Bacteriófagos são vírus amplamente distribuídos na natureza e que atuam especificamente em bactérias, sendo possibilidade terapêutica alternativa aos antimicrobianos. A disponibilidade de um ativo tecnológico biológico que evita ou reduz o uso de antimicrobianos e seja aplicável ao controle de Salmonella na avicultura é desejável frente à importância social e econômica da produção avícola para o país e à necessidade de buscar alternativas ao uso de antimicrobianos para preservar a eficácia dos fármacos atualmente disponíveis. A Embrapa isolou e estudou três bacteriófagos líticos nativos com especificidade frente a alguns dos sorovares zoonóticos de Salmonella que causam contaminação da carne de frango e restrições de mercado severas. Os estudos in vivo prévios demonstraram o potencial desses bacteriófagos em reduzir o nível de Salmonella no intestino de frangos de corte, mas cujo efeito precisa ser otimizado para obter um produto efetivo e com potencial de mercado. Sendo um biofármaco de uso oral, a estratégia é contornar as condições adversas encontradas ao longo do trato gastrointestinal e oportunizar maior permanência no sítio, facilitando o contato e a ação sobre a bactéria entérica alvo. A presente proposta visa usar esses três bacteriófagos líticos como modelo para o desenvolvimento de um sistema de entrega de bacteriófagos, por meio de formulação gastroresistente e muco-adesiva, multivalente, estável durante o período de armazenamento, e em apresentação viável para reconstituição que permita sua administração às aves pela água de beber. Nesse formato, o ativo biológico será destinado ao controle de S. Heidelberg, S. Enteritidis e, S. Typhimurium em frangos de corte, com nicho de aplicação em matrizes. A formulação desenvolvida será aplicável a outros bacteriófagos com características morfológicas semelhantes que venham a ser isolados e estudados, voltados ao tratamento de outras bactérias entéricas relevantes na avicultura. Pela sua conformação, o insumo tem possibilidade de aplicação também em outras espécies de animais de produção, como suínos. O diferencial do produto a ser desenvolvido pela Embrapa é usar bacteriófagos nativos inéditos e exclusivos.