16/07/20 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Unidades adaptam estruturas para atuar no combate à pandemia

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Foto: Embrapa Suínos e Aves

Embrapa Suínos e Aves - Laboratórios da Embrapa se adaptam para realizarem diagnósticos para Covid-19

Laboratórios da Embrapa se adaptam para realizarem diagnósticos para Covid-19

Formação de equipes multidisciplinares, treinamento, adaptação de laboratórios e muita disposição para realizarem diagnósticos de Covid-19 para a população 

Localizado em Concórdia (SC), na Embrapa Suínos e Aves, até pouco tempo atrás o Laboratório de Sanidade e Genética Animal realizava pesquisas nas áreas de sanidade - identificando e estudando novos vírus, parasitas e bactérias de aves e suínos – e de genética animal, com foco em pesquisas com genética molecular e reprodução animal. Em Campo Grande (MS), o Laboratório Multiusuário de Biossegurança para a Pecuária (Biopec), inaugurado em 2017, realizava atividades que envolviam patógenos de alto risco biológico para a cadeia da pecuária, causadores de doenças como salmonelose, brucelose, tuberculose e doenças êntero-hemorrágicas.

Em São Carlos (SP), na Embrapa Pecuária Sudeste, o laboratório de Microbiologia é voltado para estudos de mastite bovina e de desenvolvimento de métodos moleculares para diagnóstico da tuberculose, enquanto o laboratório de Biotecnologia Animal atende às linhas de pesquisa para análises de microbiota de ruminantes e de genes de resistência, além de estudos epigenéticos relacionados à verminose bovina e ovina.

Localizados nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste, respectivamente, e com objetivos diferenciados, os laboratórios da Embrapa mudaram suas rotinas e passaram a atender uma nova demanda: realizar testes diários de Covid-19. 

Os laboratórios da Embrapa Pecuária Sudeste têm previsão de entrar em produção nas próximas semanas, enquanto os da Embrapa Suínos e Aves e Gado de Corte já realizam os testes há aproximadamente 2 meses. São muitos desafios até chegar ao estágio de produção dos testes. Montar uma equipe multidisciplinar, treiná-la e adequar os laboratórios para que possam servir a uma função tão nobre quanto ao da pesquisa agropecuária.

Preparação em São Carlos

Em São Carlos, a Embrapa Pecuária Sudeste recebeu a habilitação em junho pelo Instituto Adolfo Lutz para realizar os diagnósticos.A expectativa é que em julho sejam iniciados os primeiros testes. Inicialmente, serão recebidas amostras coletadas pela Secretaria Municipal de Saúde, apoiando a rede local de diagnósticos.A capacidade mensal será de aproximadamente 500 testes, com resultados em 48 horas.

Doze empregados participam do processo, seis do setor de laboratórios e seis pesquisadores. A etapa de extrações de RNA viral será realizada no Laboratório de Microbiologia, que possui cabine de segurança biológica 2-A, certificada recentemente. De acordo com a analista Cintia Okino, a cabine tem contenção primária no trabalho com agentes de risco biológico, minimizando a exposição do operador, do produto e do ambiente. As etapas posteriores, de preparo das amostras, serão realizadas no Laboratório de Biotecnologia Animal. Na foto (ao lado) técnico da Embrapa apresenta parte do laboratório que será utilizado.

Segundo Alexandre Berndt, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sudeste, o processo de adequação do centro de pesquisa e a habilitação dos laboratórios para os testes exigiram grande esforço das equipes técnica e gerencial da instituição. “Tínhamos infraestrutura disponível e equipe com expertise em diferentes áreas do conhecimento, mas isso não bastava. Existe um arcabouço normativo que foi necessário vencer e ainda estamos trabalhando para superar outros passos gerenciais. Foi bem complexa essa gestão de todos os requisitos, mas o objetivo de diagnosticar o SarsCov2 manteve todos motivados e persistentes”, ressaltou.

Berndt contou que a habilitação, por exemplo, é uma prova de competência. O Instituto Adolf Lutz enviou seis amostras “cegas” para os testes. Após análises, a unidade de pesquisa encaminhou o relatório com os resultados obtidos e recebeu a aprovação.Os laboratórios também passaram por adequações. Os técnicos Cinta Okino e Márcio Rabelo desenvolveram protocolos, idealizaram e realizaram a organização dos laboratórios. Os pesquisadores envolvidos – Lea Chapaval, Simone Niciura e Marcia Oliveira validaram os protocolos, avaliaram a adequação dos espaços e participaram dos treinamentos ministrados pelo Adolfo Lutz. 

