23/12/21 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Transferência de Tecnologia

Embrapa vai selecionar empresas parceiras para o laboratório vivo de inovação AgNest

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Foto: Embrapa Meio Ambiente

Embrapa Meio Ambiente - Localizado em Jaguariúna (SP), o empreendimento vai oferecer infraestrutura para agtechs e foodtechs desenvolverem novas soluções digitais e sustentáveis

Localizado em Jaguariúna (SP), o empreendimento vai oferecer infraestrutura para agtechs e foodtechs desenvolverem novas soluções digitais e sustentáveis

Chamamento público é direcionado a empresas da área de TIC e representantes da indústria agropecuária, que serão parceiros fundadores do empreendimento.

A Embrapa lançou, no último dia 20, a chamada pública para empresas parceiras do AgNest, ambiente que vai funcionar como um laboratório vivo para o desenvolvimento de soluções digitais e sustentáveis para a agricultura. Localizado em Jaguariúna (SP), o empreendimento vai oferecer infraestrutura para startups do agronegócio (agtechs e foodtechs) atuarem na criação, experimentação, validação e demonstração de novas soluções, possibilitando a conexão com instituições de ciência, tecnologia e inovação, corporações e investidores.

O chamamento público ficará aberto por 60 dias e é direcionado a empresas de tecnologia da informação e comunicação (TIC) e representantes da indústria agropecuária. As empresas selecionadas vão participar da estruturação e implementação do AgNest e integrarão o conselho gestor como parceiros fundadores. O edital ficará disponível no site do AgNest.

O evento de lançamento foi transmitido no YouTube e contou com a participação do presidente da Embrapa, Celso Moretti, da diretora-executiva de Inovação e Tecnologia da Empresa, Adriana Regina Martin, do secretário-adjunto de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Cléber Soares, e da coordenadora Geral de Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Eliana Emediato.

Para o presidente da Embrapa, o laboratório vivo será uma grande oportunidade para a geração de soluções para os problemas do agronegócio brasileiro, em sintonia com o setor produtivo. Segundo ele, tecnologias como inteligência artificial, internet das coisas, drones e sensores vem ocupando cada vez mais espaço no dia a dia do produtor rural. “Não tenho dúvida que estamos dando mais um passo acertado na direção de criar um ambiente onde o setor produtivo, a inovação terão um espaço, uma arena enorme para evoluir”, ressaltou Moretti.

A iniciativa, que tem como foco promover a inovação aberta e o empreendedorismo, é liderada pela Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Agricultura Digital, com o apoio da Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa. O projeto recebeu financiamento do MCTI, que aportou recursos para o aprimoramento da infraestrutura local para instalação de ferramentas de conectividade, sensores, máquinas e equipamentos. A ideia é oferecer um ambiente com condições de apoiar as startups, seja nas fases de ideação até a atuação comercial.

De acordo com Eliana Emediato, o AgNest está totalmente aderente aos objetivos da Câmara do Agro 4.0, criada pelo MCTI e Mapa para promover o desenvolvimento e difusão de soluções em agricultura digital e contribuir para aumentar a competitividade, a produtividade e a relevância do Brasil no comércio mundial. “A Câmara faz parte da estratégia brasileira de transformação digital, em que o agro é um dos setores mais importantes. Fazer parte deste projeto inovador e acompanhar esse trabalho mostra que estamos indo em todos os pontos e setores que pensamos na estratégia”, afirmou.

Modelo inovador

Adriana Martin, diretora-executiva de Inovação e Tecnologia da Embrapa, destacou o modelo de governança do AgNest, baseado em parceria público-privada, como algo inovador para o agro, tendo a Embrapa como instituição âncora em PD&I para fomentar o ecossistema de inovação. Ela chama a atenção para a última edição do Radar AgTech Brasil, elaborado em parceria entre a Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens Research and Consulting, que mostrou o crescimento do movimento de startups que atuam no agronegócio, nos últimos anos. O estudo mapeou 1.574 agtechs brasileiras, um aumento de 40% em relação ao levantamento anterior, de 2019.

