Nutrição e adubação

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autor

Cláudio José da Silva Freire - Consultor autônomo

 

Quando se encontra em fase bem adiantada, uma deficiência nutricional é difícil de ser diagnosticada visualmente na amora preta. Algumas sintomatologias podem ser facilmente confundidas com outras causadas por viroses e por outros patógenos ou mesmo por distúrbios abióticos, como por exemplo, herbicidas. Além disso, raramente um problema nutricional é causado somente por um nutriente. Por exemplo, quando o pH do solo é muito elevado, podem aparecer sintomas de carências devido ao ferro, ao manganês ou ao zinco.

Ao contrário, quando o mesmo estiver muito baixo, o fósforo torna-se indisponível e o alumínio e o manganês podem se tornar tóxicos. Assim, uma diagnose confiável é difícil de ser feita somente pela observação visual da sintomatologia. Um programa de adubação para a amoreira-preta não deve estar baseado somente na sintomatologia foliar e na aparência das plantas, já que a ocorrência de sintomas carenciais indica a existência de uma severa restrição no fornecimento de nutrientes, estando tanto o crescimento das plantas quanto a produção e a qualidade dos frutos, seriamente comprometidos.

A análise de solo realizada antes do plantio pode orientar os produtores quanto à necessidade de nutrientes e de calagem. Em pomares instalados, a análise foliar é a ferramenta mais indicada para se determinar a necessidade de nutrientes. Existem poucas informações sobre a prática de adubação e a resposta da aplicação de nutrientes na amoreira-preta.


 

Nitrogênio

O nitrogênio é constituinte de vários compostos orgânicos, como aminoácidos, proteínas e ácidos nucleicos. O estado nutricional das plantas com referência a este elemento é visualmente determinado por meio da avaliação do crescimento das plantas e da coloração das folhas.

A deficiência é caracterizada pela presença de internós curtos, folhas pequenas e por uma prematura queda de folhas. Na planta, o nitrogênio é móvel, de modo que os sintomas foliares de deficiência (clorose ou amarelecimento) surgem primeiro nas folhas mais velhas. Se a carência for severa, eventualmente pode ocorrer necrose das folhas ou de parte delas.

A toxidez de nitrogênio é rara, caracterizando-se pelo excessivo vigor das plantas, internós longos, folhas com coloração verde-escura, pequena produção com frutas de baixa qualidade.



Fósforo

Se o pH do solo se situar na faixa recomendada para a cultura, raramente se observa deficiência de fósforo. As plantas com este problema apresentam o crescimento retardado. A sintomatologia carencial se estabelece primeiramente nas folhas mais velhas, as quais podem apresentar uma coloração verde-escuro, com áreas vermelhas ou pretas.

As folhas mais velhas podem cair prematuramente. O crescimento do sistema radicular é reduzido, a produção de frutos é pequena e de baixa qualidade. Ao contrário, o excesso de fósforo pode induzir deficiência de zinco, de ferro e de cobre.



Potássio

A amoreira-preta necessita de grandes quantidades de potássio. Como a necessidade é maior durante a frutificação, sua carência é mais comum de ocorrer em anos de altas produções, em solos ácidos, em períodos de seca, em solos alagados ou muito úmidos, em solos arenosos, orgânicos ou calcários.

Inicialmente, ocorre uma redução da taxa de crescimento das plantas, com a ocorrência de clorose ou de necrose nas folhas, aparecendo mais tarde. Os sintomas se caracterizam por clorose e necrose marginal ou na extremidade das folhas. Ao mesmo tempo, também podem se apresentar recurvadas e murcharem facilmente.



Magnésio

A deficiência de magnésio é mais comum de ocorrer em solos arenosos, ácidos com baixo teor de magnésio ou com conteúdos elevados de potássio. Como este nutriente é móvel na planta, a sintomatologia aparece, inicialmente, nas folhas mais velhas. Caracteriza-se por clorose internerval e, em casos extremos, estas áreas ficam necróticas.

Os sintomas podem ser confundidos com aqueles causados por viroses. As folhas com sintomas de deficiência deste nutriente podem cair prematuramente no outono.


 

Amostragem do solo
 

A coleta de amostras representativas é fundamental para a correta avaliação do pH do solo e da necessidade de fertilizantes. Para a sua obtenção é necessária a coleta de várias subamostras, em diversos pontos de uma mesma área homogênea.

O primeiro passo para se proceder a amostragem do solo consiste em dividir a área em porções homogêneas, considerando-se o tipo de solo, a topografia, a textura, a cor, o grau de erosão, a profundidade, a cobertura vegetal, a drenagem, entre outros aspectos.

No entanto, se uma área for homogênea quanto a todos os fatores acima citados, existindo, entretanto, uma porção já adubada ou que já tenha sido aplicado calcário, esta deverá ser amostrada em separado. A área abrangida por cada amostra é função da homogeneidade do solo. Normalmente, o número de subamostras se situa ao redor de 10 a 15.


Na tomada de amostra pelo sistema de amostragem composta, cada área deve ser toda percorrida, caminhando-se em ziguezague e coletando-se, ao acaso, subamostras, que depois são reunidas. Após homogeneizada, retira-se cerca de 500g de solo para serem enviados ao laboratório. Os procedimentos de amostragem do solo são os recomendados pela Comissão de Fertilidade do Solo – RS/SC.

As amostras de solo podem ser coletadas em qualquer época do ano. No entanto, para que o produtor tenha conhecimento do pH do solo, da necessidade de calcário e de fertilizantes, em tempo hábil, a coleta deverá ser realizada, no mínimo, quatro meses antes do plantio das mudas.