Nematoides fitoparasitas

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autor

Cesar Bauer Gomes - Embrapa Clima Temperado

 

Apesar da grande rusticidade da amoreira-preta a doenças e pragas, esta cultura é afetada por algumas espécies de fitonematoides como o nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.), o nematoide-das-lesões (Pratylenchus sp.) e o nematoide-adaga (Xiphinema spp.) os quais podem limitar a produção.

O gênero Meloidogyne pode causar danos em Rubus spp., especialmente em solos arenosos. Plantas infectadas pelo nematoide apresentam engrossamento (galhas) nas raízes, o que diferencia de um sistema radicular sadio. No Brasil, são relatadas as espécies M. incognita e M. hapla associado a galhas nas raízes possivelmente causadas por Agrobacterium no Estado de São Paulo.

Entretanto, não há registro de perdas nos locais onde o nematoide foi detectado.Danos decorrentes do ataque P. vulnus e P. penetrans no gênero Rubus são frequentemente registrados em países como os EUA e na Europa. Porém, no Brasil, não há registro destas espécies na amoreira-preta. Uma vez que as raízes são infectadas por Pratylenchus spp., ao se alimentar, o nematoide locomove-se nos tecidos causando necroses, apodrecimentos e, consequentemente, o declínio da mesma.

Um levantamento nematológico realizado no Rio Grande do Sul verificou-se a presença de níveis populacionais de 70-80 nematoides/10g de raízes de amoreira-preta cv. Tupy para P. zeae e P. jordanensis, respectivamente.Diante desses resultados, os autores ressaltam a falta de informação e a necessidade de estudos relacionados à patogenicidade e à resistência genética a diferentes espécies de Pratylenchus na cultura.

Algumas espécies de Xiphinema também podem parasitar a amoreira-preta. Diferentes viroses recentemente detectadas nesta frutífera são transmitidas pelo nematoide-adaga e podem causar redução significativa do crescimento e produção. O Tomato ringspot nepovirus (ToRSV) ataca muitas espécies de plantas perenes, causando drásticas reduções na produtividade, sendo considerado uma praga de impacto econômico e ambiental para várias culturas.

Na amoreira-preta causa perdas na produção, que podem chegar até 80%. Apesar do ToRSV ser classificado como uma praga exótica esse vírus é transmitido por X. americanum que está amplamente disseminado no Rio Grande do Sul, estado que apresenta maior área cultivada com amora no país.Em estudo recente realizado no Brasil foi detectada a presença de X. elongatum em São Paulo.

Esta espécie pode transmitir Raspberry Ringspot e Tomato Black Ring, que são viroses associadas ao gênero Rubus. Portanto, medidas preventivas no sentido de evitar o plantio de amoreira-preta infectada com estas viroses podem restringir contaminações futuras, especialmente pela produção de mudas em local infestado com o nematoide.Outros fitonematoides como Mesocriconema xenoplax, Discocriconemella degrissei e Scutellonema brachyurus foram relatados em amora-preta no Brasil, entretanto não foram descritas evidências de danos causados por estas espécies no referido hospedeiro.

Por ser uma cultura perene, as medidas de controle de nematoides empregadas devem ser eminentemente preventivas, sendo iniciadas já na instalação do pomar, após análise nematológica do solo para implantação das mudas (livres de nematoides). Esta prática é recomendada tanto para nematoides-praga que já existem em território nacional (nematoide das galhas e das lesões), quanto para pragas exóticas, caso de várias espécies de Xiphinema, que podem ser transmissoras de algumas viroses potencialmente danosas à cultura da amoreira-preta.