06/10/21 |   Estudos socioeconômicos e ambientais  Mudanças climáticas  Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Rede ACV conclui Pedra Fundamental e inaugura nova etapa de gestão da Avaliação de Ciclo de Vida no País

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Foto: Divulgação.

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A trajetória de avanço dos projetos de Análise de Ciclo de Vida no País inclui especialistas da indústria, pesquisa, governo, agências de consultoria e entidades internacionais

Um grande passo para melhor representar a realidade ambiental da produção brasileira foi executado. A boa notícia é que a Rede ACV concluiu, no mês de agosto, o projeto da sua “Pedra Fundamental”, operação que teve objetivo de melhorar a quantidade e qualidade dos inventários de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) que melhor representam as realidades do Brasil.

Realizada por minuciosa adaptação e revisão de datasets (inventários de processo e metadados) mais adequados e relevantes para implementar a ACV nas empresas brasileiras, essa conquista ajuda a refletir os dados nacionais e a melhorar a qualidade de futuros estudos, abrindo uma nova etapa de gerenciamento da Avaliação do Ciclo de Vida no Brasil.

Há uma quantidade ainda reduzida de inventários disponíveis capazes de representar fielmente a realidade ambiental dos processos produtivos brasileiros. Ao mesmo tempo, existe uma busca mundial por processos mais adequados e sustentáveis, o que faz surgir uma demanda crescente por estudos de ACV e um consequente interesse por declarações de conformidades ambientais nos processos de produção, logística e venda, tendo por base a metodologia de ACV.

Iniciado em março de 2020, o projeto da “Pedra Fundamental” foi gerido pelo Grupo de Trabalho do Banco de Dados da Rede ACV, coordenado pela Embrapa e pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) responsável pelo SICV Brasil  (Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida brasileiro).

No processo de revisão dos datasets, acompanhado por um Comitê Técnico de especialistas, houve alinhamentos junto a atores estratégicos, como a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e a verificação por parte de técnicos especialistas da Ecoinvent, associação suíça, reconhecida mundialmente pela disponibilização de banco de dados para estudos de ACV.

Para concretizar o projeto foram conduzidas quatro reuniões com o Comitê Técnico da Rede ACV e ocorreram ações importantes conduzidas por representantes da Petrobras e da ANP.

A concordância da associação internacional, ecoinvent, com as premissas da Pedra Fundamental oportunizou a apresentação do projeto à ONU Meio Ambiente em 19 de novembro de 2020, em evento que contou com mais de 190 participantes de mais de 40 países. O ecoinvent é uma biblioteca de inventários com valores de cargas ambientais (entradas e saídas de materiais, substâncias e energia) associadas ao ciclo de vida de muitos produtos, processos, sistemas de energia, de transporte, de disposição de resíduos, dentre outros.

A finalização de todas as revisões por terceira parte, indicadas pela ecoinvent, ocorreu em agosto de 2021. A publicação na versão 3.8 foi feita pela ecoinvent em setembro, também disponibilizando todos os novos datasets no SICV.

Marília Folegatti, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, membro do Comitê Deliberativo da Rede ACV, coordenadora do GT Banco de Dados da Rede e do GT Inventários do Programa Brasileiro de Avaliação de Ciclo de Vida (PBACV), comemora a conclusão do projeto da Pedra Fundamental, afirmando que a finalização dessa fase é um grande feito para a comunidade brasileira de ACV.

Segundo ela, a identificação dos inventários prioritários foi extremamente feliz, “visto que foram elencados os inventários que, de fato, estão na base da economia e participam ativamente do ciclo de vida de uma enormidade de produtos, quais sejam: energia elétrica, diesel, gás natural e transporte rodoviário de cargas”.

A pesquisadora da Embrapa explica que os inventários correspondem a produtos e serviços cuja produção ou execução no Brasil são bastante diferenciadas do restante do mundo. Ainda conforme ela, a matriz energética brasileira é mais limpa e ao nosso diesel é adicionada uma fração de biodiesel, de fonte renovável. “Também nossos modais de transporte têm suas particularidades. A recontextualização desses inventários para a realidade brasileira garantem que esses processos e serviços sejam melhor representados, e que os estudos de ACV que os utilizam sejam mais realistas, endereçando a ações mais assertivas”, explica Marília.

Aos olhos do mundo

Concluída a Pedra Fundamental, com efetiva contribuição com alguns perfis representativos de processos industriais no Brasil, os dados revistos estarão disponíveis na ecoinvent e no SICV Brasil para consulta de todos os interessados.

Os resultados desse trabalho serão submetidos ao SICV Brasil, para serem disponibilizados para toda a comunidade brasileira de ACV, além de estarem integrados à ecoinvent, assim também disponíveis para a comunidade internacional. A ecoinvent será responsável pela atualização desses datasets em versões posteriores da base de dados.

Para Marília, a publicação dos datasets na base de dados ecoinvent deve ser comemorada, pelo fato de ser o maior e mais respeitado banco de dados para ACV do mundo. Ainda de acordo com ela, a base é utilizada por mais de 80 países e por número expressivo de grandes empresas internacionais, como Nestlé, Coca-Cola e DuPont, as principais empresas de consultoria, como Deloitte, Ernst-Young e KPMG, e as principais instituições de pesquisa internacionais, como as Universidades de Harvard, Cambridge e Tokio e os institutos MIT (EUA), Instituto de Tecnologia de Beijing (China) e Instituto de Energias e Recursos da Índia. “Neste sentido, a recontextualização dos datasets refletirá nos resultados de avaliação de ciclo de vida de uma parcela muito significativa do globo”, destaca a pesquisadora.

Para saber mais, acesse a publicação original clique aqui

*com informações da RMAI.

Marcos Vicente (MTB 19.027/MG)
Embrapa Meio Ambiente

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