09/10/23 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Arroz, trigo e abóbora serão os próximos alimentos a serem biofortificados com micronutrientes pela Embrapa

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - Arroz é uma das culturas a ser biofortificada na próxima etapa de pesquisa da Rede BioFort

Arroz é uma das culturas a ser biofortificada na próxima etapa de pesquisa da Rede BioFort

Rede BioFort retomará os trabalhos de biofortificação com ferro, zinco e vitamina A nos alimentos do cardápio básico do Brasil

A próxima fase de uma rede de projetos da Embrapa responsável pelo desenvolvimento de alimentos biofortificados com ferro, zinco e vitamina A - a Rede BioFort - terá como prioridade a finalização do melhoramento para as culturas do arroz, trigo e abóbora. O aumento dos teores de micronutrientes visa minimizar os impactos das deficiências nutricionais que causam doenças em decorrência da chamada "fome oculta", principalmente nas populações mais vulneráveis.

No Brasil, a pesquisa trabalha com oito alimentos básicos, tendo sido responsável, desde 2002, pelo lançamento de 14 cultivares para culturas como mandioca, feijão, feijão-caupi, batata-doce e milho. A biofortificação, realizada a partir de melhoramento convencional no Brasil, tende a resultar em variedades com melhor produtividade e mais adaptadas a contextos de mudanças climáticas.

“No Brasil, os cultivos, além de serem bons nutricionalmente, precisam ter características que sejam de interesse para o agricultor, como alto rendimento, resistência a pragas e tolerância a estresse; para o consumidor, como aparência, sabor e tempo de cozimento; e para a indústria. No caso de grãos, rendimento e moagem, além de diversos usos como matéria-prima”, explica a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e líder do Projeto, Marília Nutti.

Outra prioridade nos próximos anos será a melhoria da oferta e distribuição de sementes, ainda um gargalo para a capilarização da Rede BioFort, bem como o aumento de parcerias. Estratégias de comunicação, com públicos internos e externos, também devem ser trabalhadas, especialmente para popularizar o conceito de biofortificação e distanciá-lo da transgenia - não trabalhada pela Rede no País.

 


Diferença entre biofortificação, fortificação e suplementação

Segundo Marília Nutti, a biofortificação consiste no processo de desenvolvimento de variedades com foco no aumento do conteúdo nutricional das porções comestíveis das plantas. Já a fortificação se trata do enriquecimento com nutrientes durante o processamento dos alimentos, enquanto a suplementação consiste na ingestão de nutrientes pela inserção dos mesmos na dieta das pessoas. 
 


Sobre a Rede BioFort

Criado em 2002, o BioFort teve início para melhoria dos teores nutricionais em mandioca, milho e feijão. A iniciativa fazia parte do programa HarvestPlus - consórcio de pesquisa com atuação na América Latina, África e Ásia mantido com recursos da Fundação Bill e Melinda Gates, Banco Mundial e agências internacionais de desenvolvimento - e estava ligada a um programa mundial de biofortificação.

Em 2005, para captação de recursos, uma proposta foi realizada junto ao International Potato Center (CIP), ao Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT) e ao Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) para América Latina e Caribe. Neste momento, o trabalho de biofortificação foi expandido para as culturas da batata-doce e arroz, bem como para técnicas de pós-colheita.

A identificação de mandiocas biofortificadas foi realizada em 2005, a inclusão de feijão-caupi e trigo ocorreu em 2006 e de abóbora nos anos seguintes. A partir de 2012, o trabalho se tornou uma rede, reunindo diferentes projetos voltados ao desenvolvimento de variedades biofortificadas em todo o país. De 2012 a 2020, o Brasil, por meio da Rede, foi responsável por coordenar todos os trabalhos com biofortificação na América Latina e Caribe.

A partir de 2016, além da pesquisa, a Rede começa a investir num projeto de transferência e avaliação de impacto das tecnologias geradas nos estados do Maranhão, Piauí, Sergipe, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. A ação, então, passa a contar com o apoio de diferentes parceiros - de Unidades da Embrapa a parceiros externos -, que ficam responsáveis por multiplicar e difundir o plantio e o consumo desses alimentos nos territórios.

Em 2020, como fruto desse projeto, surgem os Polos de Biofortificação, que também têm como foco a difusão dos materiais biofortificados. Atualmente, o Projeto conta com sete Polos de Biofortificação, em quatro regiões do país. Nessa área, a etapa atual é de construção de um hub virtual, em conjunto com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), para assistência técnica com foco em nutrição e saúde. 

Ao todo, foram instaladas cerca de 190 Unidades de Observação com materiais biofortificados no país. A estimativa é que já tenham sido distribuídas em torno de 800 mil mudas de batata-doce e 700 toneladas de sementes de milho. Em termos de público, os dados indicam que os alimentos biofortificados chegaram a cerca de 250 mil domicílios, em 15 estados brasileiros, o que representa uma média de um milhão de pessoas beneficiadas.

Atualmente, a rede conta com a participação de 16 Unidades da Embrapa; 23 universidades e instituições de ensino; 13 associações, cooperativas e sindicatos; 19 prefeituras e instituições municipais; e quatro empresas privadas. Em 20 anos, estima-se que o BioFort tenha captado cerca de 26 milhões de reais para desenvolvimento do trabalho.

Francisco Lima (13696 DRT/RS)
Embrapa Clima Temperado

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