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Presidente da Embrapa destaca o papel da ciência na sustentabilidade da Amazônia durante audiência pública

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O presidente da Embrapa, Celso Moretti, abriu hoje (6) a audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. Com o tema “Ciência, tecnologias de materiais e criatividade no fomento da bioeconomia e outras soluções para o desenvolvimento sustentável”, Moretti destacou a atuação da Embrapa no Bioma Amazônia e as ações voltadas para a bioeconomia e a desenvolvimento sustentável.

A audiência foi coordenada pelo deputado Coronel Tadeu (PSL/SP) por requerimento feito pela deputada federal Carla Zambelli (PSL/SP). 

“A agricultura brasileira ao longo das últimas décadas, baseada em ciência, se desenvolveu e a Embrapa vem atuando no bioma Amazônia para o desenvolvimento da Bioeconomia, de forma sustentável, com grandes possibilidades de geração de renda, emprego e desenvolvimento na região”, afirmou, lembrando das vantagens do Brasil para desenvolver uma agricultura com sustentabilidade.

“O Brasil se localiza no cinturão tropical do globo e por isso tem vantagens como sol o ano todo e 12% de água doce no mundo, o que nos coloca em vantagem competitiva de produção animal, vegetal e de desenvolvimento de microorganismos”, afirmou. 

Nessa direção, Moretti enfatizou que, por meio da ciência, tecnologia e inovação, o país é responsável por alimentar mais de 800 milhões de pessoas ao redor do mundo. E a Embrapa vem contribuindo fortemente, com seus 8,4 mil colaboradores, 2,2 mil pesquisadores, 43 Unidades de pesquisa, sendo 11 centros temáticos, 15 centros de produto e 17 centros regionais. “Trabalhamos com um portfólio de 34 projetos de pesquisa, 78 programas de melhoramento genético e uma plataforma de cooperação científica nos Estados Unidos e Europa, e também fazemos cooperação técnica na África e América Latina”, explicou aos participantes.

De acordo com o presidente, hoje são 1.020 projetos de pesquisa distribuídos nesses 34 portfólios - agricultura irrigada na Amazônia, mudanças climáticas, nanotecnologia, ILPF, sistemas de produção de base ecológica são alguns exemplos. Moretti também enfatizou a importância da bioeconomia para o Brasil. 

Especificamente na Amazônia, a Embrapa possui 9 centros de pesquisa, com uma atuação forte neste bioma. “São 1200 colaboradores, sendo 337 pesquisadores, 89 laboratórios localizados no território da Amazônia, com um portfólio de projetos que envolve 43 parceiros privados e públicos. Temos 47 projetos de pesquisa e R$ 32 milhões investidos na ponta desses projetos, sem contar os valores de mão-de-obra envolvidos.”, acrescentou.

No campo da bioeconomia na Amazônia, a Embrapa vem gerando soluções, tecnologias e ativos significativos. “Um exemplo do trabalho que fazemos no Estado do Amazonas são as cultivares de mandioca, uma cultura importante para o desenvolvimento dos pequenos produtores rurais”, disse o presidente da Embrapa.

O bioma Amazônia ocupa 60% do território brasileiro, com 24 milhões de brasileiros, 1 milhão de produtores e 500 mil propriedades, na sua maioria de pequenos produtores. “Então soluções tecnológicas para aumentar a capacidade produtiva da cadeia da mandioca são muito importantes”, afirmou Moretti, destacando as diferentes cultivares desenvolvidas pela Empresa, além de técnicas para seleção de manivas, orientações técnicas adicionais como calagem, cultivo mecanizado e adubação. “Com essas tecnologias podemos dobrar e até triplicar a produtividade da mandioca no Estado do Amazonas”, acrescentou.

Ele também ressaltou o trabalho da Embrapa no desenvolvimento da bioeconomia voltada para a cadeia da piscicultura, como a produção de tambaquis em sistema intensivo com aeração, que promove maior produção, na mesma área, com menos desmatamento. Além disso, há ainda os estudos nutricionais com reprodução animal, o que permite uma produção de 6 toneladas por hectare, podendo chegar a 22 toneladas por hectare.

“A tecnologia é uma aliada à redução do desmatamento no Brasil, principalmente no bioma Amazônico. Ao desenvolvermos forrageiras adaptadas, temos estudos demonstrando que esses ativos evitaram o desmatamento de 23 milhões de hectares na Amazônia. A grande questão é que em função de degradação de pastagens no bioma, os pecuaristas sofreram prejuízos. Então a tecnologia de forrageiras adaptadas possibilitou a recuperação das pastagens em áreas já consolidadas”, explicou o presidente. 