De acordo com a pesquisadora Simone Niciura, o que muda são as amostras –agora são humanas, ao invés de animais de produção, parasitas ou microrganismos. “Temos que manter o rigor nas análises, já que os resultados estão relacionados a decisões terapêuticas com efeito direto na saúde de pessoas. Além disso, estamos aprendendo a utilizar os sistemas, que são diferentes do que comumente usamos, para fornecermos os resultados dos testes”, explica Simone. 

Para ela, já que a Embrapa tem capacitação e infraestrutura, é dever auxiliar no enfrentamento dessa pandemia, contribuindo com a sociedade por meio da realização de testes diagnósticos e aumentando o conhecimento disponível sobre a doença. “Estou ansiosa pelo início das atividades e por saber que poderei ajudar, nem que seja só um pouco, para a saúde e o bem-estar da população neste momento tão atípico que estamos vivendo”, destacou.

A pesquisadora Lea Chapaval Andri também está feliz em poder contribuir e prestar um serviço importante para a comunidade neste momento, além da oportunidade de adquirir novos conhecimentos. Para ela, a ciência e a sociedade precisam dessa disponibilidade das empresas em ajudar nos testes e diagnósticos. 

O desafio de ampliar o atendimento

Em um estágio mais avançado de trabalho, pois iniciou, há cerca de 2 meses, os testes para Covid-19 voltados ao atendimento à população da região oeste de Santa Catarina, a Embrapa Suínos e Aves tem pela frente um novo desafio. 

Após vivenciar a experiência de montar uma equipe multidisciplinar, com 12 empregados da Empresa, com formação em áreas diferentes, treinar dois deles no Lacen de Florianópolis, o Laboratório de Sanidade e Genética Animal, nível de segurança NB2 e NB3, já realizou mais de seis mil testes para Covid-19. No entanto, o desafio agora é assegurar o fornecimento adequado de insumos para a continuidade dos trabalhos.

De acordo com Janice Zanella, chefe geral, o número de testes realizados até hoje poderia ter sido ainda maior, porém a instituição precisa de mais insumos para atender dentro de sua capacidade, que é de cerca de 500 testes a cada 8 horas. “Não estamos fazendo esse número todo, porém temos capacidade de testar. E isso só não vem sendo feito, principalmente, por faltarem insumos. Além disso, o número de amostras que recebemos por dia fica em torno de 200 a 250, em média, mas podemos atender ainda mais”, comentou. “No momento, estamos testando um novo equipamento do comodato e acreditamos que isso já vai nos auxiliar a retomar um pouco mais do ritmo”, esclareceu Janice. 

 

Em busca de apoio

A falta de insumos, que é algo enfrentado em todo o Brasil e por todos os laboratórios que estão realizando testagem, inclusive o Lacen, levou a chefia da organização a solicitar o auxílio de parceiros e da sociedade. “Toda e qualquer ajuda é muitíssimo bem vinda, mas a prioridade é a obtenção destes insumos”, destacou a pesquisadora. E, em questão de dias, o auxílio já chegou a pouco mais de R$ 123 mil reais, viabilizando a compra imediata de itens urgentes e a possibilidade da retomada dos testes de maneira mais intensa. “Estamos muito agradecidos aos parceiros e à sociedade de maneira geral, uma vez que além de instituições e empresas, muitos cidadãos estão contribuindo de maneira individual”.  Além das doações em dinheiro, parceiros enviaram insumos.

As doações estão sendo recebidas por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped), que possui 25 anos de história e está contribuindo com esta ação, sem cobrança de qualquer despesa administrativa ou remuneração de seus colaboradores envolvidos neste trabalho. A doação é passível de dedução na declaração do imposto de renda, ano base 2020, conforme normativas vigentes. Todo o valor arrecadado será utilizado exclusivamente em ações de combate à Covid-19 conduzidas pela Embrapa Suínos e Aves, sendo vedado o seu uso em ações não correlatas.

Outra ajuda chegou da Federação das Cooperativas Agropecuária (Fecoagro), por intermédio da Secretaria de Estado da Agricultura de Santa Catarina, em um valor de R$ 200 mil. Toda a prestação de contas está sendo disponibilizada no portal da Unidade. 

Em relação à parceria com o Lacen-SC, a pesquisadora Janice destaca que tem sido extremamente positiva desde o início. “A nossa expectativa é apoiar o Lacen até diminuir a demanda. A equipe deles é muito comprometida e desde o início atuamos organizados, em parceria mesmo”, destacou ela. 

