Aumento de produção e produtividade, além de melhoria da qualidade da lã e da carne de carneiro e ovelha. Estas são as metas de diversos projetos de pesquisa em ovinos (carneiros e ovelhas) que estão sendo desenvolvidos pelo Centro de Pesquisa Pecuária dos Campos Sul Brasileiros da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, em Bagé-RS. Cerca de 95% do rebanho ovino brasileiro, responsável pelo fornecimento de lã e carne, se situa no Rio Grande do Sul, mas nos últimos anos têm sido significativo o crescimento do plantel nos Estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, Estados que tendem a se tornar, em futuro próximo, importantes produtores.

A obtenção de ovinos com maior rendimento de carne (maior percentual de carne sobre o peso total do animal) e com menos gordura é um dos projetos em andamento na Embrapa Pecuária do Sul. A meta é chegar a uma carne com, no máximo, 3 milímetros de gordura e uma carcaça quente (carne e ossos) com rendimento de 48% (peso sobre o peso total do animal vivo). Isso pode ser obtido através da introdução de pastagens cultivadas, que dão maior volume de capim e melhor qualidade alimentícia, além da suplementação com resíduos agroindustriais. A Embrapa Pecuária do Sul vai analisar a viabilidade econômica do uso destes resíduos e suas implicações na engorda do carneiro e nas características da carne. Os experimentos estão sendo feitos com as raças Merino Australiano, Ideal, Corriedale, Romney Marsh e Texel

Serão avaliados o peso vivo total, peso e rendimento de carne, espessura da gordura, análise de proteínas, umidade e gordura da carne, além da relação osso/músculo/gordura da perna.

Essas novas tecnologias permitirão um significativo incremento do rebanho e da oferta de carne ovina, o que poderá levar ao aumento do ainda pequeno consumo dessa carne, que é de 700 gramas per capita/ano no Brasil e de 2,9 kg no Rio Grande do Sul.

Outra pesquisa da Embrapa Pecuária do Sul, que ajudará a aumentar a oferta de carne ovina, é a antecipação do cruzamento das fêmeas para 11 ou 12 meses de idade, com peso semelhante ao dos animais adultos, além da obtenção de taxas médias de desmame de .70%, em qualquer época do ano, o que pode ser alcançado por intermédio de sincronização e indução de cios. Essa melhor eficiência reprodutiva, aliada a um bom manejo alimentar, permitirá chegar a um peso de cordeiros, na época do desmame (65 a 80 dias), superior a 20 kg, nas raças Corriedale e nas cruzas de Corriedale com Texel.

Produção e qualidade da lã

Mas não é somente com a carne que a Embrapa Pecuária do Sul está preocupada. Também a lã está sendo estudada e melhorada, dada a grande importância econômica desse produto no Sul do Brasil, tanto no mercado interno como para a exportação.

Entre os projetos em andamento, destacam-se um estudo sobre a ovelha Crioula, raça dos pampas platinos, além de um trabalho, também em desenvolvimento, visando a melhoria da qualidade da lã. A lã gaúcha ainda é inferior ao produto uruguaio e argentino, com grande prejuízo para os pecuaristas, ficando isso evidenciado, entre outros fatos, com a coloração amarela dos velos.

Na busca da qualidade da lã, serão avaliados os diferentes tipos de esquila (corte anual da lã de ovelhas e carneiros) e suas influências sobre a qualidade do produto final. Também será analisada a relação da idade e da eficiência reprodutiva das ovelhas sobre a qualidade da lã.

Peles melhores

Os criadores do Sul do País enfrentam outro tipo de prejuízo, também conseqüente da má qualidade do produto. Trata-se das peles de ovinos, classificadas, em boa parte como de segunda ou de terceira , com grande deságio de preços. As peles de primeira estão cotadas em 1,26 dólar, caindo as de segunda para 0,94 dólar e as de terceira atingindo 0,35 dólar.

A pesquisa da Embrapa Pecuária do Sul tem como meta diminuir as ocorrências de peles de segunda e de terceira. Serão identificados os defeitos que ocorrem nas peles - frescas e secas - através de informações dos frigoríficos e das cooperativas filiadas à Federação das Cooperativas de Lã do Rio Grande do Sul-Fecolã. Será ainda analisada a qualidade das peles segundo as raças (Merino, Ideal, Corriedale, Romney Marsh e Texel), além da identificação das necessidades da indústria processadora de pele lanada.