A Embrapa e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) disponibilizarão, para acesso público, os resultados dos debates do I Ciclo de Encontros Territórios Saudáveis e Sustentáveis no Contexto Pandêmico e Pós-pandêmico, que reuniu um público de 156 participantes, entre agricultores, técnicos de extensão rural, agentes comunitários de saúde e pesquisadores em quatro encontros nos meses de novembro e dezembro. A sistematização, que envolveu discussão sobre produção de alimentos sustentáveis, circuitos de comercialização, orientação para prevenção contra a Covid-19 no espaço rural, entre outros assuntos, será disponibilizada em documento e também na página do Programa de Apoio à Inovação Social e ao Desenvolvimento Territorial Sustentável (InovaSocial) – Embrapa/BNDES/Fundação Eliseu Alves. “Foi um evento importante para aprender sobre estratégias de Saúde pública no enfrentamento à Covid-19, em especial nas áreas mais carentes das populações rurais. E também foi interessante escutar profissionais falando sobre a importância da segurança alimentar. Mostrou que estamos no caminho certo, de fortalecer mercados locais, agregar valor aos produtos da agricultura familiar, pensar em uma estratégia de territórios saudáveis e sustentáveis, mostrando que a saúde é eixo transversal para o bem viver”, destacou a pesquisador Cristhiane Amâncio, da Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ), coordenadora do projeto de Governança e Gestão do InovaSocial Nos quatro dias do Ciclo, os participantes foram mobilizados para propor ideias e levantar demandas sobre a realidade dos territórios do InovaSocial no atual contexto da Covid-19 e para um momento futuro após a pandemia. Foram levantadas propostas para cuidados sanitários nas comunidades rurais, integrando agricultores, extensionistas e agente de Saúde. Para os participantes, estes cuidados devem ser articulados a outras questões como produção de alimentos saudáveis, alinhados à agrobiodiversidade nos territórios, a necessidade de pensar a infraestrutura no espaço rural (para solucionar problema como o abastecimento de água para higiene e consumo humanos) e a relação entre agricultura familiar e consumo urbano, para incentivo a novos circuitos de comercialização. Na avaliação de Jorge Machado, médico sanitarista da Fiocruz em Brasília (DF), os debates do Ciclo criaram uma conexão entre atividades essenciais (promoção de cuidados sanitários e produção de alimentos) que pode resultar, nos territórios, em uma rede solidária envolvendo os públicos participantes do Ciclo. “Isso pode produzir uma ação de convivência, em que todos sejam agentes de Saúde, populares ou institucionais”, afirmou ele, ressaltando também a necessidade de mecanismos de escuta permanente das comunidades, para que o compartilhamento de informações seja mais efetivo para instituições e pessoas. No último encontro do Ciclo, no dia 6 de outubro, essa possibilidade de atenção integrada para a saúde nas comunidades rurais foi destacada pelos participantes. Para Rita Fagundes, técnica do projeto “Agrobiodiversidade do Semiárido” (um dos projetos componentes do programa InovaSocial), será importante agregar agentes de Saúde às ações nos territórios, para potencializar as informações sobre cuidados com Covid-19. “Os técnicos de extensão também podem ajudar nas informações sobre os casos, se existem pessoas contaminadas nas comunidades”, sugeriu ela. Para Marcos Borba, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul (Bagé-RS) e coordenador do projeto “Fortalecimento do Sistema Agroalimentar Localizado de carnes e derivados no território Alto Camaquã”, o Ciclo trouxe contribuição interessante à discussão sobre epidemiologia, ao mostrar soluções construídas em âmbito local. “Isso traz abertura para outra perspectiva: a de que o local não é somente morada da família, mas um espaço compartilhado. É um mote para reforçar a ação coletiva, em rede”, avaliou ele. O Ciclo de Encontros reuniu participantes de todos os territórios do InovaSocial, que tem atuação na Bahia, Ceará, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul e Sergipe. O programa, que atende a 5.530 famílias de agricultores familiares beneficiárias, é executado pela Embrapa, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e gerência dos recursos pela Fundação Eliseu Alves (FEA).