Cultivares

Conteúdo atualizado em: 29/07/2023

Autor

Joaquim Geraldo Cáprio da Costa - Embrapa Arroz e feijão

Jose Luis Cabrera Diaz - Embrapa Arroz e feijão

Luis Claudio de Faria - Embrapa Arroz e feijão

Adriane Wendland Ferreira - Embrapa Arroz e feijão

Maria José Del Peloso - Embrapa Arroz e feijão

Helton Santos Pereira - Embrapa Arroz e feijão

Leonardo Cunha Melo - Embrapa Arroz e feijão

 

A demanda constante por cultivares mais produtivas, com melhor qualidade de grãos, plantas eretas com alta inserção de vagens e com resistência aos principais fatores restritivos da produção, tem orientado o programa de melhoramento do feijão-comum da Embrapa Arroz e Feijão e parceiros.

Nos últimos 21 anos, esse programa lançou 35 novas cultivares de diversos tipos comerciais de grão, com média de 1,7 cultivar por ano (Figura 1). Nesse período, foi possível evoluir no melhoramento de algumas características, entre as quais se destacam o porte da planta, a resistência a algumas das principais doenças, além do tipo de grão comercial direcionado para o mercado interno.

O desenvolvimento do modelo de agricultura empresarial na cultura do feijão-comum manteve as demandas anteriores e acrescentou outras características para o desenvolvimento de novas cultivares. Os agricultores continuam demandando cultivares mais produtivas e estáveis, com resistência às principais doenças, que possuam arquitetura de planta ereta e propiciem, também, a colheita mecânica com baixo índice de perdas, menor incidência de doenças devido à melhor aeração na lavoura e à melhor qualidade tecnológica do grão. A precocidade tornou-se uma característica cada vez mais valorizada, pois permite rápido retorno do capital investido e maior flexibilidade no manejo dos sistemas de produção, economia de água e energia elétrica nos sistemas irrigados da safra de outono-inverno, aliados à vantagem de escape de pragas e doenças e de períodos de deficit hídrico, cada vez mais frequentes.

Apesar dos esforços atuais direcionados ao desenvolvimento de cultivares que aliem alta produtividade e maior estabilidade, com grãos que agreguem valores de qualidade tecnológica, proteica e funcional, permanecem ainda desafios como a busca por resistência ao mosaico-dourado, a qual permitirá retornar aproximadamente 180 mil hectares ao sistema produtivo. Além dessa doença, a expectativa é, também, pela obtenção de resistência estável aos patógenos causadores das enfermidades já presentes no sistema produtivo, assim como das novas doenças que vêm se tornando importantes, como a murcha-de-Curtobacterium, o nematoide das galhas e a ferrugem-asiática.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 1. Cultivares de feijão.

 

A utilização de cultivares melhoradas pode contribuir decisivamente para o agronegócio do feijão, com maior oferta de alimentos, aumento da produtividade da cultura, estabilidade da produção, redução de riscos, redução dos custos de produção, aumento da renda no meio rural, geração de novos empregos, redução do êxodo rural, segurança alimentar, redução das importações, aumento de exportação, menor uso de agroquímicos, preservação do meio ambiente, além de possibilitar a agregação e a transferência de outras tecnologias, consequentemente viabilizando sua adoção. Uma vez obtidas novas cultivares possuidoras das características exigidas pelos produtores e consumidores, elas devem ser difundidas. Além disso, devem ser agregadas técnicas que contribuam para que expressem todo o seu potencial produtivo. O sistema de produção mais adequado para cada uma das cultivares via ajustes fitotécnicos, os seus pontos fortes e os seus pontos fracos devem ser demonstrados para que os clientes as cultivem de modo mais racional.