21/11/19 |   Agroecologia e produção orgânica

Agrobiologia marca presença no Congresso Brasileiro de Agroecologia

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Foto: Saulo Coelho

Saulo Coelho -

Foi realizada de 4 a 7 de novembro, em Aracaju/SE, a 11ª edição do Congresso Brasileiro de Agroecologia, sob o tema Ecologia de saberes: ciência, cultura e arte na democratização dos sistemas agroalimentares. A Embrapa Agrobiologia esteve presente no evento, representada pelas pesquisadoras Mariella Uzêda e Cristhiane Amâncio. “O evento esteve muito pautado em técnicas que permitem adequação local. O alicerce foi a cultura dos povos tradicionais e originários, muito representados por comunidades estabelecidas no Nordeste, de cultura afrodescendente e indígena, além de agricultores familiares com ampla tradição de convívio com a seca”, conta Mariella.

Ao todo, mais de 3 mil pessoas participaram do evento ao longo dos quatro dias de programação, com a presença de mais de 600 agricultores e membros de diversas etnias indígenas.  “Por ter sido realizado dentro da Universidade, ao invés de em um centro de convenções, foi um congresso diferente, mais popular, aberto ao público. Isso possibilitou a participação de muitos estudantes e agricultores. Foram caravanas e caravanas de agricultores que estiveram lá para ouvir e também debater temas que estavam na programação”, revela Cristhiane.

Segundo Mariella, a ampla participação dos povos indígenas e agricultores familiares contribuiu para a aproximação de segmentos, uma vez que eles têm grande conhecimento da biodiversidade local e do seu uso como medicamento e para a manutenção da soberania alimentar. “O aspecto cultural foi transversal em todos os painéis, discutindo a perda da biodiversidade associada a mudanças de hábitos alimentares. Outro tema bastante discutido foi o perfil e o caráter homogeneizador dos grandes mercados, o que leva à necessidade da criação de mercados comprometidos com a transição agroecológico e com o apoio à agricultura familiar”, ressalta.

Na programação do Congresso, Mariella falou sobre bioinsumos enquanto substância, prática ou processo que pode auxiliar na produção de alimentos. “Destaquei as ações da nossa Unidade e apontei a importância de uma política voltada a bioinsumos ser fundamentada em um território e suas características”, aponta. Ela explica: “Essas substâncias, práticas e processos podem ter diferentes graus de eficiência a depender da paisagem em que está inserido o agricultor. Um agricultor que está em uma área completamente desmatada e circundado por agricultores convencionais, por exemplo, certamente não terá sucesso no uso de bioinsumos.” 

Já Cristhiane mostrou um recorte mais focado na agroecologia e na transição agroecológica. “Em três trabalhos apresentamos dados de análise de agroecossistemas para compreender como ocorre a transição e que estratégias são utilizadas pelas famílias para transitar do sistema tradicional para o agroecológico”, conta. A intenção, segundo ela, é compreender e discutir as dinâmicas sociais, econômicas e ecológicas do sistema de produção. 

Outra temática trabalhada pela pesquisadora durante o congresso foi a questão da construção social de mercados por meio de feiras e circuitos curtos de comercialização, e a importância da parceria com o Estado para fomentar esses espaços. “Falamos sobretudo da aprendizagem coletiva, a exemplo do que era a Escolinha de Agroecologia de Nova Iguaçu, que era uma parceira da Emater-Rio com várias organizações, e que teve importante papel para dinamizar feiras e mercados na baixada fluminense”, diz. “Também tivemos alguns momentos de reflexão e discussão sobre o papel das instituições públicas de ciência, tecnologia e ensino para fortalecer os sistemas agroalimentares sustentáveis, e em breve devemos concluir um documento síntese do que nosso Grupo de Trabalho de construção do conhecimento agroecológico observou a partir dos trabalhos apresentados ao longo do Congresso”, complementa.

Sobre o evento

O Congresso Brasileiro de Agroecologia reuniu mais de 2 mil trabalhos científicos, com 16 eixos temáticos, 10 conferências conjuntas e dezenas de rodas de conversa sobre temas que abrangeram desde a agroecologia em si até empoderamento LGBTQI+, feminino e dos negros na agroecologia. Os espaços permanentes tiveram área de alimentação com produtos agroecológicos, palco para expressões musicais e artísticas, oficinas e comercialização de produtos. Além disso, o evento também englobou, pela primeira vez, o Festival Internacional de Cinema Agroecológico (Ficaeco).

Dezenas de profissionais da Embrapa contribuíram para a realização do congresso, tanto na organização quanto na apresentação de trabalhos. Estiveram representadas as seguintes Unidades da Embrapa: Tabuleiros Costeiros (uma das principais responsáveis pela organização), Agrobiologia, Amazônia Oriental, Amazônia Ocidental, Acre, Caprinos e Ovinos, Uva e Vinho. Agroindústria Tropical, Algodão, entre outras. 

Leia também: Congresso Brasileiro de Agroecologia fia a teia da ecologia de saberes

Liliane Bello (DRT 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia

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Mais informações sobre o tema
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