialização) tanto nos mercados de ‘Soja Livre’ como no de orgânicos, que tem consumidores de elevado poder aquisitivo”, apontou o pesquisador.

Representante do Instituto Soja Livre, Eduardo Vaz informou que no Mato Grosso, principal produtor de soja convencional do País, 13% dos 9,4 milhões de hectares de lavouras da oleaginosa do Estado já são de materiais livres de transgenia. “Registramos produtores da região do Alto Araguaia fechando a venda da saca de soja convencional a R$ 80 para a próxima safra”, informou, anunciando que a BRS 6780 fará parte dos lançamentos do instituto para a safra 2018/19.

No final do evento, Sebastião Pedro enfatizou o potencial produtivo e o caráter sustentável das novas cultivares. “O produtor que consegue fazer as contas sabe que as tecnologias colocadas pela Embrapa fazem sobrar dinheiro no bolso. Isso é importante do ponto de vista econômico, ambiental e social”, disse. 

As sementes já estão sendo comercializadas pelas empresas que fazem parte da Fundação Cerrados. Os contatos podem ser encontrados na página de cultivares da Embrapa: www.embrapa.br/cultivares.

Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados

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