Doenças fúngicas

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autor

Bernardo Ueno - Embrapa Clima Temperado

 

A melhor estratégia de controle de doenças está na prevenção, evitando a sua introdução em uma área com histórico de problemas. Como a cultura da amoreira-preta ainda é pouco difundida no Brasil, o trabalho de prevenção de doenças se torna mais fácil.

Uma vez feita a identificação, foram feitas propostas de controle, baseadas em informações de outras culturas que apresentem problemas similares ou iguais, determinando a melhor estratégia de manejo para a redução dos danos provocados pela doença. Materiais vegetais apresentando sintomas foram coletados de caules, folhas, flores e frutos de variedades de amoreira-preta e amoreira nativa. Os principais gêneros de fungos identificados foram:


Alternaria spp
 

Sintomas: no caule, lesões e manchas concêntricas pardas; nas folhas, estas lesões e manchas podem chegar a 2 cm de diâmetro; nas flores causam necroses florais e deformações.
 

Comportamento: a disseminação do patógeno é feita pelas sementes, pelo vento e mudas. Pode sobreviver em restos de cultura e em vários hospedeiros. Se desenvolve em temperaturas entre 2 e 36 ºC, com um ótimo em torno de 28 ºC. Em condições ótimas, o ciclo se desenvolve em cerca de 5 dias.
 

Controle: até o presente momento, não há resultados de pesquisa que permitam a recomendação de medidas adequadas para o seu controle.

 

Aspergillus spp
 

Sintomas: presença de esporulação preta pulverulenta de fácil remoção. Sintoma tipo mancha.

Comportamento: a infecção da planta pode ocorrer no transporte ou durante o armazenamento, pelo contato entre os frutos, pelo manuseio, por ferimentos mecânicos ou por disseminação dos esporos por corrente de ar. Umidade e temperatura elevadas favorecem o crescimento e a disseminação do fungo.
 

Controle: redução de injúrias durante as operações de colheita, classificação, armazenamento. Embalagem e transporte; armazenamento em locais com boa aeração; manter o local de armazenamento limpo e sanitizado, a baixa temperatura e umidade relativa.

 

Botrytis sp

Sintomas: os frutos podem ser afetados em qualquer estágio de desenvolvimento. No início, a podridão se apresenta como mancha de tamanho variável, de cor marrom claro, com uma consistência mole, mas não aquosa, que evolui rapidamente por todo fruto, apodrecendo-o completamente. Este, finalmente, se apresenta seco e firme, recoberto com um bolor cinzento, constituído por conidióforos e conídios do fungo. Eventualmente, os frutos podem se tornar mumificados. O fungo afeta também outras partes da planta com características semelhantes.

Comportamento: é um agente patogênico que causa podridões em várias espécies vegetais. É um parasita facultativo que pode se desenvolver saprofiticamente em restos de matéria orgânica, onde forma escleródios e micélio dormente que lhe permite sobreviver às condições desfavoráveis. Os conídios do fungo, formados na superfície dos fungos, são facilmente disseminados dentro da cultura, pelo vento. As melhores condições para o aparecimento da doença são de alta umidade e temperatura ao redor de 20 ºC.

Controle: recomenda-se o plantio em locais e épocas não sujeitos a cerrações (neblina).


Colletotrichum spp
 

Sintomas: mancha necrótica, preta, deprimida, com os bordos ligeiramente elevados e apresentando, sob condições favoráveis, os acérvulos do fungo. Estes produzem grande massa de conídios, que podem ser vistos, macroscopicamente, como uma massa de coloração rósea. A mancha necrótica, inicialmente pequena, desenvolve-se rapidamente no sentido longitudinal do órgão e mais lentamente no transversal.

Comportamento: o fungo esporula, em condições favoráveis, na superfície das lesões, dando grande quantidade de inóculo dentro da cultura. Temperaturas mais elevadas parecem favorecer o desenvolvimento do agente. Este fungo é causador da doença conhecida como antracnose.

Controle: durante a produção de frutos, deve-se tomar os mesmos cuidados para o controle das podridões de frutos (antes da colheita: no campo; após a colheita: durante a comercialização).


Pestalotia sp

Sintomas: caracterizado por pequenas manchas necróticas, quase circulares quando distribuídas no limbo foliar (por isso o nome da doença causada pela Pestalotia se chamar Mancha Foliar), e maiores, quando localizadas no ápice e bordo das folhas. As manchas são de coloração parda-acinzentada, com bordo mais escuro em relação à parte central. Os frutos afetados apresentam lesões necróticas escuras e deprimidas. Sua disseminação é feita, principalmente, pelo vento, insetos e respingos de chuva.

Comportamento: favorecido por regiões com umidade elevada e alta temperatura.

Controle: espaçamento adequado, exposição da área, podas, retirada e enterrio de frutos, queima de ramos podados.

 

Rhizopus sp
 

Sintomas: os tecidos afetados apresentam-se com coloração marrom, macios ao tato e encharcados, ocorrendo ainda a formação abundante de um micélio branco apresentando pontos escuros.

Comportamento: sua importância se dá no processo de comercialização, onde o fungo pode depreciar o produto. A infecção e a deterioração são extremamente influenciadas por condições ambientais durante o transporte e o armazenamento. A infecção geralmente ocorre em umidade relativa de 75 a 85%. Uma atmosfera mais seca inibe o fungo.

Controle: evitar ferimentos durante as operações de colheita, classificação, armazenamento, embalagem e transporte, separando e descartando os frutos contaminados. Efetuar a limpeza e sanitização dos ambientes onde são realizadas as operações pós-colheita, bem como as embalagens, fazendo uso de detergentes e sanitizantes específicos. Controlar a temperatura e a umidade, pois baixa umidade e temperatura no ambiente onde são armazenadas as frutas, diminui sensivelmente a ocorrência da doença.


Trichoderma sp

É um fungo saprofítico em solo ou madeira, muito comum, algumas espécies são relatadas como parasitas de outros fungos, por isso usadas como controle biológico.