Florestal

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

José Felipe Ribeiro - Embrapa Cerrados

Bruno Machado Teles Walter - Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

 

 

VEGETAÇÃO FLORESTAL

INTRODUÇÃO

Foto: Jeanine Felfili

Vista geral do tipo de vegetação florestal Mata de Galeria

 

As formações florestais do Cerrado englobam os tipos de vegetação com predominância de espécies de árvores e formação de cobertura pela proximidade das copas das árvores (dossel). A Mata Ciliar e a Mata de Galeria são os tipos de vegetação florestal associadas a cursos de água, que podem ocorrer em terrenos bem drenados ou mal drenados. A Mata Seca e o Cerradão ocorrem nos níveis de relevos que separam os fundos de vales (interflúvios), em terrenos bem drenados.

A Mata de Galeria possui dois subtipos: não-Inundável e Inundável. A Mata Seca três: Sempre-Verde, Semidecídua e Decídua. O Cerradão pode ser classificado como Mesotrófico (quando ocorre em solos com condições médias em relação à disponibilidade de nutrientes, ou seja, solos com fertilidade moderada) ou Distrófico (quando ocorre em solos pobres em relação à disponibilidade de nutrientes, ou seja, solos com baixa fertilidade).

 

ORIGEM DAS FORMAÇÕS FLORESTAIS DO CERRADO

Fatores Determinantes

Fatores geológicos, ecológicos e de variações locais são responsáveis pela ocorrência das formações florestais do bioma Cerrado. Na escala temporal, grandes alterações no clima e na configuração do relevo teriam causado expansões e retrações das florestas úmidas e secas da América do Sul. No Brasil, as florestas úmidas estão representadas pelas Florestas Amazônica e Atlântica. As florestas secas estão representadas por aquelas que perdem parte das folhas durante um determinado período do ano (semidecíduas) e aquelas que perdem todas as folhas durante um período determinado do ano (decíduas), localizadas na Caatinga e no Cerrado, além das Florestas de Araucária.

Períodos de Expansão e de Retração

No período Quaternário, em particular no Pleistoceno (época compreendida entre 1 milhão e 806 mil e 11 mil e 500 anos atrás, aproximadamente), houve grandes modificações do clima com longos intervalos de tempo com temperaturas baixas (as glaciações), intercalados por intervalos menores com temperaturas mais altas (os interglaciais), como a fase atual. Nos períodos interglaciais as florestas úmidas teriam se expandido, retraindo-se posteriormente nas glaciações, com indícios de retração dessas florestas especialmente no final do Pleistoceno e início do Holoceno, entre 18.000 e 12.000 anos atrás.

Remanescência

Os períodos quaternários, tipicamente secos, possibilitaram a manutenção de alguns remanescentes das florestas úmidas (retraídas nestes períodos) em locais específicos, e a expansão das florestas secas e das formações vegetais abertas (campos e savanas) por grandes extensões do continente, atingindo áreas que hoje compreendem outros biomas. As florestas semidecíduas e decíduas na América do Sul teriam alcançado a sua máxima extensão ao final da última glaciação, coincidindo com a contração das florestas úmidas. A partir de então estas florestas secas retraíram-se e as florestas úmidas passaram a se expandir, devido ao lento retorno para um clima mais úmido/quente nos últimos 12.000 anos (Holoceno). Alternativas recentes a esta teoria sugerem, em vez da simples substituição de vegetações, uma modificação das florestas úmidas por um tipo de floresta glacial mista, onde elementos de regiões montanhosas como Podocarpus, Humiria, Ilex e Rapanea, de clima frio, teriam ocupado faixas de altitudes mais baixas devido ao resfriamento do clima em cerca de cinco graus em relação à média atual.

Evidências

A atual distribuição geográfica de espécies típicas dessas florestas em diferentes biomas, ou em áreas descontínuas (disjuntas) pela América do Sul, as quais englobam o Cerrado, é a evidência dessas teorias. Resumidamente, essas têm sido consideradas as principais causas da existência das formações florestais no Cerrado. Em paralelo, na escala espacial, estas formações seriam influenciadas por variações locais pelos parâmetros hidrografia, topografia, profundidade do reservatório subterrâneo de água (lençol freático), fertilidade e profundidade dos solos, além de fatores ecológicos inerentes à flora.