19/11/20 |   Agricultura familiar

Agricultores familiares de Mato Grosso do Sul produzirão soja orgânica com cultivar da Embrapa

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A Embrapa Agropecuária Oeste foi convidada pela Cooperativa dos Agricultores Familiares do Assentamento Itamarati (Cooperafi) para participar do lançamento do primeiro plantio de soja convencional, que vai ser conduzido no sistema orgânico, em dois assentamentos rurais de Mato Grosso do Sul. Nessa safra, dezesseis agricultores do Assentamento Eldorado, de Sidrolândia, estão trabalhando em parceria e juntos vão plantar 109 ha de soja orgânica. 

Já em Ponta Porã, no Assentamento Itamarati, com apoio da Cooperafi serão cultivados 13 ha. Nesse local, o cultivo será feito pelo produtor Jones Marcos Ambruste, que está em processo de transição para o sistema orgânico. Segundo Ambruste, “existem boas perspectivas de ampliação da área no próximo ano, a partir do envolvimento de outros agricultores familiares daquela região”.

Solenidade - A atividade foi realizada no Assentamento Eldorado, em Sidrolândia, no dia 21 de outubro e contou com a presença do Chefe Geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira, do Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Unidade, Walder Antonio Gomes de Albuquerque Nunes e dos pesquisadores: Rodrigo Arroyo Garcia e Milton Padovan, entre outros.

“O plantio orgânico é uma iniciativa dos agricultores familiares e nessa primeira safra contará com um acompanhamento da Embrapa Agropecuária Oeste”, explicou o Nunes. Ele informou que ainda não existe um sistema de produção de soja orgânica para agricultores familiares e destacou que “é nossa intenção, nessa primeira experiência, identificar os gargalos e as demandas da produção orgânica nos assentamentos. Essas informações poderão subsidiar um futuro projeto, em parceria, para estabelecer esse sistema produtivo”.

Nunes informou ainda que os aspectos fitotécnicos e de fitoproteção de um sistema orgânico de produção de soja são completamente diferentes do sistema de produção atualmente em uso para a soja, que se baseia em cultivares transgênicas e com controle químico de pragas e doenças e disse “nesse aspecto, a cultivar BRS 511 é um avanço, mas ainda existem lacunas quanto aos aspectos de fertilidade de solos e sanidade da cultura no sistema orgânico que demandam pesquisas e é isso que estamos nos propondo a fazer”.

BRS 511 - Nas duas lavouras estão sendo cultivadas a BRS 511, cultivar de soja convencional, desenvolvida pela Embrapa, que alia alta produtividade com inovação. A BRS 511 foi desenvolvida pela Embrapa Soja, em parceria com a Fundação Meridional. “Essa cultivar de soja convencional foi lançada há apenas dois anos. Ela possui resistência genética à ferrugem-asiática da soja, sendo mais uma ferramenta para o manejo adequado dessa importante doença”, explica o pesquisador da Unidade, Rodrigo Arroyo Garcia. Saiba mais sobre a BRS 511, clique aqui

Para o Chefe Geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira, a inserção de uma cultivar desenvolvida pela Embrapa nesse sistema reforça a importância do material e suas amplas possibilidades de uso. Ele acrescentou ainda que “além de termos o material disponível, por meio da Jotabasso, também podemos ver a BRS 511 ser inserida em sistemas de produção com diferentes objetivos, dada as qualidades que essa cultivar possui”.

Com apoio e experiência dos pesquisadores das diferentes áreas (fitotecnia, sanidade, nutrição, socioeconomia) e da equipe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, os agricultores familiares serão acompanhados ao longo da safra. “Nossa expectativa é realizar uma conversa, apresentando a experiência desses dois assentamentos durante a Tecnofam 2021, que acontecerá em Dourados de 15 e 17 de junho de 2021. A equipe da Unidade vai acompanhar o desenvolvimento dessas lavouras, buscando propor um sistema que possibilite, inclusive, a expansão do cultivo de soja orgânica para outros assentamentos”, disse o Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, Auro Akio Otsubo.  

Certificação - O processo de certificação orgânica dessas áreas destinadas à produção de grãos nos assentamentos de Mato Grosso do Sul, conta com apoio da Cooperafi e esta sendo realizado pelo Sistema Participativo de Garantia (SPG), que é conhecido como certificação participativa. 

Comercialização - Toda a produção de soja orgânica e em transição desses agricultores familiares será adquirida pela empresa Argomil, sediada em Avaré (SP). Responsável pelo apoio técnico para essas iniciativas, Alison Napolitano, que também é representante da Argomil, participou do evento e informou que a empresa comprará a soja e o milho orgânicos e que esses insumos serão utilizados na preparação de rações para galinhas de postura de ovos, criadas por meio de manejo orgânico. 

Segundo Napolitano, a empresa possui demanda imediata suficiente para plantio em 2.500 ha em Mato Grosso do Sul. “O Estado tem uma grande vantagem competitiva em relação a São Paulo, pois oferece áreas maiores para esse tipo de cultivo o que facilita a logística”. 

Napolitano destacou ainda que além dos pequenos produtores da agricultura familiar, existe demanda de médios e grandes agricultores para que produzam grãos orgânicos, representando uma importante alternativa para esse nicho de mercado, que é comercializado tanto no Brasil, quanto para exportação.

O termo de parceria entre a Cooperafi e a Argomil prevê que os produtos com certificação orgânica serão adquiridos com um bônus de 20 a 30% sobre o produto convencional, enquanto a produção oriunda de áreas em transição contará com um bônus de 10%.

Cooperafi – Atualmente, a Cooperativa conta com 66 filiados e atende mais de 1000 famílias indiretamente, por meio da compra de leite, soja, milho, feijão e venda de produtos produzidos na cooperativa, como milho em saca, ração, mineralização, entre outros. A Cooperafi tem abrangência estadual o que possibilita o atendimento em outras regiões fora do município.

De acordo com lideranças da Cooperafi, há mais de 15 anos, a instituição conta com o apoio de iniciativas bem consolidadas de produção de arroz orgânico por associações de assentamentos do Rio Grande do Sul e, mais recentemente, no Maranhão. O presidente da Cooperafi, Altair Schlickmann, informou ainda que atualmente há iniciativas de produção de soja orgânica por associações de assentados do Paraná (Jardim Alegre) e milho orgânico em São Paulo (Itapeva e Apiaí).

Christiane Congro Comas (MTb 825/9/SC)
Embrapa Agropecuária Oeste

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