02/10/15 |   Mudanças climáticas

Temperatura bate recorde em Sete Lagoas

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Foto: Guilherme Viana

Guilherme Viana - Estação meteorológica operada pela Embrapa Milho e Sorgo

Estação meteorológica operada pela Embrapa Milho e Sorgo

A chegada do final de setembro em Sete Lagoas traz resultados preocupantes sobre as condições climatológicas em nossa região. A temperatura de 39,4°C medida no dia 25 foi a maior já registrada na Estação Meteorológica do Inmet e operada pela Embrapa Milho e Sorgo. De acordo com o pesquisador Daniel Guimarães, a temperatura registrada no interior do abrigo meteorológico é muito inferior à observada em áreas externas e provavelmente a temperatura na área urbana de Sete Lagoas pode ter oscilado entre 42 e 43°C. A estação meteorológica, instalada em 1926, no próximo ano completará 90 anos de monitoramento ininterrupto do clima regional e os resultados confirmam a forte tendência de aumento da temperatura ocasionada pelas mudanças climáticas globais. Esse fenômeno que domina as preocupações das reuniões da ONU e até das pregações do Papa Francisco tem recebido pouca atenção dos brasileiros.
 
Estudos da Embrapa mostram a grande concentração de ilhas de calor no município causadas pela expansão e impermeabilização da área urbana, edificações das áreas industriais, queimadas, emissão de poluentes e supressão da vegetação. De modo geral, as maiores temperaturas em nossa região ocorrem entre os meses de setembro e outubro e são impactadas pelos efeitos do fenômeno El Niño, baixa nebulosidade, baixa umidade do ar, vegetação seca e alta concentração de poluentes atmosféricos.
 
De acordo com o pesquisador, situação inversa ocorre com as baixas temperaturas cujas frequências estão diminuindo sensivelmente nos últimos 35 anos conforme ilustrado nas figuras ao final do texto.
 
Apesar de estarmos apenas na metade da década, o número de dias com temperaturas acima de 35 graus já é maior que nas décadas passadas. Se forem consideradas as temperaturas extremas (acima de 38°C), verifica-se que nos últimos 5 anos tivemos mais ocorrências desses eventos do que nos restantes 85 anos de funcionamento da estação meteorológica.
 
As consequências dessas alterações climáticas são sentidas também no regime de chuvas. Ocorrem aumentos na frequência de chuvas intensas e das fortes estiagens como a que vem afetando grandes áreas do país desde 2013. Os resultados são bastante conhecidos, como a escassez de água e aumento na conta de energia elétrica. As chuvas que caíram no mês de maio contribuíram para a redução dos focos de incêndio e dos períodos críticos de baixa umidade atmosférica. No entanto, o lençol freático continua muito baixo e a vazão dos rios continua crítica, especialmente dos rios Paraopeba e das Velhas que cortam a região. As chuvas do mês de setembro possibilitaram uma pequena recuperação dos cursos d'água situados no Sul de Minas e São Paulo, mas nossa principal caixa d'água, bacia do São Francisco, continua em situação crítica e os lagos das represas de Três Marias e Sobradinho apresentam no momento 22,5 e 8,5% de suas capacidades de armazenamento. Atualmente, a situação crítica da bacia do São Francisco é a causa principal da manutenção dos preços elevados de nossa conta de energia elétrica.
 
As perspectivas para os próximos dias são de aumento na nebulosidade e melhoria da umidade relativa do ar, o que trará uma redução na temperatura e possibilidade de ocorrência de chuvas. Para os próximos 7 dias a previsão indica apenas a ocorrência de chuvas isoladas, mas na semana seguinte, época que corresponde ao início do período chuvoso em Sete Lagoas, prevê-se um aumento dos índices pluviométricos.
 
Abaixo, na última imagem, veja também a previsão do tempo para os próximos 15 dias no Brasil.
 

Daniel Guimarães
Embrapa Milho e Sorgo

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