O Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria-INTA, da Argentina - um dos parceiros da Embrapa no Mercosul - está passando por diversas mudanças e readequações, segundo informou o seu vice-presidente, engenheiro agrônomo Nestor Auza, que esteve recentemente na sede da Embrapa.

O INTA, além de estar se voltando para a questão ambiental e para a agricultura sustentável, visando uma agricultura o mais orgânica possível, está agora fazendo o planejamento por regiões, considerando os ecossistemas. O quadro de pesquisadores também está sendo flexibilizado e os convênios com empresas privadas estão aumentando, o que possibilita contratação de pessoal novo, segundo disse Nestor Auza.

Como se vê, existem essas e outras semelhanças com a Embrapa, além dos convênios e trabalhos conjuntos, cada vez mais frequentes e intensos. Mas há também uma grande diferença entre o INTA argentino e a Embrapa brasileira: o INTA tem, além dos recursos orçamentários do Governo, recursos garantidos e destinados exclusivamente ao Instituto, provenientes do imposto de importação, no valor de 1,3%, sobre todas as mercadorias importadas pelo país. Estão isentos desse imposto apenas os produtos comprados nos países do Mercosul (Brasil, Uruguay e Paraguai). Esse "dinheiro carimbado" - alheio às crises financeiras do Estado - é responsável por cerca de 60% do orçamento do INTA, cujo total gira em torno de 130 milhões de dólares por ano. O INTA tem 6.200 funcionários, dos quais quase 2.200 pesquisadores, trabalhando em 46 centros de pesquisa espalhados pela nação.

Prioridades

As atuais prioridades do INTA, segundo Nestor Auza, estão voltadas para produtos com demanda no mercado externo, principalmente o trigo, visando a melhoria da qualidade do glúten. Outras culturas importantes são as oleaginosas (a Argentina é a maior exportadora mundial de óleo de girassol e de óleo de soja), como soja, girassol e milho. A lã e as frutas - onde o país também se destaca entre os grandes exportadores - estão no programa, com destaque para maçã, pera e uva. O algodão - cultivado ao norte do país, na Provincia de Chaco - está sendo pesquisado para procura de cultivares resistentes a doenças.

Na questão ambiental, os esforços do INTA tem se direcionado ao controle biológico e à pesquisa nas chamadas carnes orgânicas, ou seja, carne bovina (de boi) e ovina (de carneiro e ovelha) originárias de animais que não receberam tratamento químico de anti-parasitas.

Os pesquisadores, os produtores e a opinião pública argentina estão muito preocupados com o crescimento dos desertos no extremo Sul do país - principalmente na Provincia de Chubut (na Patagônia) - provocado pelo manejo incorreto e pelo excesso de número de ovelhas nos pastos da região. Nestor Auza diz que a situação é grave, seja do ponto de vista ambiental ou produtivo, pois existem centenas de fazendas e sítios fechados e vazios, sem qualquer condição de produzir, transformados em areia. "O investimento será alto e levaremos décadas para recuperar essas áreas degradadas", lamenta o vice-presidente do INTA.

Quanto à colaboração com a Embrapa, dentro dos trabalhos conjuntos no Mercosul, Auza propõe, além do incremento do atual intercâmbio, promover maior integração na capacitação de pessoal e evitar paralelismos de pesquisas nos diferentes órgãos científicos dos quatro países.

Gestão

O INTA é dirigido por um presidente e um vice-presidente, nomeados pelo Presidente da República, além de um Conselho Diretor, de sete membros, constituído por um representante do Governo (por meio da Secretaria de Agricultura y Pesca, subordinada ao Ministerio de Economia), por um representante das faculdades de Ciências Agrárias e de Veterinária, além de cinco representantes de entidades dos produtores, indicados pela Sociedad Rural Argentina, Federacion Agraria (dos pequenos agricultores), Asociacion Argentina de Corporaciones Rurales, Coninagro (cooperativas de leite) e Corporaciones Rurales Agropecuarias.