“O modelo de governança do AgNest foi desenhado para promover a conexão das grandes empresas com estas startups, buscando desenvolver novas tecnologias de forma conjunta”, ressaltou. O empreendimento segue o conceito plug and play, em que as startups e as empresas parceiras, isoladas ou conjuntamente, podem acessar o ambiente de laboratório vivo para experimentações e acelerar a geração de inovações, com custos menores e que alcancem mais rapidamente o mercado e os usuários.

Neste primeiro chamamento, o perfil esperado é de empresas de grande porte. Marcelo Morandi, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, explicou que serão selecionadas uma empresa do setor de tecnologia da informação e comunicação e três da indústria, das áreas de insumos, biotecnologia, máquinas e implementos, alimentos, agricultura de precisão e serviços agropecuários. As empresas vão contribuir com uma taxa anual para manutenção do empreendimento. Entre outros benefícios, além de promover eventos, como demonstrações e dias de campo, poderão trazer startups associadas para serem incubadas no AgNest.

“Esperamos ter um conjunto grande de startups, de diferentes empresas parceiras fundadoras, trabalhando em cooperação dentro deste novo mecanismo de inovação aberta”, completou Morandi. A expectativa é impulsionar a geração de soluções baseadas, por exemplo, em internet das coisas, big data, inteligência artificial e automação, que busquem o aumento de eficiência e de produtividade dos sistemas de produção agropecuária, com sustentabilidade.

Para Cléber Soares, secretário-adjunto do Mapa, a iniciativa do AgNest, no modelo de farm lab, é essencial para promover de fato a inovação aberta. “Precisamos trazer os atores do setor produtivo, a iniciativa privada, a academia, as instituições de C&T e as startups para colocar a mão na massa e de fato promover inovação concreta no campo”, ressaltou. Ainda segundo ele, é importante e estratégica a promoção da chamada pública. “Só assim conseguiremos passar pelo grande desafio que é gerar valor para a sociedade em cima de temas importantes, como a agricultura digital e a sustentabilidade”.

Corredor de inovação

O empreendimento vai ocupar um campo experimental situado na Embrapa Meio Ambiente, com aproximadamente 60 hectares, metade deles destinados a atividades agrícolas. Utilizada tradicionalmente para a pesquisa, a área tem histórico de implantação de culturas perenes, semi-perenes, é apta para cultivos anuais de verão, como grãos e fibras, e também comporta a implantação de sistemas de irrigação, o que permite o cultivo de culturas de inverno, como trigo, cevada e aveia. A área também vai dispor de diferentes tecnologias de conectividade, permitindo uma variedade de soluções para agricultura digital sendo desenvolvidas no mesmo ambiente.

Outra característica de destaque do AgNest é a sua localização, a 10 minutos de Campinas (SP), considerado um importante polo de ciência, tecnologia e inovação, com a presença de universidades e institutos de pesquisa, e uma concentração considerável de empresas privadas, aceleradoras, incubadoras e investidores. Além disso, está a apenas 1h30 de São Paulo, cidade com maior número de agtechs do Brasil.

“Nos últimos anos, temos monitorado todo este ecossistema de inovação e discutido, em parceria com o Ministério da Agricultura, o grande corredor tecnológico do estado de São Paulo, que abrange o eixo formado pelos municípios de Campinas, Jaguariúna, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto”, destacou Silvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital.

Segundo ela, o AgNest se insere no contexto do corredor de inovação, que visa promover o desenvolvimento regional. “A iniciativa tem a oportunidade de integrar os agentes deste ecossistema para trabalharem de forma mais sinérgica, mais assertiva, para desenvolver a agricultura sustentável utilizando as tecnologias digitais, que são determinantes para ajudar a trazer mais transparência para o processo de produção”, concluiu.

Graziella Galinari (MTb 3863/PR)
Embrapa Agricultura Digital

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