Mesmo diante do desafio de ampliar a quantidade de insumos para ofertar um número maior de diagnósticos, a equipe da Embrapa sente orgulho de participar dessa mais recente missão. É o que destaca o pesquisador Paulo Esteves. “Justamente união, comprometimento e trabalho não faltam aos colegas da Embrapa. Todos quiseram participar desta iniciativa. Todos somaram, cada um à sua maneira, cada um com seu talento para compor um grupo harmônico que compartilhava um mesmo objetivo - servir a uma necessidade maior que a sua própria. Orgulho, reconhecimento e gratidão a todos que se envolveram nesta iniciativa, seja de perto, nas bancadas, seja um pouco mais distante, mas com aquele incentivo essencial”, enfatizou ele.

Saiba mais:

Embrapa Gado de Corte

Em Campo Grande, a equipe que atua com os exames para detectar a Covid-19 é formada por dez profissionais, sendo seis da Embrapa (três pesquisadores e três técnicos de laboratório) e um desses profissionais foi cedido pela Embrapa Agropecuária Oeste, localizada em Dourados (MS) para atuar na força-tarefa; três pesquisadores da Fiocruz-MS e um da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Todos os especialistas têm expertises nas áreas de virologia, imunologia, genética e biologia molecular. 

O Laboratório Multiusuário de Biossegurança para a Pecuária (Biopec) possui áreas de biossegurança nível 1, 2 e 3 (NB1, NB2 e NB3), grande parte das atividades em execução, antes da pandemia, estavam nas salas de apoio da área NB1. “Para auxiliar nos testes de covid-19 são utilizadas as áreas NB2 e NB3. Inicialmente, as áreas estavam reservadas para a realização de procedimentos de inspeção de bovinos, ante e post mortem, sob demanda do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)”, comenta Lucimara Chiari, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento.

Atualmente, o laboratório realiza cerca de 100 exames para Covid-19, por dia,ao se fazer extração manual, o que pode ser ampliado com a aquisição de um extrator automático, que agilizaria o processo de extração e, desta forma, ampliaria a capacidade de análises. Chiari conta que a demanda inicial era de 20 amostras/dia, o que se ampliou, pouco tempo depois, devido à evolução  da pandemia em Mato Grosso do Sul. As amostras analisadas no Biopec são coletadas na macrorregião de saúde de Corumbá (Bioma Pantanal) pelo sistema drive-thru.

A equipe da Embrapa,que atua nessa força-tarefa em Campo Grande (MS), por trabalhar com patógenos de alto risco, tem no currículo diversas capacitações em biossegurança e procedimentos, o que foi aproveitado na situação atual. Apesar disso, a Fiocruz-MS capacitou-a para atuar, especificamente, nos testes de diagnósticos, com suporte técnico do LACEN-MS.

Desde março, antes dos testes para covidc-19, a força-tarefa estava comprometida com os testes de diagnósticos de arboviroses (dengue, zika e chikunguya), a fim de aliviar o sistema, deixando, naquele momento, as análises para o novo coronavírus (SARS-CoV-2) concentradas no Lacen-MS.

Publicações adaptadas a uma nova realidade

Além de disponibilizar laboratórios para diagnósticos da Covid-19 ao mesmo tempo em que mantém suas atividades normais de pesquisa agropecuária, a Embrapa tem buscado contribuir para o enfrentamento à pandemia no território nacional elaborando e adaptando suas publicações com foco no setor.

Um conjunto de publicações encontra-se disponível no hotsite criado pela Empresa sobre o tema: Especial Covid-19. Além de cartilhas, informativos técnicos e orientações, também é possível encontrar neste espaço dados estatísticos sobre o avanço da pandemia no país, esclarecimentos oficiais e notícias.

Informações sobre como o produtor ou o setor pode se prevenir contra a pandemia foram elaboradas por pesquisadores e técnicos de diversas unidades de pesquisa da Embrapa, buscando atender a realidade de cada região, bem como os contextos de produção agropecuária locais.

O comunicado técnico publicado pela Embrapa Pecuária Sul (Bagé) intitulado “Recomendações para prevenção da COVID-19 para pessoas ligadas ao meio rural na região Sul” traz, informações adaptadas à realidade dos produtores rurais, por exemplo, substituir a bota de couro por borracha, ao “camperear”, por conta das baixas temperaturas, usar sempre um lenço ou máscara de pano para proteger nariz e garganta e evitar resfriados, manter um distanciamento social de aproximadamente dois metros das pessoas, o equivalente a uma vaca ou duas ovelhas. A Empresa também lançou uma série de dicas para o trabalhador rural por meio de vídeos e áudios.

Gisele Rosso (MTb3091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste

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Telefone: (16) 3411-5625

Monalisa Leal Pereira (MTb/SC 01139)
Embrapa Suínos e Aves

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Dalízia Montenário de Aguiar (MTb 28/03/14/MS)
Embrapa Gado de Corte

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Telefone: (67) 3368-2144

Maria Clara Guaraldo (MTb 5027/MG)
Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire)

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