Madeireiras

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Marcos Antônio Drumond - Embrapa Semiárido

 

O estoque madeireiro da Caatinga é baixo, podendo variar conforme as condições edafoclimáticas (condições de solo e clima) locais. Inventários florestais realizados na região dos municípios pernambucanos de São José do Belmonte, Floresta, Salgueiro, Parnamirim, Ouricuri, Bodocó, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina, demonstraram que os estoques lenheiros podem variar entre 7 e 100 m3 de lenha.
 
Como fonte madeireira para a produção de lenha, carvão e estacas, destacam-se o angico (Anadenanthera columbrina), o angico-de-bezerro (Piptadenia moniliformes), as catingueiras verdadeira (Poincianella pyramidalis) e rasteira (P. microphylla), a aroeira do sertão (Myracroduon urundeuva), a baraúna (Schinopsis brasiliensis), a jurema-preta (Mimosa tenuiflora), o pau-d’arco (Handroanthus impetiginosus), o sete-cascas (H. spongiosus), o sabiá (Mimosa caesalpiniifolia) e a umburana de cambão (Commiphora leptophloeos.).

As práticas extensivas do manejo dessa vegetação determinam o corte das plantas para produção de lenha, carvão e estacas destinados ao abastecimento das indústrias de alimentos, curtumes, cerâmicas, olarias, reformadoras de pneus, panificadoras e pizzarias. Em municípios da Chapada do Araripe - nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Piauí, que compõem o pólo gesseiro, o consumo de lenha atinge valores de 30.000m3/mês, o que resulta em um desmatamento de aproximadamente 25 hectares por dia.
 
Os cortes acontecem de forma tão intensa que em recentes levantamentos foram verificadas áreas inferiores a 50% de cobertura florestal em cada estado do Nordeste. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o manejo sustentável dos recursos florestais da Caatinga pode ser realizado por meio de técnicas de intervenção que se baseiam nos tipos de corte. No corte raso ou talhadia simples cortam-se todas as árvores e arbustos, independentemente de tamanho e espécie. Esta técnica tem como vantagens a facilidade da retirada dos produtos, a maximização do volume extraído por área, sendo indicada para produção de lenha.
 
O corte seletivo ou talhadia seletiva pode ser feito por diâmetro mínimo, onde cortam-se todas as árvores acima de um diâmetro pré-determinado em função do produto desejado, sendo indicada para a obtenção de estacas, mourões e toras. Esta técnica pode também ser feita associando diâmetro e a espécie, visando a obtenção de produtos específicos como, por exemplo, estacas de sabiá.
 
Estas práticas são adequadas ao desenvolvimento de Sistemas Agroflorestais (SAFs) na região. Além disso, permite o ajuste da oferta de matéria-prima florestal na região, e reverter a atual tendência da pouca reposição florestal obrigatória.