Corredores agroecológicos como estratégias para a produção de alimentos e sementes focados no manejo da agrobiodiversidade e sustentabilidade de pequenas propriedades familiares (Agrobio II)

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Em grande parte do Cerrado brasileiro, ocorreu significativa alteração nos sistemas agrícolas tradicionais pelos problemas de estresse ambiental. As variedades locais foram substituídas por outras de base genética estreita e os sistemas de cultivo uniformizados, baseados em monoculturas, tornaram-se mais vulneráveis pela ocorrência de pragas e doenças.Tendo em vista esses problemas, os corredores ecológicos foram desenvolvidos com o intuito de viabilizar estratégias de produção que recuperem e utilizem a agrobiodiversidade, gerem renda para os agricultores familiares, reduzam a dependência por insumos, aumentem a resiliência de agroecossistemas e promovam o acesso a alimentos produzidos localmente, diversificando as dietas.Trata-se de faixas contínuas e intercaladas de diferentes cultivos alimentares e espécies de plantas de cobertura, planejadas de modo a explorar a diversidade funcional. A estratégia representa a síntese do manejo da agrobiodiversidade, onde o corredor combina consórcios e sucessões de espécies de interesse dos agricultores, utilizando as melhores variedades das espécies escolhidas. As variedades/genótipos mais adaptados são definidos a partir de ensaios de competição e seleção prévios em unidades de demonstração, escolhidos pela produtividade ou características específicas.O projeto, finalizado em 2019, teve por objetivo validação da estratégia dos corredores agroecológicos como sistema de produção agroecológico para pequenos agricultores familiares do estado de Goiás, tendo como culturas principais o milho, o feijão e a mandioca, a partir de estudos sobre o funcionamento desse sistema (adaptação de genótipos, variáveis químicas, físicas e biológicas de solo, ocorrência de insetos-praga, inimigos naturais e plantas invasoras e aspectos sócio econômicos) e do rendimento dos cultivos principais. Os corredores agroecológicos foram implantados em duas propriedades em duas regiões do estado de Goiás, em diferentes estágios de transição para a agricultura de base ecológica: Fazenda Corinalves, em Santo Antônio do Rio Verde, distrito de Catalão (GO), em fase final da transição, e Fazenda Piracanjuba, em Silvânia (GO), conduzida sob manejo agroecológico. A produtividade dos cultivos principais, milho e feijão, com as variedades plantadas em cada local, foi, em sua maioria, superior aos valores de referência dos coeficientes técnicos locais, indicando o potencial do sistema em garantir rendimentos satisfatórios. Os resultados dos estudos mostraram que o cultivo dos corredores melhorou ou manteve as condições de fertilidade do solo, dependendo do estágio de transição agroecológica das propriedades. A atividade biológica, medida por enzimas indicadoras, fungos micorrízicos e elementos da microfauna de solo, decresceu com a implementação do sistema de corredores e tendeu à recuperação com o passar do tempo.Para o caso dos insetos benéficos e das pragas, a implantação dos corredores e a diversificação vegetal pelas espécies cultivadas resultaram em efeito positivo nas comunidades de artrópodes e favoreceram a diversidade local e a redução da dominância de espécies-praga. Para as invasoras, os resultados preliminares mostraram que as espécies que predominam na propriedade manejada agroecologicamente são de fácil controle com uso de cobertura do solo e outros métodos naturais e que houve acentuada redução na densidade das espécies na propriedade em transição. Os resultados do projeto foram bastante promissores e indicaram a necessidade de continuidade das avaliações nos estabelecimentos agrícolas estudados, além da expansão da estratégia para outras propriedades em outros locais, de modo a validá-la.

Ecossistema: Região dos Cerrados

Situação: concluído Data de Início: Mon Feb 01 00:00:00 GMT-03:00 2016 Data de Finalização: Tue Dec 31 00:00:00 GMT-03:00 2019

Unidade Lider: Embrapa Cerrados

Líder de projeto: Cynthia Torres de Toledo Machado

Contato: cynthia.torres@embrapa.br