04/10/18 |   Agroecologia e produção orgânica  Segurança alimentar, nutrição e saúde

Embrapa apresenta vitrine permanente de tecnologias sociais em Belém

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Ronaldo Rosa

Ronaldo Rosa - A horta orgânica vertical para pequenos espaços é uma das tecnologias sociais apresentadas

A horta orgânica vertical para pequenos espaços é uma das tecnologias sociais apresentadas

A Embrapa apresentou em Belém, nesta quinta-feira (4) uma vitrine permanente de tecnologias sociais voltadas à promoção da saúde, qualidade de vida e sustentabilidade, para o público urbano, periurbano e rural. Ao todo, são seis tecnologias de baixo custo de instalação e fácil utilização, além do Espaço Saberes, todos vinculados ao Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da (Nures) da Empresa. No local, o público pode conhecer as tecnologias em visitas guiadas, assim como participar de cursos de capacitação gratuitos.

A solenidade de apresentação reuniu colaboradores, instituições parceiras e moradores dos bairros do entorno da sede da Empresa, um dos públicos-alvo dos trabalhos desenvolvidos pelo Nures. Para o chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Adriano Venturieri, o núcleo é um dos exemplos das várias formas de atuação da Empresa, e que vai para além do agronegócio, e demonstra a retribuição à toda sociedade, seja ela rural ou urbana, com ações que visam à saúde global, pois envolve tecnologias de saneamento básico, produção de alimentos bioforticados, hortas orgânicas, entre outras.

O evento simulou um dia de campo, no qual o público visitou estações representando cada uma das seis tecnologias sociais disponíveis, mais o espaço saberes. São elas: fossa séptica biodigestora (para várzea e terra firme); produção orgânica de hortaliças; cultivares biofortificadas; canteiro vertical de horta orgânica; biocompostagem; sistemas agroflorestais (SAF).

Edna Sodré, responsável pelo Nures, explicou que o espaço é uma forma da Embrapa dialogar permanentemente com a sociedade em geral, porém com foco especial às comunidades carentes do entorno, para a promoção e troca de saberes que possam gerar são apenas saúde e qualidade de vida, mas também renda. Uma das formas de acesso a renda é a realização de cursos e oficinas, seja de produção de alimentos como as hortas, para a segurança alimentar da família e venda de excedente, como a produção de artesanato a partir da reutilização de materiais reciclados, sementes e cascas.

Parceira do projeto desde 2009, a hoje artesã Neida Reis, moradora da comunidade do Pantanal, bairro do Curió-Utinga, aproveitou o evento para mostrar e comercializar os diversos produtos feitos a partir da troca de saberes realizada no espaço. Ela contou que por meio dos cursos, adquiriu novas habilidades, além de conhecimentos que beneficiam sua família, para uma alimentação mais saudável e de baixo custo, como toda a comunidade. “Nada mais é lixo, podemos reaproveitar tudo e ainda ganhar dinheiro com isso”, avaliou a comunitária.

Saneamento – Uma das tecnologias que mais chamaram a atenção do público foi a fossa séptica biodigestora. O engenheiro agrônomo da Embrapa Silvio Levy explicou que com baixo custo de investimento, a fossa pode ser utilizada nas áreas de várzea e terra firme, em locais sem saneamento básico, promovendo saúde global às comunidades. “Além de não contaminar os lençóis freáticos, a fossa gera um produto que pode ser utilizado como adubo para frutíferas e madeiráveis”, comentou. Em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado (TJE-PA), um modelo similar da fossa séptica foi instalado, no ano passado, na Escola Municipal Santana do Aurá, localizada no antigo lixão da Região Metropolitana de Belém, área sem acesso aos serviços de saneamento básico.

Conheça as tecnologias:

Fossa séptica biodigestora - De fácil instalação e custo acessível, trata o esgoto do vaso sanitário (ou seja, somente a água com urina e fezes humanas) de forma eficiente. Produz um processo fermentativo anaeróbico, que substitui a fossa negra e transforma resíduos humanos, em um produto com baixa ou nenhuma carga biológica, que pode ser utilizado como biofertilizante, no cultivo de fruteira e madeiráveis.

Produção orgânica de hortaliças - É um serviço de capacitação que aborda os princípios da produção orgânica de hortaliças com ênfase na adubação orgânica, proveniente da biocompostagem e/ou transformação de resíduos de alimentos, em fertilizantes, além de resíduos de poda, para o cultivo de hortas domésticas e/ou comercial, garantindo a produção de alimentos saudáveis.

Cultivares biofortificadas - São culturas alimentares com maior valor nutricional, obtidas por meio de melhoramento genético convencional, ou seja, por meio de seleção e cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando alimentos mais nutritivos, ricos em ferro, zinco e vitamina A, excluindo assim, ações transgênicas. A produção de cultivares biofortificadas  visa enriquecer alimentos que já fazem parte da dieta da população, principalmente das camadas sociais mais carentes, para que esta possa ter acesso a produtos mais nutritivos e que não exijam mudanças de seus hábitos de alimentares.

Canteiro vertical de horta - A horta vertical é uma técnica de jardinagem que utiliza vários recursos para permitir que as plantas cresçam para o alto em vez de crescer ao longo da superfície do jardim. Entre as vantagens, está a possibilidade de acomodá-la em pequenos espaços, como a varanda, área de serviço e até mesmo em um canto da cozinha. É simples, prático, de baixo custo operacional e ainda possibilita o uso racional da água. É ainda ergonomicamente correto e favorece uma melhor postura para produção, apropriada, inclusive, para idosos e cadeirantes.

Biocompostagem - É uma prática agropecuária de transformação de resíduos de origem vegetal e/ou animal, por ações de microrganismos, gerando um tipo de adubo denominado composto orgânico, que contém propriedades físico químicas desejáveis à nutrição do solo. É uma excelente forma de aproveitamento dos restos vegetais e animais oriundos da atividade agropecuária ou a sobras de alimentos domésticos. Com relação ao meio ambiente, a prática reduz ou elimina a quantidade de resíduos orgânicos encaminhados para lixões ou aterros sanitários.

Sistemas agroflorestais (SAF) - São sistemas integrados de produção de culturas alimentares, frutíferas e florestais, visando à diversificação e o aumento da produção agrícola, com melhorias do uso do solo agregando valores econômicos, sociais e ambientais. Consiste em plantar, de forma integrada, uma diversidade de vegetais, com ciclos de vida diversos, intercalados de forma que se possa aproveitar o espaço de plantio, tanto na vertical quanto na horizontal. O SAF imita as florestas naturais e tem o potencial de produzir hortaliças, grãos, tubérculos, frutos, madeiras e plantas capazes de fertilizar o solo, sendo ao agricultor uma alternativa de elevado potencial para produção de alimentos, geração de renda e restauração ambiental e segurança alimentar, em especial à agricultura familiar.

Espaço saberes - Não se configura especificamente em uma tecnologia social em si, mas é o espaço físico onde ocorre a interação e a integração mais direta entre a equipe do Nures e a comunidade. Possibilita um ambiente propício à socialização das tecnologias sociais e experiências integradas que são desenvolvidas, por meio do intercâmbio de saberes populares com as técnicas que são disponibilizadas por meio de capacitação interativa, com vias ao estimulo à geração de trabalho, renda e qualidade de vida.

Kélem Cabral (MTb 1981/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

Contatos para a imprensa

Telefone: (91) 3204-1099

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/