Os benefícios no uso do Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira (Site-MLog) por gestores dos setores públicos e privados foram apresentados, em 24 de novembro, na 75ª reunião da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (CTLog/Mapa). Na videoconferência virtual, Gisele Vilela, pesquisadora da Embrapa Territorial (Campinas, SP), também mostrou análise sobre os possíveis impactos econômicos e ambientais pela substituição dos atuais modais de escoamento por três obras priorizadas no Site-MLog para o aumento da competitividade do setor agropecuário por meio de melhorias na infraestrutura logística do País. Essas obras compõem políticas públicas, como o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) de 2019 e o Plano Plurianual (PPA) 2020-23. Para a pesquisadora, apresentar na Câmara Temática o resultado da avaliação do Site-MLog e os futuros incrementos no sistema ajuda a colher percepções e estreitar as parcerias importantes para a continuidade e aperfeiçoamento da plataforma. Membros da CTLog foram entrevistados, em 2019 e 2020, para a avaliação de impactos da tecnologia. Na opinião de Gustavo Spadotti, supervisor de Gestão Estratégica da Embrapa Territorial, os resultados e, principalmente, os métodos empregados no trabalho são robustos e indicam os impactos destas obras, que visam destravar os gargalos logísticos do País. “Com os indicadores econômicos e ambientais levantados é possível auxiliar o poder executivo na priorização de obras que aumentem a competitividade de nossos produtores rurais no fornecimento de alimentos para o mercado interno e externo”, afirmou. “Trabalhos como esse da Embrapa, com embasamento técnico, são bem-vindos para nossa discussão. O Brasil carece de estudos dessa envergadura, que possam apoiar políticas públicas”, declarou Edeon Vaz Ferreira, presidente da Câmara Temática do Mapa. Além dos especialistas da Embrapa Territorial, a analista Marlene de Araújo, da Secretaria de Desenvolvimento Institucional da Embrapa, participou dos estudos de avaliação de impacto do Site-Mlog. Ganhos em gestão e produtividade no trabalho Na avaliação da eficiência de trabalho com o uso do Site-MLog houve uma economia de três meses de trabalho do setor público, um mês no setor privado e uma economia média de 15 minutos do tempo de trabalho dos usuários que utilizam ferramentas de tecnologias da informação. Essa redução no tempo de trabalho foi possível porque as informações, anteriormente espalhadas em várias bases de dados, foram agrupadas no Site-Mlog. “Os dados estavam dispersos em quatro ministérios e mais de dez secretarias. Foram organizados, compilados, categorizados, padronizados e espacializados para um mesmo sistema de informações, possibilitando cruzamentos, geração de novos dados, planos de informação e apoiando estudos específicos sobre as reais necessidades do agro”, explicou Spadotti. Para o cálculo monetário foi considerado os valores salariais base das categorias profissionais (R$ 8 mil para o gestor público e R$ 5 mil para o gestor privado). O total economizado pelos agentes públicos e privados, desde o lançamento da tecnologia (março de 2018) até novembro de 2019, com base na economia de tempo, ultrapassou R$ 3,1 milhões. Os dados contidos no Site-MLog também são úteis para empresas do setor logístico subsidiarem seu planejamento na execução de obras. Sendo assim, estimou-se o valor do serviço especializado prestado pela plataforma considerando o valor médio de uma consultoria especializada em logística agropecuária em R$ 150,00/hora. A estimativa - baseada no número total de usuários, nos anos de 2018 e 2019, e uma redução média de 15 minutos do tempo de trabalho -, foi de uma economia superior a R$ 1,3 milhão. Impactos econômicos e ambientais A melhoria da logística com mudança de modais a curto, médio e longo prazo gera benefícios econômico e ambiental. Para estimar os ganhos foi feita uma simulação em três obras (Ferrogrão, Ferrovia de Integração Oeste–Leste e Hidrovia do Tocantins via Pedral do Lourenço) indicadas pelo Site-MLog quanto à substituição de modais de escoamento. A análise considerou a substituição do modal rodoviário pelas ferrovias e pela hidrovia. O custo estimado de transporte das cargas de grãos foi considerado para os modais rodoviários e para os modais substitutos, ferroviário e hidroviário. A diferença entre eles representou a economia obtida com a obra. O cálculo foi feito utilizando-se o simulador de custo de transporte da Empresa de Planejamento e Logística S.A. - EPL (2019). A projeção de economia bruta obtida com a execução das obras é de R$ 4,7 bilhões para o setor produtivo agropecuário até 2031. O investimento em modais mais eficientes do ponto de vista energético provoca impacto ambiental positivo. O modal rodoviário é o que mais impacta negativamente o meio ambiente por gerar maiores emissões atmosféricas e gastos de combustíveis fósseis. Quando o modal rodoviário é substituído ou complementado por modais energeticamente mais eficientes, como o modal ferroviário e o modal hidroviário, há redução dos impactos ambientais, principalmente na emissão de gases de efeito estufa. A redução total de emissões de gases de efeito estufa prevista com a implantação das três obras chega a 8,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) retirados da atmosfera até 2031. Essa redução acontece pelo menor uso dos caminhões graneleiros (veículo mais poluente) em consequência da substituição do modal rodoviário pela ferrovia ou hidrovia. Agregar novas informações Em sua apresentação, Gisele adiantou que o Site-MLog terá atualizações e incrementos em sua base de dados e estudos previstos para o próximo ano. De acordo com ela, serão incorporados dados sobre demanda, oferta e importação de fertilizantes e jazidas minerais. Essas informações visam apoiar políticas públicas que busquem diminuir o custo de fertilizantes e corretivos e ampliar o uso de remineralizadores regionais, contribuindo, assim, com as principais cadeias logísticas de produtos agrícolas.