Estratégia de recuperação | Sistemas Agroflorestais - SAFs

SAFs para recuperação ambiental são sistemas produtivos que podem se basear na sucessão ecológica, análogos aos ecossistemas naturais, em que árvores exóticas ou nativas são consorciadas com culturas agrícolas, trepadeiras, forrageiras, arbustivas, de acordo com um arranjo espacial e temporal pré estabelecido, com alta diversidade de espécies e interações entre elas. Em geral, nos SAFs são realizados plantios de sementes e/ou de mudas. Os recursos e o retorno da produção são gerados permanentemente e em diversos estratos. SAFs otimizam o uso da terra, conciliando  a preservação ambiental com a produção de alimentos, conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para a produção agrícola. Podem ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas. Atenção: 1) os SAFs são permitidos em ARL, APPs de pequenas propriedades ou posse rural familiar e em AUR com declividade entre 25° e 45° e áreas consolidadas; 2) o plantio de espécies exóticas com espécies nativas de ocorrência regional não pode ultrapassar 50% da área total a ser recuperada.

 

Controle de fatores de degradação ambiental

Ao optar por uma ou mais estratégias de recuperação, visando não prejudicar a regeneração natural e/ou os plantios, algumas medidas iniciais devem ser tomadas para eliminar ou minimizar fatores de degradação ambiental, dentre os quais o fogo, o pastoreio de animais e as formigas cortadeiras. Além dessas medidas, a estratégia selecionada deve vir acompanhada, sempre que possível, do uso de Boas Práticas Agrícolas visando garantir a conservação do solo e da água.

Resultados esperados

Resultados esperados em 2 anos

As primeiras receitas, ainda no primeiro ano, são provenientes das espécies anuais (feijão, arroz, milho),  hortaliças, adubos verdes (feijão-de-porco, guandu, crotalária,) e espécies semi-perenes (mandioca, abacaxi, banana, mamão), podendo ser comercializadas nos primeiros 3 anos, em média. A produtividade das culturas anuais e semi-perenes diminui à medida que ocorre o aumento do sombreamento e competição com as espécies lenhosas.

Resultados esperados em 10 anos

Nesta fase os SAFs atingem boa maturidade, as espécies frutíferas iniciaram sua fase produtiva a partir do quarto ano e já atingiram sua estabilidade produtiva aos 10 anos. As espécies madeiráveis podem ser colhidas entre os 6 e 10 anos para fornecer energia (Eucalipto, por exemplo). Esta fase apresenta uma redução na demanda de mão-de-obra devido a menor intensidade nas atividades de manutenção das espécies frutíferas e madeiráveis.

Monitoramento

  1. Realizar análises de solos periódicas, anuais nos primeiros 3 anos e a cada 2 anos nos anos seguintes, para monitorar as características físicas e químicas;
  2. Observar a dinâmica dos SAFs, quanto ao crescimento, sanidade, períodos de floração e frutificação das espécies frutíferas;
  3. Realizar as atividades de manejo como podas de formação de copa e fitossanitárias, desbastes e limpezas em geral;
  4. Observar e, caso necessário, combater pragas e doenças. As formigas são um dos principais problemas em áreas degradadas na fase de estabelecimento dos SAFs;
  5. Adequar a quantidade da mão-de-obra nos períodos com maior demanda, como geralmente ocorrem nas atividades de preparo de área, plantio e colheita, conforme planejamento;
  6. Manter um arquivo organizado em planilha eletrônica, com todas as atividades de custos de mão-de-obra e de insumos, além das receitas geradas pela venda dos produtos dos SAFs, para obter os coeficientes técnicos e indicadores financeiros do sistema. Desta forma o produtor rural poderá analisar a viabilidade financeira em diferentes fases do sistema.

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Riscos possíveis

  1. Não aceitação dos SAFs: ter a participação dos produtores rurais no processo de elaboração dos SAFs, e observar a aptidão dos produtores para cultivar as espécies selecionadas;
  2. Dificuldades para escoar a produção: realizar estudo das condições de transporte dos produtos agropecuários das estradas vicinais, desde as propriedades até o local de comercialização;
  3. Dificuldades para vender a produção: realizar um estudo de mercado das espécies selecionadas nos SAFs e identificar seu processo de comercialização;
  4. As culturas não se desenvolvem satisfatoriamente: cuidado na composição do SAF, devendo-se observar as interações entre espécies, excesso de competição entre os componentes, como p. ex. excesso de sombreamento, falta de nutrientes, densidade em cada estrato e tamanho de copa. A seleção das espécies deve considerar se as características edafoclimáticas (qualidade do solo, precipitação, período de estiagem, temperatura, altitude, luminosidade, ventos), estão de acordo com os requerimentos de cada espécie;
  5. Planejamento inadequado: as atividades inerentes ao preparo de área, manutenção, colheita e comercialização, assim como estimar os preços de venda e a produtividade das espécies ao longo do tempo de plantio, são fundamentais para o êxito do sistema agroflorestal.

     

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