19/05/22 |   Comunicação  Transferência de Tecnologia

Alunos do Ensino Médio da Escola Mário Quintana visitam a Embrapa

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - Alunos participaram de visita à campo na ETB e se planejam para um segundo encontro, com outras turmas até o final do mês de maio.

Alunos participaram de visita à campo na ETB e se planejam para um segundo encontro, com outras turmas até o final do mês de maio.

A Escola Mário Quintana, de Pelotas, realizou no dia 10 de maio, no turno da manhã, visita técnica à Embrapa Clima Temperado para conhecer melhor e de perto as ações de pesquisa sobre o tema de Gases de Efeito Estufa na Agricultura. A visita foi dividida em dois momentos, uma apresentação teórica realizada no auditório e demonstrações práticas nas áreas experimentais da Estação Experimental Terras Baixas. Participaram da visita os alunos de duas turmas do segundo ano do ensino médio, totalizando aproximadamente 90 pessoas. 

As apresentações foram feitas por pesquisadores ligados às áreas de Grãos e Pecuária, que abordaram aspectos gerais da agricultura mundial, nacional e gaúcha e a interface desse setor produtivo com os cenários de mudanças climáticas. Foram apresentados dados sobre o impacto potencial do aquecimento global para a agricultura mundial e brasileira e os desafios impostos para as gerações atuais e futuras.

O pesquisador Giovani Theisen relatou que, na atualidade, o setor de Energia é o principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e que a contribuição da Agricultura é bem menor - cerca de menos de 20% - apesar de sua nobre função de gerar alimentos, fibras e bioenergia para a população. Destacou, ainda, que a contribuição da agricultura do Brasil representa apenas 0,7% das emissões totais de GEE. “Apesar da grandiosidade da agricultura brasileira, o Brasil utiliza, apenas, 65 milhões de hectares para o desenvolvimento de cultivos agrícolas, graças à elevada capacidade produtiva e tecnológica disponível. O clima favorável possibilita mais de um cultivo em uma mesma área ao longo do ano, possibilitando obter duas safras e, eventualmente, mais”, disse.

Outros aspectos foram destacados: o sistema plantio direto, que mantém a cobertura do solo, protegendo-o, e contribui para o acúmulo de carbono no solo, e o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), promovendo benefícios à produção e ao meio ambiente. Ambas as tecnologias estão contribuindo para retirar o rótulo de “vilã” da Agricultura, considerada grande emissora de GEE, passando para “mocinha” com a adoção dessas e outras tecnologias. “O país é um grande produtor mundial de alimentos e um dos poucos com potencial para aumentar a produção. O mundo conta com a contribuição da agricultura brasileira para suportar a demanda crescente da população”, comentou.

A pesquisadora Walkyria Scivittaro abordou o tema “Emissão de GEE e a mudança do clima: desafios e oportunidades da Agricultura”. Inicialmente, diferenciou o efeito estufa natural daquele produzido por ação antrópica, esclarecendo a relação entre os gases causadores do efeito estufa e o aquecimento global e a mudança do clima. Mostrou que dióxido de carbono, metano e óxido nitroso são os principais GEE e, também, que todos os três estão associados à atividade agropecuária, destacando que apresentam potencial de aquecimento global distinto. Ela mostrou como cada GEE é produzido no solo, enfatizando, ainda, que as plantas e o solo apresentam, também, potencial de sequestrar carbono da atmosfera. Quanto a isso, destacou que a agricultura sustentável tem potencial para promover balanço de carbono (diferença entre emissões e remoções) mais favorável. Segundo a pesquisadora, a agricultura é um setor produtivo com elevado potencial mitigador de emissões de GEE. Ela apresentou também a contribuição dos subsetores para as emissões de GEE da agricultura brasileira, destacando o cultivo de arroz e a fermentação entérica (pecuária). Tratou com mais detalhes do subsetor Cultivo de Arroz, pela importância para agricultura do Rio Grande do Sul, responsável por mais de 70% da produção nacional do cereal. Relatou existirem diferentes estratégias para reduzir as emissões de GEE do cultivo de arroz, destacando alterações no manejo da água, do solo, da adubação, no sistema de culturas e, até mesmo, na cultivar de arroz. “O grande desafio da pesquisa agropecuária é conciliar redução de emissões de GEE à manutenção de produtividades elevadas da cultura. Mas a pesquisa brasileira tem conseguido avanços importantes e continua buscando alternativas para garantir a sustentabilidade à lavoura de arrozeira”, considerou. Soluções encontradas por pesquisas realizadas no Rio Grande do Sul já incorporadas pelo setor produtivo, como o cultivo mínimo, foram incorporadas ao Inventário Nacional de Emissões de GEE, caracterizando importante avanço do setor Cultivo de Arroz. 

