25/08/23 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Boleiras de Alagoas são diplomadas em cerimônia de encerramento do projeto

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Elias Rodrigues

Elias Rodrigues - Da esquerda para a direita: Herbert Freire de Araújo - Consultor da Prefeitura de Coqueiro Seco e paraninfo da turma de boleiras; Maria Betania Barros - Secretária de Turismo de Coqueiro Seco; Decele Dâmaso - Prefeita de Coqueiro Seco; Patrícia Bustamante - Pesquisadora da Embrapa; e Joel Bonfim - Vice-prefeito de Coqueiro Seco

Da esquerda para a direita: Herbert Freire de Araújo - Consultor da Prefeitura de Coqueiro Seco e paraninfo da turma de boleiras; Maria Betania Barros - Secretária de Turismo de Coqueiro Seco; Decele Dâmaso - Prefeita de Coqueiro Seco; Patrícia Bustamante - Pesquisadora da Embrapa; e Joel Bonfim - Vice-prefeito de Coqueiro Seco

Mulheres boleiras e quilombolas dos municípios de Coqueiro Seco e Santa Luiza do Norte, em Alagoas, foram diplomadas no dia 24 de agosto na festa de encerramento do projeto “Boleiras das Alagoas”, desenvolvido pela Embrapa Alimentos e Territórios. O projeto buscou promover a autonomia sustentável dessas mulheres por meio de uma série de capacitações e treinamentos. A cerimônia aconteceu na escola Professora Mércia Silvana de Lima Almeida, no Povoado Cadoz, em Coqueiro Seco, e reuniu os familiares das boleiras e autoridades locais, como a Prefeita de Coqueiro Seco, Maria Decele Damaso de Almeida, e o Secretário Municipal da Cultura e do Turismo de Santa Luzia do Norte, Pedro Soares dos Santos. 

A entrega dos certificados marca o final de um ciclo de capacitações do projeto, cujo foco foi o fortalecimento da identidade local, a melhoria das condições de trabalho e renda, a formação de capacidades e competências de gestão e o desenvolvimento de produtos e de estratégias de mercado. Ao todo, foram abordadas nove temáticas: resgate histórico de receitas de bolos e do ofício de boleiras; ergonomia e saúde na produção de bolos; segurança do alimento; bolos tradicionais: ingredientes, equipamentos, embalagens e rotulagem; matemática financeira básica; ampliação de mercado; formas de organização: individuais e coletivas; cooperativismo/moeda social; e inserção dos bolos das Alagoas em redes de turismo comunitário. 

A pesquisadora da Embrapa Alimentos e Territórios Patrícia Bustamante (foto, à direita), lembra que a situação de vulnerabilidade social e a importância cultural do ofício das boleiras foram as razões que a levaram a propor o projeto. “É um momento de reconhecimento e de festa por todo um trabalho realizado pelas boleiras nas nove capacitações. Todas tiveram presença maior do que 80% do curso e hoje têm conhecimento suficiente nas nove temáticas do curso”, afirmou. Para Patrícia, “a arte e a cultura também são ingredientes desses bolos, que são também um potencial patrimônio do estado de Alagoas e do Brasil. 

O Secretário Municipal da Cultura e Turismo de Santa Luzia do Norte, Pedro Soares dos Santos, o “Poeta Pedão”, lembrou que não foi uma missão fácil convencer as boleiras a participarem do projeto, por conta do descrédito de algumas com o poder público. Para ele, o sucesso alcançado pelo projeto culminou numa formatura digna de aplausos, repleta de emoção, satisfação e gratidão. “Aperfeiçoamento, crescimento, conhecimento, conscientização, valorização e respeito, tudo isso foi visto e aprendido nesses quase dois anos de projeto”, disse. 

Orgulho e tradição

O ofício das boleiras é tradição que se perpetua por meio de gerações de mulheres que vivem nas áreas periurbanas das cidades do Nordeste. É também resultado da combinação de ingredientes indígenas, africanos e europeus, no qual a participação da mulher está em primeiro plano, gerando renda e sustento para as famílias. Por esse motivo, o foco do projeto foi capacitar as mulheres, embora também tenham sido capacitado homens boleiros. 

A oradora da turma de Santa Luzia do Norte, Josiane Cabral de Lima (foto, à esquerda), lembrou que foram suas ancestrais que ensinaram a ela o ofício de boleira. “É uma honra estar aqui representando o projeto Boleiras das Alagoas quilombolas. Tenho muito orgulho, amo o que faço, é tradição trazida pela minha mãe e minha avó, e sou grata a Deus por estar aqui. Fui criada na feira, nasci na feira, e para mim é um orgulho estar aqui dizendo que sou uma boleira quilombola e recebendo esse diploma, de Boleira das Alagoas. Sou grata a cada um de vocês por tudo”, disse, emocionada.

De Coqueiro Seco, a oradora Maria do Carmo dos Santos, dona Carminha (foto, à direita), agradeceu à Deus, à Embrapa e à prefeitura de Coqueiro Seco pela oportunidade dada às boleiras. “Estou muito feliz de ter feito parte desse projeto maravilhoso. Não tenho muitas palavras para dizer, só tenho gratidão por tudo”, disse. 

O Boleiras das Alagoas foi implementado no âmbito do Projeto Dom Helder Câmara (PDHC Fase II), e executado em parceria com as prefeituras municipais de Coqueiro Seco e Santa Luzia do Norte, o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), o Consórcio Intermunicipal do Sul de Alagoas (Conisul), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida). As ações executadas também contemplam as diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Capacitação das boleiras vira curso EAD

A série de capacitações presenciais forneceu um modelo que será transformado numa capacitação on-line no formato de Educação à Distância (EAD), previsto para ser lançado no dia 4 de setembro no canal da Embrapa no YouTube, com  acesso gratuito. 

O curso tem duração total de 9 horas e conta com nove módulos que abordam desde a importância de valorização do modo de fazer bolos como um ofício ligado ao patrimônio cultural, passando por questões sanitárias, segurança de alimentos e aspectos ergonômicos da profissão. Os vídeos foram produzidos pelo técnico Elias Rodrigues, da Embrapa Alimentos e Territórios, e são destinados a mulheres e homens que atuam na produção artesanal de produtos agroalimentares, como bolos tradicionais à base de mandioca e coco. 

“Todo o trabalho que fizemos com as boleiras de Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco poderá chegar agora a boleiras de todo o Brasil e até mesmo do exterior”, comemora a coordenadora do projeto Boleira das Alagoas, Patrícia Bustamante. 

Saiba mais:
Lançada capacitação on-line para boleiras e boleiros alagoanos

Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Alimentos e Territórios

Contatos para a imprensa

Telefone: (82) 3512-2135

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Galeria de imagens

Encontre mais notícias sobre:

alagoasodsboleirascursocapacitacaocurso-on-lineboleiras-das-alagoas