Manejo de açaizais de grota

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Foto: MOCHIUTTI, Silas

Para realizar o manejo dos açaizais é necessário obter o licenciamento ambiental. Os estados do Amapá e do Pará possuem normas que simplificam a autorização e controle do manejo, e a extração e comercialização do palmito. O licenciamento permite que o pequeno produtor corte, transporte e comercialize o palmito do açaizeiro oriundo do manejo dos açaizais para produção de frutos. Nem todas as grotas podem ser manejadas para produção de frutos de açaí. Apenas áreas com características específicas podem ser manejadas sem comprometer a função ambiental da grota. Para isso, devem atender requisitos três requisitos: 1) Estar localizada a uma distância superior a 50 metros do entorno das nascentes e dos olhos-d'água perenes; 2) Ter uma largura mínima de 30 metros desde a borda da calha do leito regular do curso d'água perene; e 3) Apresentar uma densidade máxima de 160 árvores folhosas e de outras espécies de palmeiras por hectare com circunferência à altura do peito (CAP) maior que 60 centímetros, ou, possuir no mínimo 50 touceiras de açaizeiros por hectare e pelo menos 100 estipes em produção (adultos). As grotas inapropriadas para o manejo podem ser utilizadas para a coleta de frutos de açaí e de outras espécies e, quando necessário, pode ser realizada a limpeza das touceiras dos açaizeiros, com a retirada dos estipes altos e finos, sem realizar a supressão da vegetação arbórea. O manejo sustentável de um açaizal de grota deve prever, depois de pelo menos 7 anos de boas práticas de manejo, uma densidade de 400 touceiras de açaizeiros por hectare, com 1.200 estipes em produção (3 por touceira) e 250 plantas com circunferência a altura do peito (CAP) maior que 15 cm de outras espécies florestais, sendo árvores 150 finas (CAP de 15 cm a 60 cm), 50 árvores médias (CAP de 60 cm a 150 cm) e 50 árvores grossas (CAP maior que 150 cm). As operações para o estabelecimento do manejo dos açaizais de grotas devem ser planejadas para serem realizadas de forma sequencial e no decorrer de 3 a 4 anos. Devem-se realizar intervenções anuais para reduzir a competição e aumentar o crescimento e a produção do açaizeiro, porém, mantendo-se a estrutura e diversidade da floresta. Estas intervenções devem ser realizadas em seis etapas, conforme descritas a seguir: 1) Demarcar quantas parcelas forem necessárias para abranger toda área a ser manejada. As parcelas poderão ser de 25 m x 40 m (1.000 m2) ou de 50 m x 50 m (2.500 m2); 2) Inventário florestal: identificar, quantificar, medir e classificar todas as árvores como finas, médias e grossas. Para a medição pode-se utilizar fita métrica. Contar as touceiras de açaizeiros e classificar os estipes de cada touceira em adultos (em produção), jovens (maior que 2 m de altura, sem produção) e perfilhos (0,3 m a 2,0 m de altura); 3) Analisar os dados e planejar as intervenções: somar o número de árvores e outras palmeiras por classe de circunferência de cada espécie e total da parcela. Quantificar o total de touceiras e de estipes por classes de altura. Planejar as operações de manejo para adequar as densidades de açaizeiros para 400 touceiras/ha e das demais espécies florestais para 250 indivíduos/ha, conforme citado anteriormente. Caso a quantidade inventariada na parcela seja superior, devem-se planejar intervenções para a supressão dos indivíduos excedentes em um período de 4 anos. Devem-se selecionar indivíduos das espécies com produtos de valor econômico e cultural, como frutos, sementes, fibras, látex, medicinal, etc. para serem mantidos na área; 4) Limpeza do açaizal: roçar o açaizal, para facilitar as operações de manejo e o acesso as touceiras dos açaizeiros, eliminado apenas a vegetação herbácea do sub-bosque e cipós, mantendo a regeneração das espécies florestais. A limpeza do açaizal deve ser realizada pelo menos uma vez por ano; 5) Intervenções de manejo: efetuar a supressão de excedentes de espécies arbóreas e o plantio de açaizeiros, conforme planejado na etapa 3, lembrando que a eliminação de excedentes deve ser realizada em quatro anos. As árvores folhosas médias e grossas não devem ser derrubadas, sua supressão, caso necessário, deve ser por anelamento, que consiste na retirada da casca da árvore numa faixa que envolva todo o tronco, de largura variável dependendo da espécie. Os estipes de açaizeiros altos, finos, tortos ou que tenham brocas devem ser cortados, pois apresentam baixa produção, dificultam a colheita e ainda podem causar acidentes; 6) Manutenção do açaizal: o manejo de um açaizal de grota é uma operação permanente. Anualmente deve-se dar continuidade às operações planejadas, com a limpeza do açaizal e das touceiras, supressão de árvores e condução da regeneração, visando conduzir a área para a densidade e altura desejada. Um bom manejo das touceiras de açaizeiros promoverá a redução da altura dos estipes produtivos para no máximo 14 m. Isso é possível com a retirada paulatina dos estipes mais altos, até que esse objetivo seja atingido.

Prática agropecuária: Outras práticas agropecuárias Ano de Lançamento: 2015

Bioma: Amazônia

Unidade Responsável: Embrapa Amapa

Unidades Participantes: Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Amapa

Palavras-chave: açaí, grota, Amapá, manejo

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