O pesquisador Jorge Schafhauser Junior falou da importância da Pecuária para o estabelecimento de sistemas ILP, capazes de trazer benefícios que minimizem as emissões de GEE e o importante papel dos ruminantes no planeta, pois são capazes de se alimentar, graças à fermentação ruminal, de compostos que outras espécies de mamíferos são incapazes de digerir, como a celulose. Enfatizou, ainda, que há tecnologia disponível para minimizar as emissões de GEE da pecuária, sendo que o próprio aumento de produtividade dilui as emissões por unidade de produto gerado, além do uso de aditivos e formulação de dietas equilibradas para cada função produtiva.

No campo, em área experimental de soja cultivada, utilizando a  tecnologia sulco-camalhão, que proporciona drenagem do solo e possibilita a irrigação da cultura garantindo-lhe maior produtividade, apresentou-se um sistema coletor de GEE, sendo demonstrados os procedimentos de coleta de amostras, com a interação de estudantes da escola Mário Quintana. 

Na sequência, foi mostrada área experimental de práticas de ILP estabelecidas sobre camalhões de base larga. Os animais observados integram estudo realizado em parceria com a Associação Brasileira de Angus. “Apresentamos uma situação onde está ocorrendo a transição da fase lavoura para pecuária, quer dizer, após a colheita da soja, os animais estão se alimentando de plantas daninhas da cultura anterior, ajudando na redução dessas plantas e de suas sementes na área da lavoura”, disse Jorge Schafhauser Jr. Na mesma área, o banco de sementes de azevém BRS Ponteio já começa a germinar e, em breve, estará à disposição dos animais. O pesquisador salientou, ainda, a importância da presença permanente de plantas vivas e em crescimento nos campos, pois estas são responsáveis pela captação de dióxido de carbono do ar, durante o processo de fotossíntese. 

Os estudantes da Escola Mário Quintana vieram acompanhados pelo diretor pedagógico, Rodrigo Duval, o professor da equipe pedagógica, Henrique D’Ávila, e pela psicóloga do ensino médio,  Ana Carla. Pela Embrapa, a atividade contou com a presença do chefe-geral, Roberto Pedroso de Oliveira, do coordenador-técnico da Estação Experimental Terras Baixas, André Andres, e dos pesquisadores Giovani Theisen, Jorge Schafhauser Junior e Walkyria Bueno Scivittaro.

Programa Piloto para Escolas 

O chefe-geral Roberto Pedroso de Oliveira anunciou que a Embrapa Clima Temperado receberá outras duas turmas de 90 alunos do ensino médio da Escola Mário Quintana nas próximas semanas e que esta ação de educação ambiental será expandida para outras escolas da rede particular e pública da região, assim como para outros públicos da comunidade local. A programação faz parte do Projeto Embrapa & Escola, há mais de uma década desenvolvido pela Empresa.

Segundo Pedroso, o Agro é a locomotiva do Brasil e é importante que os jovens e a comunidade em geral possam conhecer essa locomotiva mais de perto, entendendo como são gerados o conhecimento e as tecnologias que impulsionam a agricultura nacional. “A Embrapa, como casa de ciência e geradora de tecnologias para o Agro, em ações como essa, tem a oportunidade de apresentar dados e fatos sobre a Agricultura. Afinal, contra a ciência não há argumentos”, disse.

 
 

 

Cristiane Betemps (MTb 7418/RS)
Embrapa Clima Temperado

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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