01/07/96 |

Frango agora tem passaporte brasileiro

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O Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, em Concórdia, SC, lançou em 1996, ano em que completou 21 anos de pesquisa, duas tecnologias importantes: o frango de corte brasileiro, que beneficiará os avicultores com a redução do risco de introdução de doenças exóticas, e o suíno macho híbrido terminal, conhecido como "porco light", uma nova raça com alta capacidade de produção de carne.

A linhagem brasileira de frango de corte será um produto de barganha na negociação com outros países e exportável no âmbito do Mercosul e para países de condições semelhantes ao Brasil. O trabalho de seleção genética para o desenvolvimento de aves de corte e poedeiras foi iniciado em 1983.

No ano passado, a Embrapa Suínos e Aves lançou a Embrapa 011 , uma poedeira de alta produção, pois pode pôr cerca de 320 ovos no período de 20 a 80 semanas de produção, com peso médio de 59 gramas. Seu pique de postura, de 93%, persiste por nove semanas. Estas características a colocam entre as melhores poedeiras de ovos brancos do mercado.

Neste ano, o frango de corte brasileiro vai colocar o País entre os poucos produtores de matrizes de aves, reduzindo importações e melhorando a resistência à doenças dos plantéis nacionais.

Porco de qualidade na mesa

O suíno macho híbrido terminal foi desenvolvido na Embrapa Suínos e Aves para melhorar a capacidade de produção de carne dos suinocultores. No passado, a criação de suínos baseava-se na produção de carne e de gordura. Com o advento das gorduras de origem vegetal e a mudança dos hábitos alimentares da população, a suinocultura está cada vez mais voltada para a produção de carne de boa qualidade.

A nova raça utiliza genes de porcos da raça Pietrain, que têm alto rendimento de carne, e das raças Duroc e Hampshire, que têm excelente qualidade da carne. Fêmeas resultantes do cruzamento de Hampshire e Duroc, inseminadas com sêmen da raça Pietrain, deram origem a uma linha sintética de macho terminal, com genes das três raças, que será colocado à disposição dos produtores para multiplicação. Os machos dessa linha sintética deverão ser acasalados com fêmeas híbridas de alta prolificidade originadas do cruzamento de raças brancas, para produzir os suínos de abate.

A Embrapa Suínos e Aves possui resultados de pesquisas e recomendações aos criadores sobre alimentação de animais, instalações, manejo e tratamentos de parasitas e doenças, como o desenvolvimento da vacina contra a Rinite Atrófica dos suínos. Para as aves, a Unidade da Embrapa desenvolveu um kit sorológico para avaliação de programas de vacinação para vírus aviários. Trata-se de um teste laboratorial denominado "ensaio imunoenzimático", conhecido como "Elisa", que permite determinar a presença de níveis de anticorpos no soro, contribuindo para melhorar a sanidade do plantel.

Hoje existem tecnologias disponíveis para produção de 20 leitões por porca/ano, índice superior ao registrado nas criações da região Sul, maior produtora do País - 15 leitões por porca/ano. A combinação de tecnologias de melhoramento genético como o uso de fêmeas mestiças em criações comerciais, o emprego de técnicas de manejo reprodutivo e a diminuição de fatores de risco na maternidade, somadas a outras tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Suínos e Aves, têm permitido reduzir em até 30% os custos de produção de suínos para o abate. Com relação às aves, as tecnologias recomendadas pela Embrapa Suínos e Aves possibilitam a produção de aves de corte com consumo de ração abaixo de dois quilos de alimento por quilo de carne produzida.

Consumo do frango aumenta

No Brasil, o complexo agroindustrial de carnes é composto basicamente das carnes de bovinos, aves, suínos e ovinos. A cada ano, o consumo de carnes de aves e suínos vem deslocando a carne bovina, tradicionalmente a preferida. Enquanto o consumo de carne de boi tem apresentado certa estabilidade, o consumo de frango tem crescido a taxas crescentes.

Em 1970, cada brasileiro consumiu 2,3 quilos de carne de frango, 12,1 quilos de carne bovina e 8,1 quilos de carne suína. O consumo de carne de frango era cinco vezes menor que o consumo de carne bovina. Em 1993, cada brasileiro consumiu, em média, 17,3 quilos de carne de frango e, para este ano, a previsão é de que sejam 18,5 quilos per capta. Conclui-se, com isso, que em 24 anos o consumo da carne de frango cresceu 6,5 vezes.

O desempenho do setor de frango de corte tem sido excepcional, quando comparado com o dos outros tipos de carnes. Por isso, cresce a importância estratégica do novo produto da Embrapa. Para o futuro, as perspectivas são de incremento da produção, tanto para atender ao crescimento do consumo interno como das exportações. Atualmente o Brasil ocupa a terceira posição entre os exportadores de carne de frango, com cerca de 14,56% do mercado internacional, após os Estados Unidos e a França. Do total exportado, cerca de 90% tem-se originado na região Sul, sendo 53% do estado de Santa Catarina.  

Tema: Produtos Agropecuários\Pequenos Animais\Aves 

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