01/04/97 |

Parreirais do Nordeste poderão ficar livres de vírus

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As uvas produzidas em condições irrigadas no Vale do São Francisco são consideradas as mais doces do país. O clima, solo e água da região permitem que a produção seja feita durante todo o ano - uma vantagem que outros países produtores não têm. Estes fatores competitivos têm estimulado o desenvolvimento da cultura - a ponto de Pernambuco passar da sexta para a quinta posição no ranking nacional. As mudas de uvas isentas de vírus, produzidas no Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Semi-Árido, asseguram melhor desempenho da cultura nos mercados nacional e internacional da fruta.

A produtividade média na região é estimada em 13,81 t/ha/ano. A perda de produtividade, em grande parte consequência de plantas infectadas por vírus, é estimada entre 8 e 12 t/ha/ano. O efeito da ação de alguns vírus em videiras se assemelha a uma bomba de efeito retardado: ao longo do tempo vai esvaindo a capacidade de produção da planta e piorando a qualidade dos frutos, o que é nefasto para competir no mercado. Por outro lado, há vírus que se mostram mais arrasadores: nas plantas que infectam, impedem a circulação da seiva matando-as em curto espaço de tempo. Os prejuízos comerciais são consideráveis.

Pomar sadio

O pesquisador Natoniel Franklin de Melo, Responsável pelo Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Semi-Árido, afirma que o potencial vitícola do Vale do São Francisco só se efetiva com a instalação de pomares sadios. Sem eles, a manutenção da performance de exportador de grande parte da sua produção de uva para a Europa, América do Norte e Mercosul fica comprometida. Atualmente, o Laboratório já vem produzindo matrizes livres de vírus dos porta-enxertos de uva IAC-572, Harmony e IAC-766, além das variedades de copa Itália, Piratininga e Ruby. É um trabalho feito em conjunto com a Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves (RS), e a unidade de Petrolina (PE) do Serviço de Produção de Semente Básica. A Codevasf é parceira.

No Vale do São Francisco pode-se planejar a produção de uva para o ano todo. Em importantes países produtores como a África do Sul e Chile, isso só é possível de janeiro a maio. Na Europa e Estados Unidos, só de junho a outubro. A possibilidade de produzir nos períodos de entresafra, quando os preços de mercado se elevam, estimula a expansão de novas áreas de plantios. Infelizmente, como diz Natoniel, dada a necessidade de material vegetativo, introduções são feitas indiscriminadamente de fontes diversas sem qualquer garantia de sanidade e, muitas vezes, sem identidade varietal comprovada.

Preocupação séria

As viroses são disseminadas nos vinhedos por meio do material infectado (estacas, gemas, mudas) e pela enxertia. Sua irrupção acarreta o definhamento da planta e queda da produção. Neste caso, só existem duas opções: eliminar a planta infectada; ou prevenir através da utilização de material sadio, livre de vírus. No Vale do São Francisco, estudos da Embrapa e Codevasf identificaram seis viroses distintas conhecidas como: enrolamento das folhas, entrenós curtos, mosaico amarelo, faixas nas nervuras, entumescimento dos ramos e caneluras nos troncos. Essas viroses, por não apresentarem sintomas evidentes em muitas variedades de copa e cavalo dificultam, não só a diagnose, como também e, principalmente, o seu controle, pois plantas infectadas são inadvertidamente multiplicadas pelos viticultores, disseminando o vírus para novas plantas.

O pesquisador húngaro, Miklos Fári, considera que a situação tende a se agravar se não for viabilizado aos produtores material vegetativo sadio e de fácil aquisição. A procura pelas mudas tem crescido com rapidez. Em 1996, segundo o pesquisador Elisaldo Pires, da Embrapa Sementes Básicas, foram comercializadas 219.779 gemas de mudas porta-enxertos. Neste ano, 253.999 foram adquiridas pelos produtores. A qualidade do material já gerou uma encomenda de 30 mil mudas de produtores do Equador. A limpeza e multiplicação de materiais cultivados no Vale do São Francisco torna-o mais competitivo no que diz respeito à qualidade de mudas plantadas nos novos parreirais instalados. A região ainda conta com a vantagem de colher duas safras e meia por ano enquanto, no resto do país colhe-se uma vez apenas. No Laboratório de Biotecnologia está em fase de pesquisa e produção, por clonagem "in vitro" uvas das variedades Benitaka, Red Globe e uvas sem sementes como Perlete, Maroo Seedless e Vênus.

A baixa produtividade dos parreirais no Vale do São Francisco (média de 13,81 t/ha/ano), atualmente, decorre de boa parte estar infectado por viroses. Segundo Elisaldo, um parreiral bem instalado pode chegar a produzir 40 t/ha/ano.

Mais informações: Marcelino Ribeiro Área de Comunicação Social Embrapa Semi-Árido Fone/Fax: (081) 862 1711  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

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