Ele lembrou a aprovação do Código Florestal, em 2021, disciplinou que 80% das propriedades rurais têm de ser destinadas à preservação ambiental. “Portanto, o produtor só pode usar 20% de hectares para produção agropecuária e os outros 80% devem ser mantidos para áreas de preservação permanente e reserva legal”, enfatizou.

Moretti também destacou no campo da bioeconomia o desenvolvimento do melhoramento genético do guaranazeiro, cadeia importante do bioma amazônico. Citou, ainda, as pesquisas com os óleos essenciais de plantas amazônicas que buscam o desenvolvimento de substâncias que possam atuar na agricultura brasileira em substituição aos agrotóxicos e o uso de bactérias que fixam o nitrogênio encontradas na Amazônia, como um trabalho de pesquisa que vem sendo desenvolvido em parceria com a BASF. “O inoculante Nitrospirillum amazonense permite a redução do uso de adubos nitrogenados para a produção de cana-de-açucar em outras partes do país”, explicou.

Recentemente, a Embrapa realizou expedição recente de mais de 6 mil quilômetros pelos rios da Amazônia, na qual pesquisadores selecionaram microorganismos capazes de combater fitopatógenos e fungos que causam doenças nas plantas. Também foram encontramos micro-organismos que produzem enzimas que podem ser utilizadas em indústrias têxtil, química e de alimentos. “Foi um dos primeiros estudos em grande escala que buscou identificar sedimentos na bacia amazônica brasileira”, acrescentou.

Novos microorganimos são encontrados em rios amazônicos

Para finalizar sua participação, o presidente da Embrapa destacou o trabalho da Embrapa para o melhoramento da qualidade da cadeia do açaí. “Nossos pesquisadores desenvolveram uma técnica para fazer o choque térmico para sanitizar a polpa e eliminar riscos de contaminação do alimento”, explicou.

Açaí tratado com choque térmico mantém sabor e boa aceitação

Ao encerrar sua fala, Moretti lembrou que a agricultura no Brasil é movida à ciência. “Cérebros e não tratores são o símbolo da agricultura, da produção de alimentos e da segurança alimentar no Brasil e do trabalho que desenvolvemos em toda a cadeia da bioeconomia”, afirmou, se referindo à frase de um dos fundadores da Embrapa e ex-presidente Eliseu Alves.

 

O uso do grafeno na bioeconomia

Após a fala de abertura do presidente da Embrapa, os especialistas presentes destacaram a importância do grafeno, seus derivados e materiais e suas diversas aplicações no mercado brasileiro.

O grafeno é um composto de carbono que vem sendo tratado como o material que será capaz de produzir o próximo salto da indústria tecnológica. Extremamente versátil, o grafeno é flexível, impermeável, transparente, mais duro que o aço, mais fino que um fio de cabelo e melhor condutor de eletricidade que o cobre.

De acordo com os participantes da audiência pública, o material é bastante estratégico, uma vez que um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável debatidos pela comunidade internacional é encontrar meios de assegurar a disponibilidade e sustentabilidade da água para todos. 

“Destaca-se que o grafeno, embora tenha ganhado popularidade a partir de 2010, a partir do Prêmio Nobel, já há estudos com materiais a base de grafeno na área de 2D. O tema grafeno é uma estrutura viva, ou seja, muita coisa precisa ser trabalhada no quesito identificação de possibilidades”, afirmou Diego Pizza, professor da Universidade de Caxias do Sul (RS).

Para ele, o grafeno já está mudando as estratégias de trabalho da pesquisa brasileira, gerando novos insumos e ferramentas com potencialidades de uso pela sociedade. “É uma ferramenta aliada à qualidade de vida, principalmente, na área da dessalinização de água do mar, purificação de água, ou seja, avanços que podem se somar a tecnologias já existentes visando beneficiamento de materiais”, acrescentou.

Também participaram da audiência pública os especialistas: Evaldo Cuiava, da Universidade de Caxias do Sul; Hugo Souza, diretor da ZextecNano; Bruno César Nunes, coordenador-geral de Ciência para a Bioeconomia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI); Felipe Bellucci, coordenador-geral de Tecnologias Habilitadoras, da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação do MCTI; Glaura Goulart Silva, coordenadora geral do Centro de Tecnologia em Nano Materiais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e André França, secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente.

Saiba mais sobre as pesquisas com aplicações do grafeno para a indústria brasileira acessando https://edemocracia.camara.leg.br/audiencias/sala/2125

 

Maria Clara Guaraldo (MTb 5027/MG)
Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire)

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