Colheita

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autores

João Tomé de Farias Neto - Embrapa Amazônia Oriental

José Edmar Urano de Carvalho - Embrapa Amazônia Oriental

Walnice Maria Oliveira do Nascimento - Embrapa Amazônia Oriental

 

A colheita de cachos é efetuada, aproximadamente, 5 a 6 meses ou, aproximadamente, 180 dias após a fecundação das flores, ocasião em que os frutos apresentam coloração roxo-escura ou verde-escura, dependendo do tipo, sendo recobertos por uma camada esbranquiçada.

A colheita é uma operação onerosa e difícil e deve ser feita sempre no início da manhã, com o auxílio de facas bem afiadas para a realização de cortes no cacho próximos à inserção do estipe. Em plantas altas e com estipes finos, a colheita constitui-se uma operação onerosa e difícil de ser realizada. Durante a colheita, cuidados especiais são necessários para que não haja desprendimento de quantidade elevada de frutos das ráquilas. Em plantas no início da produção, a colheita é mais facilitada.
A preferência da colheita pela manhã visa evitar que os cachos sejam desbolados nos horários mais quentes e chuvosos do dia, que dificultam também a escalada nas palmeiras, pois os estipes ficam quentes e escorregadios. Da mesma forma, um bom horário é logo após o raiar do dia, quando os ventos são brandos. Outro fator determinante para a colheita no início da manhã está relacionado ao tempo gasto com a embalagem dos frutos e transporte, uma vez que os frutos colhidos devem chegar aos grandes centros consumidores, principalmente em Belém, PA, ainda nas primeiras horas do dia seguinte ao da colheita.

Durante a colheita, devem ser estabelecidos padrões de higiene, de modo a garantir a qualidade do produto a ser obtido. Após a colheita, o cacho deve ser depositado em lonas plásticas limpas e não ao solo, para se evitar a contaminação dos frutos. Em seguida, deve-se realizar a remoção de sujeiras (restos florais, de ráquilas, etc.), de frutos verdes atacados por insetos, doenças e animais e de produtos indesejáveis à comercialização e ao processamento. Após a retirada dos frutos, os cachos secos devem ser mantidos na área, pois servem de adubo orgânico.  

Escaladores habilidosos são capazes de passar de um estipe para outro de uma mesma touceira, sem descer ao solo, colhendo de três a cinco cachos em uma única escalada, desde que o peso total não ultrapasse 15 kg. Normalmente, um escalador experiente é capaz de colher cerca de 150 kg a 200 kg de frutos, o que corresponde a, aproximadamente, 50 a 60 cachos em uma jornada de 6 horas de trabalho (Figura 1).
                                                                                                                                                     
Foto: Walnice Maria Oliveira do Nascimento
Figura 1 . Escalador de açaizeiro realizando colheita de frutos.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                  
Com a intensificação e racionalização do cultivo do açaizeiro, a operacionalização da colheita precisa ser substancialmente melhorada, tendo em vista que, em muitas áreas onde a cultura está sendo implantada, há carência de pessoal habilitado em escalar palmeiras, além de o sistema tradicional ser bastante oneroso e com baixo rendimento de mão-de-obra. Um equipamento que vem sendo testado, com relativo sucesso, na Embrapa Amazônia Oriental, para a colheita de cachos de pupunheira (Bactris gasipaes), pode ser utilizado também na colheita do açaizeiro. Esse equipamento consiste de uma vara de alumínio, com 6 m de comprimento, que contém uma lâmina para o corte, um recipiente para a recepção do cacho e uma roldana que permite a descida e a subida do recipiente, em uma das extremidades.

Os frutos devem ser acondicionados, preferencialmente, em caixas de plástico, pela melhor conservação que estas proporcionam. Cestos confeccionados com fibras vegetais (paneiros) também podem ser utilizados (Figura 2). Os cestos oferecem boa ventilação, o que favorece a conservação dos frutos com capacidade variável, comportando, normalmente, de 14 kg ou 28 kg de frutos. Já as caixas evitam o contato direto dos frutos com o solo ou com qualquer agente contaminante, como combustível e produtos químicos.
                                                                                           
Foto: José Edmar Urano de Carvalho
Figura 2. Cesto confeccionado de fibras
vegetais usado para o transporte de frutos de açaí.