Abelhas

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Márcia de Fátima Ribeiro - Embrapa Semiárido

 

A fauna apícola da Caatinga é representada por 187 espécies de abelhas, distribuídas em 77 gêneros. Trata-se de uma baixa diversidade de espécies quando comparada com outros ecossistemas. No entanto, nela predominam espécies endêmicas e raras, sendo os meliponíneos, abelhas nativas sem ferrão, um dos grupos mais representativos.

Os meliponíneos estão distribuídos nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Ao todo, somam aproximadamente 400 espécies, das quais quase a metade ocorre no Brasil. Na Caatinga ocorrem 11 espécies, das quais nove ocorrem na região do Pólo Petrolina -PE/Juazeiro -BA (Tabela 1).

 Tabela 1. Espécies de abelhas sem ferrão encontradas na Caatinga.

NOME CIENTÍFICO

NOME COMUM

Melipona mandacaia

mandaçaia

Frieseomelitta doederleini

abelha branca

Plebeia sp.

mosquito

Melipona asilvai

manduri

 

Partamona sp.

vupira

Trigona spinipes

irapuá

Trigona fuscipenis

sanharol

Trigona sp.

brabo

Lestremelitta sp.

trombeteiro

 

 A maioria dessas abelhas usa ocos de árvores para alojar seus ninhos, mas algumas nidificam em cupinzeiros e em cavidades de muros (Figura 1a,1b,1c,1d). Entre as árvores encontram-se umburana de cambão (Commiphora leptophloeos), algarobeira (Prosopis juliflora), pau-ferro (Caesalpinia ferrea), umbuzeiro (Spondias tuberosa), umburuçu (Pseudobombax sp.), favela (Cnidoscolus quercifolius), catingueira (Poincianella pyramidalis), jatobá (Hymenaea courbaril), baraúna (Schinopsis brasiliensis), sete-cascas (Tabebuia spongiosa), aroeira (Myracrodruon urundeuva) e mandacaru (Cereus jamacaru). Na umburana de cambão foi registrado mais de um ninho simultaneamente, contendo até cinco entradas de ninhos na mesma árvore, indicando certa preferência das abelhas por esta espécie vegetal.

    Foto: Marcia Ribeiro,2009                                          Foto:  Francimaria Rodrigues,2009

       

                                     a                                                                   b

   Foto:  Francimaria Rodrigues, 2009                                             Foto: Marcia Ribeiro,2009

     
                                    c                                                                      d 

 Figura 1: Entrada de ninhos de abelhas sem ferrão. (a)- mandaçaia em tronco de umburana de cambão, mosquito em tronco de algarobeira (b) e em muro (c) e (d) cupira em cupinzeiro.

 

 No que se refere às inter-relações com a flora, essas abelhas são importantes agentes polinizadores, principalmente de espécies ameaçadas de extinção (Figura 2).

   Fotos: Lúcia Kiill, 1999                                                               

           

                        a                                                b                                             c

Figura 2: Abelhas em visita às flores de aroeira (Myracrodruon urundeuva). irapuá (a), manduri (b) e mandaçaia (c).


No semiárido, há produtores que se dedicam à meliponicultura ou criação de abelhas sem ferrão, mesmo em áreas urbanas. A principal espécie utilizada para a produção de mel é a mandaçaia (Melipona mandacaia). Alguns produtores chegam a ter mais de 150 caixas e/ou cortiços em seus quintais. De forma surpreendente essas abelhas conseguem se manter com o pasto apícola presente nas cidades, pois normalmente não  recebem alimentação  artificial.Entre as outras espécies encontradas nas zonas rurais, pode-se considerar com potencial para meliponicultura a abelha branca (Frieseomelitta doederleini) - para produção de pólen e resina, e a manduri (Melipona asilvai) - para produção de mel. Além dessas, destacam-se ainda a mosquito (Plebeia sp.), a irapuá (Trigona spinipes) e o sanharol (Trigona fuscipenis) que podem ser citadas como potenciais para utilização em serviços de polinização.