13/12/19 |   Transferência de Tecnologia

Agentes públicos e produtores validam zoneamento de milho com braquiária para SE

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Foto: Saulo Coelho

Saulo Coelho - Reunião aconteceu na Embrapa em Aracaju

Reunião aconteceu na Embrapa em Aracaju

Produtores do cinturão do milho sergipano, conglomerado de municípios do Agreste com destaque regional e nacional em produção e produtividade, reuniram-se com pesquisadores da Embrapa e agentes públicos de desenvolvimento agropecuário para validar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para o plantio de milho em consórcio com a gramínea braquiária.

O zoneamento para a combinação dessas duas culturas era um anseio antigo dos produtores em diversas regiões do país. Sem esse instrumento, os bancos públicos e os programas federais de seguro agrícola ficavam impedidos de oferecer linhas de financiamento e contratos de seguro para o plantio consorciado do grão com a forrageira, tradicionalmente considerada uma competidora prejudicial no campo.

Desenvolvido pela Embrapa e parceiros, o ZARC é um método aplicado no Brasil por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que proporciona a indicação de datas ou períodos de plantio/semeadura por cultura e por município, considerando as características do clima, o tipo de solo e ciclo de cultivares, de forma a evitar que adversidades climáticas coincidam com as fases mais sensíveis das culturas, minimizando as perdas agrícolas.

Reunião
A reunião para validação do ZARC Milho + Braquiária nos municípios sergipanos aconteceu na sexta (13) na Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), e teve a presença do superintendente do Mapa no estado Haroldo Araújo Filho, do superintendente do Senar-SE Dênio Leite e do presidente da Associação de Engenheiros Agrônomos de SE Fernando Andrade, além de representantes do Banco do Nordeste, da Conab, Codevasf, Emdagro, produtores de milho, consultores técnicos e empresas de insumos.

O ZARC para o consórcio milho e braquiária foi apresentado por videoconferência pelo pesquisador Fernando Macena, da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF). Atualmente, o consórcio de milho com braquiária passa pela etapa de validação do zoneamento em 11 estados brasileiros (Tocantins, Bahia, Sergipe, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Maranhão e Piauí). 

Após a discussão, ajustes e validação das janelas de plantio nos municípios produtores, conduzida pelo chefe de Pesquisa da Unidade da Embrapa em Aracaju Ronaldo Resende, a Embrapa preparará a nota técnica que será encaminhada ao Mapa para publicação oficial, já valendo para a safra de 2020. 

No Agreste de Sergipe, o período mais favorável para o plantio e com menor risco de perda vai do início de abril até meados de junho, com preferência tradicional dos produtores por variedades de ciclo precoce – cerca de 100 a 110 dias da germinação até o ponto de colheita. Destacam-se municípios como Carira, Poço Verde, Simão Dias, Pinhão e Nossa Senhora Aparecida.

Para o produtor e consultor Flávio Almeida, a reunião foi extremamente produtiva. “Com o zoneamento validado, os produtores terão acesso aos programas públicos, que passam a reconhecer uma prática agrícola já usada há um bom tempo, e traz sustentabilidade e, ganhos e benefícios, especialmente em regiões de escassez hídrica”, comemorou.

Haroldo Filho celebrou a validação do zoneamento de milho com braquiária como uma grande conquista em termos de política pública para os produtores de Sergipe e do Brasil. “O Mapa está atento a esses movimentos e tem demandado uma atuação efetiva das superintendências estaduais para trazer soluções com rapidez para o setor produtivo, independentemente do tamanho da propriedade”, destacou.

Produção
A produção e produtividade de milho em Sergipe começam a ganhar força a partir do início dos anos 2000, e apresentam um salto marcante a partir de 2006, superando as médias nordestinas e mantendo níveis de produtividade em torno da média nacional. Ano após ano, são anotados recordes de safra e um maior destaque no Nordeste. 

