Na última sexta-feira (20), durante almoço no Sindicato Rural de Tapes/RS, Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) e Ministério do Meio Ambiente (MMA) assinaram Termo de Execução Descentralizada (TED) para implantação da Rota dos Butiazais – iniciativa que busca consolidar uma rota turística de valorização da biodiversidade associada aos butiazais e butiás no Rio Grande do Sul e em países vizinhos, como Uruguai e Argentina. A parceria prevê investimento na ordem dos 300 mil reais para a implantação de um programa turístico – ainda em definição – que une conservação, valorização cultural e geração de renda no Bioma Pampa.

 

À tarde, houve visita aos butiazais da Fazenda São Miguel, onde é mantida uma área de preservação de 1,3 mil hectares com, aproximadamente, 70 mil plantas de butiás. No local, que deve integrar a Rota, a relação com a pecuária é feita de maneira sustentável, com número limitado de animais por área.  

 

Assinatura

Durante a assinatura, o prefeito de Tapes – município que abriga uma grande concentração de palmeiras –, Silvio Rafaelli, assinou como testemunha e falou sobre a importância de integrar produção agropecuária e conservação ambiental de maneira sustentável. "Nós já temos a agricultura e daqui a pouco o turismo desponta. E então conseguiremos puxar um nicho de mercado diferente", disse. Para ele, o olhar diferenciado com relação ao turismo na região deve ser estimulado e a proposta da Rota dos Butiazais entra como uma pedra fundamental nesse processo. "Ao longo dos anos isso vai virar renda. Inclusive para os próprios proprietários de terra", completou.

 

Para o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clenio Pillon, a Rota é uma ideia inovadora, que está sendo construída com várias mãos, e que será o embrião para várias outras proposições. "Nós queremos, no futuro, quando um turista vier para o Estado, que receba um folder dessa rota e vincule a outros serviços, como gastronomia, turismo ecológico, artesanato. Mas, ao mesmo tempo, entendemos que é uma bela estratégia de conservação desses recursos", afirmou.

 

Por fim, o secretário de extrativismo e desenvolvimento rural do MMA, Carlos Guedes de Guedes, reforçou a ideia de se conscientizar produtores para a combinação de áreas produtivas com áreas preservadas. "É fundamental que a gente consiga tratar da questão ambiental não mais como um conflito. Nós sabemos que o extrativismo nunca será competitivo como são as lavouras. Mas a presença dessa vegetação nativa, no futuro, pode nos abrir a possibilidade para discutir ações como um serviço ambiental e efetivamente ter algum tipo de pagamento por essas áreas", disse.

 

Ele ainda destacou a importância e a necessidade de se aprimorar a articulação entre produtores, instituições, poder público e demais esferas em torno do tema e do projeto – relação que ele chamou de sociobiodiversidade. "Essa iniciativa não só é importante do ponto de vista da natureza e da proteção dos butiazais, mas é muito importante pelo arranjo, pelo envolvimento das pessoas que estão no projeto. A Rota dos Butiazais é exatamente um exemplo concreto de iniciativas que nos queremos incentivar e apoiar", finalizou.

 

Além, do secretário do MMA, do chefe-geral da Embrapa Clima Temperado e do prefeito do município, integraram a mesa de abertura o presidente do Sindicato Rural de Tapes, Juarez Petry, e a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado responsável pelo projeto, Rosa Lía Barbieri. 

 

Mapeamento

Durante a solenidade, também foi feita a entrega do mapa da Fazenda Santana ao proprietário, Sérgio Veloso. O material, feito com base em imagens de satélite, apresenta uma avaliação da densidade dos butiazeiros na fazenda, ajudando na identificação da localização e do número de palmeiras preservadas. Fizeram a entrega parte da equipe que compõe o projeto: os pesquisadores Rosa Lía Barbieri e Enio Sosinski; a cientista visitante Marene Marchi; e a analista Fabia Amorin da Costa.