10/05/21 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Artigo - Touros jovens melhoradores: a chave para acelerar o progresso genético

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José Marques Carneiro Junior

Doutor em Genética e Melhoramento Animal, pesquisador da Embrapa Acre

 

Vários fatores têm contribuído para uma crescente demanda por genética superior. Destacam-se as vantagens econômicas dos animais superiores para uma pecuária eficiente e rentável. A escolha correta do reprodutor assume um papel decisivo na evolução produtiva e reprodutiva do rebanho, pois, enquanto uma fêmea produz, em condições naturais, um bezerro por ano, o touro pode deixar dezenas ou até centenas de descendentes. Dessa forma, ele é responsável por até 90% do melhoramento de um plantel. Entretanto, apesar de sua alta importância, ainda é comum a utilização de reprodutores com genealogia desconhecida e genética defasada.

 

Produtores de genética têm o desafio de manter seus criatórios em processo constante de melhoramento. Na prática, isso tem sido uma tarefa árdua, devido à necessidade de ganhos simultâneos nos aspectos ponderais, reprodutivos e morfológicos dos animais. Se, por um lado, o produtor de cria erra ao utilizar touros “ponta de boiada”, o de genética também erra ao optar por reprodutores com genética desatualizada. Pode-se considerar defasados aqueles que, em uma classificação geral, publicada em sumários, encontram-se entre os 50% com menor desempenho para a característica de interesse.

 

Uma premissa básica do melhoramento genético é que as gerações recentes sejam superiores às anteriores. Para isso, uma estratégia altamente adotada é a utilização de touros jovens, cujo conceito vai além da idade. Exemplares mais jovens, oriundos de acasalamentos direcionados, têm maior probabilidade de serem superiores. Um bom plano de melhoramento deve considerar o acasalamento entre touros superiores com matrizes de alto potencial com finalidade de incrementar ganhos e corrigir possíveis defeitos morfológicos e raciais. Esse processo realizado geração após geração proporciona a melhoria contínua dos indicadores produtivos e reprodutivos.

 

Quanto menor é o intervalo de gerações, maior é o progresso genético possível de ser obtido ao longo do tempo. Por exemplo, ao se utilizar um reprodutor, filho de um animal nascido há 20 anos, considerando-se três anos de intervalo de gerações, perdem-se, aproximadamente, sete gerações possíveis de melhoramento genético. É comum entre os criadores a utilização de touros defasados, principalmente pela “fama” adquirida. Naturalmente, muitos ainda estão bem classificados no sumário, porém, em um processo contínuo de melhoramento, esses genitores deveriam ser acasalados com muitas matrizes de boa qualidade e superados por uma melhor combinação genética entre seus filhos. A capacidade de identificar e utilizar rapidamente esses novos tourinhos, em fêmeas igualmente jovens e selecionadas, é a chave para o progresso contínuo da melhoria genética do rebanho.

Uma preocupação recorrente sobre a utilização de reprodutores jovens é a incerteza sobre a sua superioridade genética, dado o reduzido número de filhos destes animais. Ressalta-se que essa acurácia representa apenas uma medida de confiança no valor das diferenças esperadas nas progênies (DEPs) e deve ser utilizada para definição da intensidade do uso do touro, mas nunca como critério de seleção genética. Para reduzir o risco da incerteza sobre os valores de DEPs destes touros, recomenda-se a utilização de um maior número de reprodutores, diminuindo a relação touro/vaca. Dessa forma, o número de filhos por touro jovem será menor, diluindo o risco e potencializando os ganhos de desempenho. Caso o produtor não deseje ampliar a quantidade de reprodutores, recomenda-se a escolha de touros relativamente jovens, com valores elevados de acurácia. Com a popularização da inseminação artificial é possível encontrar nos sumários jovens reprodutores com pouca idade e alta acurácia, devido ao intenso uso do seu sêmen.

 

A utilização de sêmen de touros jovens, de alto valor genético, associada ao descarte de matrizes de menor desempenho, com reposição de novilhas de maior potencial genético, é uma estratégia para fixação de genes favoráveis no rebanho. A Embrapa conduz o programa de Avaliação de Touros Jovens (ATJ) desde o início da década de 1990. O principal objetivo é a identificação precoce de touros promissores e a intensa utilização em rebanhos parceiros, permitindo a elevação da acurácia e da oferta de reprodutores jovens de alto potencial genético.

 

Embrapa Gado de Corte

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