Após a severa estiagem de 2016, que gerou quebra de safra e trouxe preocupações e problemas aos produtores, no ano seguinte, de acordo com dados do IBGE, Sergipe apresentou o maior crescimento anual de produção na região Nordeste – 462,9%, superando Ceará (225,5%), Piauí (139,6%) e Maranhão (139%).

Na base de dados Sidra, do IBGE, analisando-se a série histórica da região agrícola do Agreste Sergipano de 2003 a 2017, verifica-se um crescimento da área plantada de 42 mil para 68,6 mil hectares e um impressionante salto de 43,7 mil para 368,5 mil toneladas produzidas, com elevação da produtividade média de 1,1 mil para 5,44 mil toneladas por hectare. Isso significa dizer que a produtividade do milho na região evoluiu de menos da metade da média nacional para se igualar à mesma em menos de 15 anos.

Os números absolutos do estado como um todo, que incluem também áreas importantes de produção, principalmente nos Tabuleiros Costeiros e Médio Sertão, impressionam de igual forma. A produção subiu de 86,5 toneladas em 2003 para 843,8 em 2017 – dez vezes mais grãos produzidos – enquanto a área plantada teve aumento apenas de 131 mil para 169,5 mil hectares, o que representa um enorme ganho de produtividade, de até cinco vezes mais, ocupando o primeiro lugar isolado nesse quesito na região Nordeste.

Benefícios da braquiária
A gramínea braquiária tem sido cada vez mais vista como um verdadeiro “capim-santo” para as culturas de grãos na região dos Tabuleiros Costeiros e Agreste da nova região do SEALBA – que compreende áreas de alto potencial em Sergipe, Alagoas e Bahia. 

Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa na região têm apontado resultados surpreendentes, tanto na conservação e melhoria de solos em áreas nativas e cultivadas como na produtividade das culturas de grãos, que a cada ano ganham mais força em diversas áreas.

Pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) observaram que a braquiária exerce um importante papel na suavização tanto dos efeitos do excesso de chuvas quanto da estiagem.

Os experimentos mostraram que, comparativamente a áreas cultivadas com milho sob preparos de solo convencional, cultivo mínimo e plantio direto, áreas com cobertura de braquiária apresentaram, em média, 68% de aumento na taxa de infiltração de água no solo, após sete anos da introdução da gramínea.

Estudos realizados pelos pesquisadores em anos anteriores têm demonstrado as propriedades da braquiária na melhoria do solo. “Numa região de chuvas irregulares como os Tabuleiros Costeiros do Nordeste, o uso da braquiária nesses sistemas de grãos pode auxiliar atuando como cobertura morta na retenção de umidade no solo em um ano seco, bem como na prevenção de encharcamentos em anos chuvosos pelo fato de sua raiz atuar descompactando o solo” explica Edson Patto. 

O gênero Brachiaria é bastante amplo, com mais de 80 espécies, em sua maioria de origem africana. Estudos indicam que a primeira introdução oficial no Brasil foi da Brachiaria decumbens na década de 1950. A partir dos anos 60, a gramínea passa a ser mais amplamente reconhecida, a partir das importações de grandes quantidades de sementes das espécies ruziziensis e brizantha e introdução em áreas da Amazônia, Centro-oeste e Sudeste do país. 

Desde então, as diversas espécies de braquiária têm sido bastante usadas em todo o mundo tropical, pois são adaptadas a solos ácidos e de baixa fertilidade, apresentado boa tolerância a alto teor de alumínio e a baixos teores de fósforo e cálcio no solo.

Acesso a programas governamentais
Para ter acesso ao Proagro, ao Proagro Mais e à subvenção federal ao prêmio do seguro rural, o produtor deve observar as recomendações desse pacote tecnológico. Além disso, alguns agentes financeiros já estão condicionando a concessão do crédito rural ao uso do zoneamento.

No Brasil, mais de 40 culturas já foram contempladas com o ZARC. A ferramenta é utilizada em apoio à tomada de decisão para o planejamento e a execução de atividades agrícolas, para políticas públicas e para a seguridade agrícola, as principais culturas agrícolas brasileiras já estão contempladas no zoneamento.

Saulo Coelho (MTb/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros

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