Forrageiras

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

José Nilton Moreira - Consultor autônomo

Marcos Antônio Drumond - Embrapa Semiárido

 

Diversos estudos revelam que mais de 70% das plantas da Caatinga compõem de forma significativa a dieta dos ruminantes domésticos. Na estação das chuvas, a maior parte da forragem é proporcionada pelo estrato herbáceo, com baixa participação da folhagem de árvores e arbustos. No entanto, à medida que a estação seca se pronuncia, a folhagem das espécies lenhosas passa a constituir a principal fonte de alimento para os animais.

Entre as diversas espécies da Caatinga com potencial forrageiro, pode-se destacar a maniçoba (Manihot pseudoglaziovii), o pau ferro (Caesalpinia ferrea), as catingueiras verdadeira (Poincianella pyramidalis) e rasteira (P. microphylla), a favela (Cnidoscolus quercifolius), o marizeiro (Geoffrae spinosa) o mororó (Bauhinia cheilantha), o sabiá (Mimosa caesalpiniifolia), o rompe gibão (Pithecelobium avaremotemo), o juazeiro (Ziziphus joazeiro), a jurema preta (Mimosa tenuiflora), o engorda-magro (Desmodium sp), a marmelada de cavalo (Desmodium sp), o feijão bravo (Capparis flexuosa), a camaratuba (Cratylia mollis), o mata pasto (Senna sp), a erva de ovelha (Stylosanthes sp) o facheiro (Pilosocereus pachycladus) o mandacaru (Cereus jamacaru), o umbuzeiro (Spondias tuberosa) entre outras.

Em termos quantitativos diversos estudos mostram que a vegetação da Caatinga produz cerca de 4.000kg de Matéria Seca/ha/ano de forragem apresentando valores de Proteína Bruta (PB), Fibra em Detergente Neutro (FDN) e Digestibilidade in vitro de Matéria Orgânica (DIVMO), ao longo do ano, de 8,9 a 18,4%, 42,1 a 58,55%, e 30,1 a 57,3% respectivamente.

A criação de ruminantes no Nordeste, especialmente a de ovinos e caprinos, é marcada por práticas extensivas. Na maioria das vezes, em condições de superpastejo.  Desta forma, a pecuária no semiárido é apontada por muitos estudiosos como um dos principais fatores de degradação do bioma.

A pesquisa recomenda várias técnicas que promovem o uso sustentável da vegetação nativa. Dentre elas as que consorciam reflorestamento com a agricultura temporária e/ou pecuária, que ajudam na fixação do homem no campo, absorvem parte da mão de obra não qualificada disponível, considerando o longo período em que o manejo silvicultural precisa ser conduzido, econtribui sensivelmente para o aumento da produção agropecuária. Entre as técnicas silvopastorís podem ser destacadas:


- Rebaixamento: que consiste no corte das árvores e arbustos a 30-40 cm do solo para manter as copas ao alcance dos animais, principalmente caprinos.

- Raleamento: que consiste no controle das espécies lenhosas não forrageiras, reduzindo o sombreamento e criando condições para o crescimento do estrato herbáceo.

- Rebaixamento com raleamento: junção das duas técnicas anteriores e aplicadas simultaneamente.

- Enriquecimento: após um raleamento da vegetação, faz-se uma ressemeadura com espécies forrageiras para aumento da produção e qualidade da forragem.


Outra forma de uso sustentável para fins pastoris é o Sistema CBL, aonde o consórcio da vegetação nativa com espécies forrageiras, como capim buffel e a leucena, vem complementar a dieta alimentar do rebanho na época seca.